segunda-feira, fevereiro 27, 2006

FILME: Capote


Capote (idem, 2005, de Bennett Miller) - ***

A obra-prima do escritor Truman Capote é A Sangue Frio. O livro, misturando jornalismo e literatura, fala de um crime. O assassinato de uma família – pai, mãe, dois filhos – numa cidade pequena em 1959. Nos seis anos seguintes Capote escreveu sobre a investigação, prisão e execução dos dois assassinos. Essa trajetória é mostrada (com buracos infelizes) neste filme, que discute problemas morais da criação artística.

A arte não inventou a violência, explica a seqüência de abertura (descoberta das vítimas). Depois do horror entram em cena a arte e o artista. Capote (Philip Seymour Hoffman), ao saber da atrocidade, viaja para a cidadezinha. Os habitantes locais estranham sua presença porque Capote é gay assumido, efeminado e intelectual pedante. Enfim, um alienígena no interior americano. Infelizmente esse choque cultural é brevemente explorado pelo diretor Bennett Miller. Lamentável, pois rende ótimos momentos devido a Hoffman.

Sobre este ator não basta um adjetivo. É preciso recorrer a Godard, que definiu seu Acossado (1960) como documentário sobre Jean-Paul Belmondo. Igualmente Capote é documentário sobre Hoffman. Sua interpretação – cada sutileza dela – é registrada pela câmera de Miller. O cineasta concentra-se no corpo e no rosto de Hoffman. O ator mostra cena a cena a transformação emocional de Capote ao escrever A Sangue Frio.

O livro precisa de depoimentos - conseguidos com mentiras e subornos. Capote até faz amizade com um dos assassinos, para abandoná-lo mais tarde conforme necessidades do livro. A obra é terminada ao custo da integridade do autor. Porém, Capote é humano, sendo destruído pela culpa. Essa troca valeu a pena? Isso o espectador decide. Contudo, ver essa tragédia vivida por Philip Seymour Hoffman é algo especial. ___________________________________________________________

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sexta-feira, fevereiro 24, 2006

FILMES: Jonnhy & June / Syriana - A Indústria do Petróleo


Jonnhy & June (Walk the Line, 2005, de James Mangold) - *

Apesar do título, Jonnhy & June focaliza exclusivamente a vida do genial cantor Jonnhy Cash. No filme, Cash é mostrado como perdedor que fez sucesso cantando sua vida vira-lata. Mas esta cinebiografia – ao contrário de Ray (2004) – ensina pouco sobre quem foi o músico. O diretor James Mangold dá mais importância ao amor entre Cash e June (Joaquin Phoenix e Reese Witherspoon). Uma opção polêmica, radical até. Por isso respeitável. Há cenas bonitas quando o casal entreolha-se – você vê que estão apaixonados. Infelizmente Mangold trai sua proposta várias vezes. A história de amor briga com a estrutura do filme, feita de episódios biográficos burocraticamente filmados. Pelo menos os maravilhosos Phoenix e Witherspoon criam belos momentos como Jonnhy & June.


Syriana – A Indústria do Petróleo (Syriana, 2005, de Stephen Gaghan) - *

Num formato pseudo-documental (câmera na mão, jump-cuts), Syriana aborda o elo entre Ocidente e Oriente Médio. Este elo chama-se petróleo. Cada envolvido na indústria de exploração do petróleo aparece no filme. São políticos, executivos, advogados, espiões, operários, etc. Com tantos personagens é difícil entender a história de cada um. Quando algum deles cresce na trama o diretor Stephen Gaghan pula para outro personagem. Eventualmente surgem momentos fortes – que não são desenvolvidos, perdendo o interesse.

O problema de Syriana é falhar como "filme denúncia" (dos interesses americanos e árabes). Num filme assim, clareza deveria ser qualidade fundamental. Se não, perde-se a denúncia. Claro, há exceções. É até nobre uma obra ser confusa para expressar o caótico mundo dos negócios. Veja o ótimo Demonlover (2002) de Olivier Assayas como exemplo. Porém, a confusão de Syriana não é atraente nem levanta perguntas sobre o assunto que trata. Neste quebra-cabeças faltou a peça principal: cinema. ___________________________________________________________

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quarta-feira, fevereiro 22, 2006

FILME: Ponto Final - Match Point


Ponto Final – Match Point (Match Point, 2005, de Woddy Allen) - ***

Crítica no Plano a Plano. Ponto Final não é obra-prima. Mas da safra do Oscar é um dos melhores. Se bem que prefiro Munique e O Segredo de Brokeback Mountain (cuja crítica estou devendo).

