FILME: Orgulho e Preconceito
Orgulho e Preconceito (Pride & Prejudice, 2005, de Joe Wright) - **
Uma grande história só precisa de um argumento como "menino gosta de menina". Por exemplo, a moça – Lizzie – ama Darcy e vice-versa. Adicione dificuldades ao casal como divisão de classes sociais da Inglaterra, século 19. Darcy disfarça seus sentimentos de Lizzie por ser de classe mais alta que ela. O amor vencerá o preconceito? Eis o clássico literário Orgulho e Preconceito de Jane Austen. Contudo, no cinema é preciso contar essa trama em imagens, não palavras. Isso é freqüentemente esquecido por diretores de "filmes de época". Fazem cinema pobre, limitado à equação "livro clássico + figurino bonito = filme chato". Felizmente o estreante Joe Wright escapa dessa armadilha neste Orgulho e Preconceito. O filme é dinâmico e divertido.
Entretanto, sua maior qualidade é nunca transformar o elenco em acessório de luxo como nos "filmes de época" comuns. Ao contrário, a mise-en-scène complementa os atores. Em todas as cenas a câmera procura aquele gesto especial de cada ator. Veja como Wright constrói o amor entre Lizzie (Keira Knightley, excelente) e Darcy (Matthew Macfadyen). Ele filma os olhares e corpos, como na linda dança no salão. A maneira como enquadra Darcy é um caso aparte. Desde que entra em cena sua paixão e preconceito por Lizzie são visíveis – diálogos são desnecessários. Por fim, há os planos-seqüência em cenas com muitos personagens (como festas). A câmera passeia destacando cada ator, mesmo extras e figurantes. Todos parecem personagens interessantes aos olhos de Wright, que contaria a história de cada um se pudesse. Coisas assim tornam Orgulho e Preconceito agradável e tocante. ___________________________________________________________
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