Para ler minha crítica sobre Ponto Final clique aqui. ___________________________________________________________

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segunda-feira, fevereiro 20, 2006

KEIRA KNIGHTLEY


Subitamente a sorte sorriu para esta artista. Desde Piratas do Caribe (2003), Keira Knightley ganha fama a cada papel. Atualmente está indicada ao Oscar de melhor atriz por Orgulho & Preconceito (2005). Mas, antes da glória, Keira permaneceu anos anônima. Ainda bem que começou cedo. Ela queria ser atriz desde que aprendeu a falar. Nasceu em 1985, Londres, filha dos atores Will Knightley e Sharman Macdonald. Os pais tentaram afastá-la da profissão arriscada. Sua persistência venceu e aos nove anos começou a participar de telefilmes. De qualquer maneira a discussão familiar foi inútil, porque Keira provavelmente teria dificuldade em outras áreas. Ela sofre de dislexia, mal que dificulta ler e escrever. Tinha dificuldade nos estudos, mas só abandonou a escola aos 16, já estabelecida como atriz.

Porém, o caminho foi árido até chegar nesse estágio, com papéis insignificantes. Isso mudou em 1999, com Star Wars – Episódio I. Keira, graças à semelhança com Natalie Portman, conseguiu ser Sabe, sósia da Rainha Amidala (Portman). A partir daí surgiram oportunidades. Sua presença era notada até em filmes medíocres como O Buraco (2001). Foi jogadora de futebol no simpático sucesso Driblando O Destino (2002). Participou de Simplesmente Amor (2003), de Richard Curtis. Atuou em duas produções do nefasto Jerry Bruckheimer: Piratas do Caribe e Rei Arthur (2004). Sua recente indicação ao Oscar apenas recompensa o talento (por enquanto) desperdiçado. Logo estréia no Brasil Camisa de Força (2005), atuando com Adrian Brody.

Recentemente posou nua ao lado de Scarlett Johansson, para Vanity Fair. O ensaio mostrou que Keira, apesar de linda, tem físico comum. Então, além da competência como atriz, o que explica seu sucesso? Talvez o carisma – causado pelo olhar confiante e sorriso desconcertante. Keira Knightley é uma estrela de brilho crescente.

Filmografia vista

Orgulho & Preconceito (Pride & Prejudice, 2005, de Joe Wright) - **
Rei Arthur (King Arthur, 2004, de Antoine Fuqua) - 0
Piratas do Caribe (Pirates of the Caribbean, 2003, de Gore Verbinski) - *
Simplesmente Amor (Love Actually, 2003, de Richard Curtis) - *
Puro (Pure, 2002, de Gillies MacKinnon) - 0
Star Wars – Episódio I (idem, 1999, de George Lucas) - ** ___________________________________________________________

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sábado, fevereiro 18, 2006

ROLLING STONES


Este é meu plano para hoje à noite. Assistir Rolling Stones na TV às 22hs na Globo, acompanhado de pipoca e coca-cola. Ei, melhor que nada!

OBS: A Musa da Semana está MUITO atrasada. Devo postar amanhã. Um biscoito pra quem adivinhar quem é. ___________________________________________________________

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sexta-feira, fevereiro 17, 2006

DIÁRIO


Ontem tomei café da manhã com meu pai, que parecia abatido. Ultimamente ele tem dor de cabeça, insônia, stress, etc. Problemas comuns na idade dele (passou dos 50), que tiram seu ânimo. A TV estava ligada quando vimos reportagem sobre Rolling Stones. A matéria enfatizava que Mick Jagger ainda está na ativa apesar de sexagenário.

Tive uma idéia para animar meu pai. Falei algo como: - Pai, olha o Mick Jagger. Ao contrário de você, ele nunca teve vida comportada. Sempre abusou de prazeres que você recusou como bebida, drogas e mulheres. O cara não trabalha sentado, num escritório. Ele fica cantando, pulando e gritando num palco. Pô, o sujeito é mais velho que você. Aposto que é feliz e saudável, apesar de gastar energia nessas loucuras. Você, com sua vidinha serena, deveria ter um entusiasmo ainda maior.

Apesar dessas palavras encorajadoras, meu pai ficou mais desanimado. Saiu para trabalhar cabisbaixo e resmungando. Não entendi. A gente tenta ajudar alguém... ___________________________________________________________

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FILME: Orgulho e Preconceito


Orgulho e Preconceito (Pride & Prejudice, 2005, de Joe Wright) - **

Uma grande história só precisa de um argumento como "menino gosta de menina". Por exemplo, a moça – Lizzie – ama Darcy e vice-versa. Adicione dificuldades ao casal como divisão de classes sociais da Inglaterra, século 19. Darcy disfarça seus sentimentos de Lizzie por ser de classe mais alta que ela. O amor vencerá o preconceito? Eis o clássico literário Orgulho e Preconceito de Jane Austen. Contudo, no cinema é preciso contar essa trama em imagens, não palavras. Isso é freqüentemente esquecido por diretores de "filmes de época". Fazem cinema pobre, limitado à equação "livro clássico + figurino bonito = filme chato". Felizmente o estreante Joe Wright escapa dessa armadilha neste Orgulho e Preconceito. O filme é dinâmico e divertido.

Entretanto, sua maior qualidade é nunca transformar o elenco em acessório de luxo como nos "filmes de época" comuns. Ao contrário, a mise-en-scène complementa os atores. Em todas as cenas a câmera procura aquele gesto especial de cada ator. Veja como Wright constrói o amor entre Lizzie (Keira Knightley, excelente) e Darcy (Matthew Macfadyen). Ele filma os olhares e corpos, como na linda dança no salão. A maneira como enquadra Darcy é um caso aparte. Desde que entra em cena sua paixão e preconceito por Lizzie são visíveis – diálogos são desnecessários. Por fim, há os planos-seqüência em cenas com muitos personagens (como festas). A câmera passeia destacando cada ator, mesmo extras e figurantes. Todos parecem personagens interessantes aos olhos de Wright, que contaria a história de cada um se pudesse. Coisas assim tornam Orgulho e Preconceito agradável e tocante. ___________________________________________________________

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quarta-feira, fevereiro 15, 2006

FILME: Boa Noite e Boa Sorte


Boa Noite e Boa Sorte (Good Night, and Good Luck, 2005, de George Clooney) - **

O Plano a Plano voltou a funcionar oficialmente. Boa Noite e Boa Sorte é a primeira crítica no ar desde novembro. Engraçado, gostei menos do filme dessa vez (antes vi na Mostra ano passado). Mas ainda é um bom filme, que lida com temas espinhosos (política, liberdade de expressão). Será George Clooney o próximo Clint Eastwood?

Leia a crítica aqui. ___________________________________________________________

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CURIOSIDADE


É impressão minha ou Crise de Identidade 6 tem o melhor final-surpresa dos últimos tempos? E a mini-série só conclui daqui a 30 dias... ___________________________________________________________

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terça-feira, fevereiro 14, 2006

QUADRINHOS: Camelot 3000


Camelot 3000 (idem, 1982, de Mike W. Barr e Brian Bolland) - ***

Camelot 3000 (roteiro de Mike Barr, arte do mago Brian Bolland) é um épico. Começa com uma lenda: Rei Arthur ressuscitará quando a Inglaterra mais precisar. Bem, no ano 3000 alienígenas invadiram o planeta e a Inglaterra... Arthur retorna acompanhado por Merlin, Excalibur e cavaleiros da Távola Redonda. Os últimos, reencarnados como pessoas "comuns" de 3000.

Esta combinação de Fantasia/FC em 12 edições foi um marco nas HQs em 1982. Ajudou a estabelecer o conceito de "quadrinhos adultos". Dois anos depois a Editora Abril publicou a saga em formatinho. Pior, censurou trechos – como uma cena de sexo lésbico. Houve relançamentos sem cortes, mas a edição recente da Mythos Editora é a melhor. O volume contém os 12 capítulos em formato americano. Capa, cores e papel estão acima da média brasileira. Porém, o preço de R$ 59,90 não se justifica. Pelo mesmo custo, Sandman da Conrad Editora tem qualidade infinitamente superior!

Melhor que reclamar dos preços é analisar o trabalho artístico. Barr adaptou cada elemento do mito, incluindo o triângulo amoroso Arthur/Guinevere/Lancelot. Mesmo suas licenças poéticas geraram tipos inesquecíveis como Sir Tristão. O cavaleiro, reencarnado como mulher (bonita), tem nojo do próprio corpo! Essa figura com dúvidas sexuais foi pioneira nas HQs de aventura. Personagens assim ganham vida nos desenhos de Bolland. Você vê na página emoções como paixão, coragem e lealdade. Para Bolland e Barr, tais valores são mais que lendas antigas. Importam ontem, hoje e no ano 3000. ___________________________________________________________

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segunda-feira, fevereiro 13, 2006

LIVRO: Drácula

Drácula (idem, 1897, de Bram Stoker, tradução de Vera M. Renoldi) – ***

Drácula, escrito por Bram Stoker em 1897, foi eternizado no cinema. Talvez porque a sétima arte mostra o que Stoker apenas descreve. A primeira adaptação cinematográfica foi dirigida por F. W. Murnau – Nosferatu (1922). Francis Ford Coppola dirigiu a última em 1992, fiel à obra inclusive nas ambigüidades sexuais. O maior acréscimo do cineasta foi a paixão entre Mina Murray e Drácula – inexistente no texto original.

Aliás, o livro me espantou com sua narrativa de múltiplos pontos de vista. São cartas, telegramas e diários – redigidos por personagens diferentes. Cada evento ganha diversas versões. Até Drácula muda aparência e personalidade em cada relato. Como todo monstro, representa medos e desejos inconscientes. Ele simboliza o que a Inglaterra (vitoriana, protestante, industrial) rejeita. Ou seja: sexo, catolicismo e superstição.

Mas – para Mina – o que significa Drácula? Uma (morte) vida fora de igreja e sociedade. Portanto uma ameaça ao seu casamento com Jonathan Harker. É comovente a luta dela para rejeitar o vampiro e preservar seus valores. Mina é o melhor personagem do romance. Por isso fico revoltado quando Harker ou Van Helsing ganham destaque em cinema e HQs. Culpa do machismo, há séculos chupando o sangue feminino. ___________________________________________________________

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domingo, fevereiro 12, 2006

REFLEXÃO

Percebi que não sei dar estrelinhas. Classifiquei filmes demais como três estrelas (= muito bom). Alguns deles mereciam duas estrelas (= bons). Felizmente é melhor errar para mais que para menos. Afinal, cinema não é matemática. Nada calcula o valor de um filme. Ou melhor, há algo que calcula – o texto. Palavras bem empregadas importam mais que estrelinhas. Mesmo assim, agora serei inflexível. Quem sabe uma cotação rigorosa me orienta a escrever uma crítica rigorosa. Talvez estrelas tenham a mesma função para críticos e marinheiros. Ajudam ambos a navegar melhor. ___________________________________________________________

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quinta-feira, fevereiro 09, 2006

KRISTEN BELL


O potencial de Kristen Bell ainda não foi aproveitado no cinema. Mesmo na TV, ela só recebeu destaque recentemente, protagonizando Veronica Mars. Nascida em 1980, Kristen não construiu uma carreira notável como Natalie Portman (nascida em 1981). Uma pena, pois seu talento era evidente desde pequena. Ou não. Aos 12 anos tinha medo do palco quando estrelava peças infantis em Detroit, Michigan. Entretanto, encorajada pela mãe, seguiu em frente como atriz. Formou-se na escola dramática da New York University em 2002. Em Nova York atuou em algumas peças de sucesso, geralmente off-Broadway.

Eventualmente Kristen quis arriscar a sorte em Hollywood. Mudou-se para Los Angeles, onde conseguiu papéis mínimos em filmes medíocres. Porém, aos poucos foi se impondo. Em 2003, participou de um episódio de Everwood e outro de The Shield. No ano seguinte a sorte melhorou. Conquistou elogios fazendo uma jovem que cuida dos quatro irmãos no telefilme Gracie’s Choice. Atuou em dois episódios de Deadwood, faroeste da HBO. Sua personagem seduzia a dona de um bordel de luxo – com terríveis conseqüências.

Mais importante, Kristen impressionou o diretor David Mamet no primeiro teste para Spartan. Ganhou o papel – pequeno, mas decisivo. Interpretou a filha raptada do Presidente dos EUA. Numa cena divertida ela seduz, sem sucesso, um sisudo mercenário (Val Kilmer). Em entrevistas, Mamet revelou que Kristen o surpreendeu pela facilidade com que entrou na personagem. De fato, ela desaparece nos papéis. É uma qualidade respeitável, mas comercialmente perigosa. Afinal, quem se destaca é a personagem, não a atriz. A artista corre o risco ser ignorada.

Felizmente Rob Thomas, criador de seriados, percebeu sua competência em Deadwood e Spartan. Assim Kristen passou a estrelar Veronica Mars ainda em 2004. Na série ela é uma adolescente que trabalha como detetive. Dividida entre problemas familiares e escolares, sua Veronica resolve crimes violentos. É um papel complexo, exigindo drama e humor. A atriz convence mesmo sendo sete anos mais velha que a personagem. Certamente a estatura (1,55 m.) ajuda, mas seu talento é inegável.

Apesar de Veronica Mars ter audiência pequena, Kristen ganhou fãs e reconhecimento. Atualmente a série está na segunda temporada e há rumores de uma terceira. Quanto ao cinema, 2006 pode ser o ano dela. É protagonista em Pulse, refilmagem americana de terror japonês. Também aparecerá em Fanboys, história de quatro amigos que querem honrar o desejo de um colega no leito de morte. A vontade dele é assistir, em 1999, "Star Wars: Episódio I" no rancho Skywalker, antes do planeta inteiro.

Talvez com esses filmes Kristen conquiste uma visibilidade maior. A atriz merece mostrar sua beleza e potencial na tela grande. Caso contrário, a carreira na televisão deve crescer. Será um lembrete que a TV americana atualmente é mais interessante que o cinema. Seja como for, o sorriso de Kristen Bell é sempre radiante – na telinha e na telona.

Filmografia vista

Veronica Mars – primeira temporada (idem, 2004, de Rob Thomas) - ***
Spartan (idem, 2004, de David Mamet) - **
Deadwood – primeira temporada (idem, 2004, de David Milch) - ***
The Shield – segunda temporada (idem, 2003, de Shawn Ryan) - ** ___________________________________________________________

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terça-feira, fevereiro 07, 2006

DIÁRIO

Acordei espirrando muito. É minha crise alérgica, que ataca ocasionalmente. Quando ocorre é forte. Minha cara fica vermelha, fungo e espirro constantemente. Como espuma de barbear piora a crise fiquei mais um dia sem fazer a barba. Mas esqueci da decoradora que vinha em casa à tarde. Ela olharia meu quarto para ajudar na reforma que planejei. Quando a decoradora chegou descobri que era uma gata.

Uma mulher linda no meu quarto enquanto eu estava com barba nojenta e lenços de papel na mão. Típico. ___________________________________________________________

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TELEVISÃO: Veronica Mars estréia hoje


A detetive mais durona da TV.

Agora não estou louco. Hoje serão exibidos os dois primeiros episódios da segunda temporada de Veronica Mars. Na verdade o primeiro foi visto semana passada, junto com a reprise do fim da primeira temporada. Vale a pena conhecer a série dessa garota de nome único.

Veronica Mars, Mars, Marte – deus da guerra. A garota é uma guerreira e há um subtexto lésbico nela. Isso inclui a relação com a melhor amiga – que foi assassinada. Inteligente, Veronica investiga sua morte durante a primeira temporada. Ela herdou o talento como investigadora do pai, detetive particular fracassado. Também recebeu dele a personalidade, ora doce ora forte. Da mãe ela tem apenas a habilidade para mentir. Sua escola (universo adolescente) é retratada com realismo e abundância de detalhes. Alunos ricos e pobres estão separados por um muro que Veronica sabe pular para qualquer lado.

Resolvendo casos toda semana, Veronica (grande papel de Kristen Bell) enfrenta a crueldade dos adultos e dos adolescentes. Chantagem, drogas, roubo, seqüestro e assassinato. Ela até descobriu que no passado foi estuprada por colegas de escola. Não lembrava de nada porque tinha sido drogada. O último episódio foi movimentado. Ela encontrou o assassino da amiga, mas ficou nas mãos dele. O pai quase morreu queimado salvando sua vida. E – na minha cena favorita – Veronica expulsa a mãe de casa por roubar o dinheiro da faculdade.

O que a segunda temporada reserva para Veronica Mars? Mais problemas familiares, sentimentais e outro intrincado mistério.

Veronica Mars: terça-feira, às 17h00 (reprise da semana passada) e às 18h00 (episódio inédito) na TNT. ___________________________________________________________

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segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Realmente perdido...

Finalmente seu blogueiro favorito enlouqueceu. Só isso explica minha convicção de que a nova temporada de LOST começava hoje. Lamento o engano. Culpem o stress das últimas semanas.

Na verdade a segunda temporada de LOST estréia 6 de março, às 21h00, no AXN. Atenção: episódio de duas horas de duração. Nesse dia eu republico o texto que postei hoje. ___________________________________________________________

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CURIOSIDADE

Descobri que Gong Li (2046 e Memórias de Uma Gueixa) está na adaptação de Miami Vice, dirigida por Michael Mann. No filme, essa chinesa maravilhosa interpreta uma cubana.

Michael Mann é o cara. ___________________________________________________________

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sexta-feira, fevereiro 03, 2006

AVISO

Durante o fim de semana participarei do Concurso Público de Técnico da Receita Federal. Portanto, não haverá atualização neste período. Voltarei na segunda-feira ou (mais provável) terça-feira. ___________________________________________________________

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REFLEXÃO

Vi várias vezes o trailer de Ponto Final (Match Point). Numa dessas vezes (no Reserva Cultural) aconteceu algo curioso. Quem viu o trailer sabe como a trama é apresentada. Pobretão, casado com milionária, tem caso com uma puta (Scarlett Johansson). Emoções fortes na tela: luxúria, ciúme, obsessão e crime.

Antes do trailer acabar, um espectador disse: – Que porcaria! – Aí o trailer terminou com a frase "from director Woody Allen". – Ah, mas é Woody Allen. ___________________________________________________________

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quinta-feira, fevereiro 02, 2006

FILME: Munique


Munique (Munich, 2005, de Steven Spielberg) - ***

Durante as Olimpíadas de 1972 na Alemanha, terroristas palestinos mantiveram 11 reféns israelenses. Devido a descuido da polícia os reféns foram mortos. No filme acompanhamos Avner (Eric Bana), agente do Mossad. Ele lidera um grupo encarregado de matar supostos envolvidos no atentado de Munique. Essa caçada é filmada de seu ponto de vista, tornando o espectador cúmplice de suas dúvidas. A paranóia de Avner (e do público) é palpável. Todos são suspeitos: o Mossad, a CIA, os franceses e os palestinos. Toda esse gente lucra com o sucesso ou fracasso da missão. Depende apenas de quais são seus reais interesses.

Esse lado contestador (vindo de Spielberg!) é uma das qualidades de Munique. Trata-se de um thriller político sóbrio e imparcial. Deixa claro que judeus e palestinos tem suas razões e burrices. Porém, faz falta algum palestino relevante na trama. Seja como for, Spielberg tem razão quando define o filme como "uma oração pela paz". Ainda bem que Munique vai além disso. Também retrata o dilema da luta anti-terrorista. Para cada alvo abatido por Avner novos atentados árabes acontecem – vistos na TV pelos personagens. Esse violento ciclo de ação-reação soa fútil, pois interminável.

Entretanto, Munique tem problemas. A narrativa emperra em partes, enquanto os flash-backs dos reféns mortos estão deslocados. Mas Spielberg compensa criando suspense – e o subvertendo para seus fins. Por exemplo, os assassinatos executados por Avner são filmados como atentados terroristas. Assim questionamos a legitimidade dessa vingança política. Também é notável como as cenas de ação negam a violência prazerosa do cinemão. Parece até Marcas da Violência (2005) de Cronenberg. Destaco a cena da assassina holandesa, de violência cruel com humanização sutil (o gato).

Spielberg ainda ressalta os inocentes sempre que possível. O filme parece dedicado a eles. Estes são vistos correndo riscos, sendo mutilados e mortos no fogo cruzado da equipe de Avner. Então nada mais lógico que no plano final de Munique apareçam as torres gêmeas de Nova York. Recriadas digitalmente, são um símbolo discreto (e americano) sobre quem paga o preço da intolerância.
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NATALIE PORTMAN


Natalie Portman é seu nome artístico. O nome verdadeiro ela mantém em segredo para poupar a família de aborrecimentos. Há outros segredos por trás deste belo rosto. Poucos sabem o quanto Natalie é inteligente. Ela fala fluentemente inglês, hebraico, francês, alemão, japonês e espanhol. Ademais, tem vida acadêmica que considera tão importante quanto atuar. Foi aceita em Harvard, onde formou-se com louvor em psicologia.

Tanto talento nasceu em 1981, na cidade de Jerusalém, Israel. É filha única de (ironicamente) um médico especializado em fertilidade. A mãe é dona de casa. Mudou-se para os EUA em 1984, mas seus pais só fixaram residência definitiva em Nova York, 1990. Com isso ela cresceu sem amigos e apegada a família. E foi em Nova York que Natalie atraiu atenção do mundo da moda. Entretanto, recusou convites para ser modelo. Aos 11 anos preferia ser atriz. Pediu para os pais arranjarem testes para cinema e teatro.

E assim Natalie conseguiu seu primeiro filme: O Profissional (1994) de Luc Besson. Ela deu muita credibilidade ao papel da filha adotiva de um assassino profissional (Jean Reno). Seu talento nato chamou atenção da mídia. Trabalhou em papéis pequenos com vários diretores consagrados. Incluindo Fogo Contra Fogo (1995) de Michael Mann, Todos Dizem Eu Te Amo (1996) de Woody Allen e Marte Ataca! (1996) de Tim Burton.

Desde o começo buscou interpretar personagens inteligentes e determinadas – reflexos de sua personalidade. Recusou diversos papéis, incluindo a refilmagem de um de seus filmes e livros preferidos: Lolita (1997), de Adrian Lyne. Na época alegou não estar pronta para cenas de sexo. De fato, ela evitou personagens sensuais durante muito tempo. Algumas fontes afirmam que Natalie recusa cenas de sexo para não constranger os pais. Apesar dessa restrição, sua beleza e carisma conquistaram fãs.

Mas ela só atingiu o estrelato graças a George Lucas e a nova trilogia Star Wars. Interpretou a Rainha Amidala, esposa de Darth Vader, nos episódios I (1999), II (2002) e III (2005). Tornou-se mundialmente conhecida, mas sua atuação foi mal recebida. É preciso entender que Lucas sempre propôs um cinema inocente, incluindo as atuações. Apesar do imenso sucesso da trilogia, Natalie atualmente foge das superproduções. Inclusive, em entrevistas recentes, mostrou-se cansada da fama de menina comportada.

Talvez isso explique sua atuação (vencedora do Oscar) como stripper em Closer (2004). Foi seu primeiro papel realmente sexy. Já seu último filme é um retorno às raízes judaicas: Free Zone (2005) de Amos Gitai. Seus próximos trabalhos são promissores. Ela está na nova produção dos irmãos Wachowski, V de Vingança. É a protagonista de Goya´s Ghosts, novo filme de Milos Forman. Por fim, participará de Paris, je t'aime, de Olivier Assayas. Como se vê, sua vida profissional está a pleno vapor. Mas e a vida amorosa? É um segredo tão bem guardado quanto seu nome...

Filmografia vista

Free Zone (idem, 2005, de Amos Gitai) - **
Star Wars – Episódio III (idem, 2005, de George Lucas) - ***
Closer – Perto Demais (Closer, 2004, de Mike Nichols) - *
Cold Mountain (idem, 2003, de Anthony Minghella) - 0
Star Wars – Episódio II (idem, 2002, de George Lucas) - **
Star Wars – Episódio I (idem, 1999, de George Lucas) - **
Marte Ataca! (Mars Attacks!, 1996, de Tim Burton) - **
Todos Dizem Eu Te Amo (Everyone Says I Love You, 1996, de Woody Allen) - *** ___________________________________________________________

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DIÁRIO

Atualmente não tenho emprego, seja como publicitário ou jornalista. Crítico de cinema? Há! Pior, ainda não consegui dinheiro para pagar a caríssima taxa de inscrição do próximo Congresso Científico Internacional. É um evento que acontecerá em Santos mês que vem. Eu queria apresentar o trabalho sobre mensagens subliminares que fiz em grupo durante a pós-graduação. A idéia de que posso não participar desse Congresso me dá vontade de chorar. Nem sei o que dizer para meu grupo.

Também não sei como pagar o Curso de História do Cinema de Inácio Araújo, que sonho fazer há anos. Se dinheiro é problema, minha solução deveria ser o Concurso Público de Técnico da Receita Federal. Farei o Concurso neste fim de semana, mas não estou otimista. Quer saber mais? Além de desempregado estou sem namorada. E sem tempo para ler livros ou terminar o conto que estava escrevendo.

Minha saúde vai bem, obrigado. Tenho diarréia quase diariamente e sofro dores nas costas, especialmente ombro esquerdo. Ah, não faço barba há dias. Sei o que você está pensando. Minha vida não está péssima. Apenas apertaram o botão pause num trecho ruim, em que não há nada interessante acontecendo.

Bom dia para você também. ___________________________________________________________

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quarta-feira, fevereiro 01, 2006

FILME: Paradise Now


Paradise Now (idem, 2005, de Hany Abu-Assad) – ***

É difícil imaginar um homem-bomba sem apelar para estereótipo do terrorista irracional. Estereótipo, aliás, alimentado por parte do cinema americano. Por isso o palestino Paradise Now surpreende nos primeiros minutos. Os dois homens selecionados para explodir são pessoas comuns. Desprezam Israel mas não são fanáticos. Ofereceram-se para a missão mais por imaturidade que ideologia. Assim Paradise Now argumenta que no terrorista suicida a imposição cultural pesa mais que a decisão pessoal.

Mas diretor Hany Abu-Assad vai além de revelar com eficiência a mecânica do terrorismo. Ele constrói um suspense inquietante. Só com isso temos uma obra de interesse. Contudo, reviravolta na trama torna o filma mais significativo. Surge imprevisto que obriga dupla a adiar o ataque e repensar suas ações. Será que morrer matando inocentes vale a pena? Para nós a resposta é óbvia, mas entendemos a dúvida deles.

Pena que nesta parte Abu-Assad atrapalha-se um pouco. Ele tenta explicar a decisão final de ambos através de traumas infantis e diálogos artificiais com uma pacifista. O resultado até soa convincente, mas parece simplista. O problema pode estar numa das limitações do cinema: sua incapacidade de filmar o intangível. A câmera registra o mundo material – não alma ou pensamentos. Claro, há cineastas como Bergman e Tarkovsky que fizeram carreiras brilhantes filmando o infilmável.

Entretanto, o grande cinema geralmente mostra o mistério da mente humana sem revelar seus segredos. Vide Elefante (2003), sobre um tipo diferente de atentado suicida. Outra limitação do cinema é filmar a morte – o real significado de perecer e descobrir "o que vem depois". Pois Abu-Assad dribla essa restrição no magnífico plano final. É um plano perturbador que estende ao máximo a duração da vida. Depois, fade-out. ___________________________________________________________

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