quarta-feira, outubro 31, 2007

Pílulas da Mostra

Caos (Youssef Chahine & Khaled Youssef, 2007)

Eu gosto dos novelões do Chahine (Alguém viu Alexandria Nova York?), mas esse aqui é capenga demais. Culpa do Youssef?

Cristóvão Colombo - O Enigma (Manoel de Oliveira, 2007)

A importância da História em nossas vidas. Seja a História oficial (dos livros escolares), a não-oficial e a dum casal unido há décadas.

De Volta à Normandia (Nicolas Philibert, 2007)

Um agradável trabalho de recuperação do passado, mas sem nostalgia reacionária. Contudo, por vezes Philibert parece estar apenas enchendo lingüiça.

Glória ao Cineasta! (Takeshi Kitano, 2007)

Comédia maluca sobre (e de) um cineasta que esgotou sua criatividade ou uma tiração de sarro com a possibilidade de filmar esse esgotamento? A resposta provavelmente é: as duas coisas. A primeira meia-hora é a mais engraçada.

O Homem de Londres (Béla Tarr, 2007)

As escolhas formais de Béla Tarr raramente se justificam. Pra começo de conversa, a fotografia é bonita demais prum filme que tenta retratar a vida áspera dum trabalhador do porto. Parece portfólio de que alguém tentando provar que é gênio.

Inútil (Jia Zhang-Ke, 2007)

Quando você começa a concordar com o ponto de vista de um dos retratados neste documentário, Jia Zhang-Ke puxa seu tapete e mostra que o ponto de vista oposto também é válido. Grande Jia!

A Questão Humana (Nicolas Klotz, 2007)

Belíssimo filme sobre um certo mal-estar contemporâneo onipresente (o filme se chama A Questão Humana, pô). A mentalidade do mundo empresarial em toda sua violência. Só não tenho certeza se a segunda metade do filme casa tão bem com a primeira.

Redacted (Brian De Palma, 2007)

“Quando você filma alguma coisa, no fundo você concorda com o que está filmando” – diálogo do soldado-cineasta. O grande dilema do mundo audiovisual.

Senhores do Crime (David Cronenberg, 2007)

Taí um filme complicado, que exige atenção. Seus defeitos aparentes talvez sejam suas virtudes e vice-versa. Freqüentemente dá a sensação que a câmera de Cronenberg briga com o texto. ___________________________________________________________

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segunda-feira, outubro 29, 2007

O melhor filme da Mostra

Simplesmente não há competição. Quando o Filipe Furtado disse que o obscuro En La Ciudad de Sylvia era o melhor filme exibido na Mostra, imaginei que ia ser um bom ou até grande filme, mas tive dúvidas que também ia achá-lo o "número 1" do festival. Afinal, toda unanimidade é burra. Bem, o filme é tudo isso mesmo que estão dizendo e daqui pra frente torna seu diretor, o espanhol pouco conhecido José Luis Guerín um cineasta imperdível. Veja enquanto ainda dá tempo e enquanto o grande público da Mostra não descobre esta jóia (na minha sessão havia um público relativamente pequeno). Imperdível! Maravilhoso! Obra-prima!

Ainda dá tempo:

30/10 Terça-feira
Unibanco Arteplex 1 22:40

01/11 Quinta-feira
Cine Bombril Sala 1 20:50

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Convite - data do lançamento

Capa do Livro

Olá meus amigos! Hoje estão todos convidados para a noite de autógrafos e lançamento do livro "Comunicação Social - Pós-graduação Lato Sensu na Cásper Líbero", do qual sou um dos co-autores, organizado pela minha professora Liana Gottlieb. Conto com a presença de vocês no coquetel.

Horário: Dia 29 de outubro (hoje!), a partir das 19 horas.
Local: Sala VIP, 3º andar, Faculdade Cásper Líbero (Av Paulista 900). ___________________________________________________________

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sexta-feira, outubro 26, 2007

O demônio encarnado

Hoje, após a sessão dupla de Zé do Caixão, foi bacana perceber durante o debate que José Mojica Marins é ainda mais sinistro que sua criação mais famosa. Além disso, foram exibidos trechos de seu mais novo filme, Encarnação do Demônio. Tecnicamente falando é seu melhor filme. Esteticamente ele também parece promissor: a cena em que Zé do Caixão é libertado da prisão é, desde já, antológica. Além disso Jesse Valadão tava com cara de quem se divertiu muito no papel. Durante o debate Mojica revelou que o filme terá muitas cenas de tortura - até falaram em superar o Takashi Miike! E o produtor disse que está confiante num sucesso estrondoso do filme no Brasil e no resto do mundo. Pelo visto Encarnação do Demônio vai ter uma superaposta das distribuidoras. Agora é torcer pra tudo dar certo na estréia em 2008. ___________________________________________________________

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quinta-feira, outubro 25, 2007

Império dos Sonhos

(David Lynch, França / Polônia / EUA, 2006)

Muitos elogios serão feitos ao novo Lynch e o filme – em menor ou maior grau – merecerá todos eles. Então por enquanto vou falar sobre o que me incomodou (no mau sentido mesmo) no filme. Império dos Sonhos é uma incrível contradição: por um lado tem alguns dos momentos mais belos, misteriosos e intensos da carreira de Lynch; por outro, é um dos que mais faz concessões aos fãs de seu cinema. De fato, o miolo do filme é arrastado e está repleto de elementos e seqüências já vistos em sua filmografia – pessoas que desaparecem, diálogos bizarros, etc – mas sem a mesma inspiração de antes. Na verdade, a presença desses “clichês Lynch” tornam Império dos Sonhos uma experiência previsível em alguns momentos.
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terça-feira, outubro 23, 2007

Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto

(Sidney Lumet, EUA, 2007)

Uma raridade, um filme cuja narrativa não-linear realmente trabalha a favor dele, mantendo a narrativa tensa o tempo todo e revelando novos contextos pras motivações de cada personagem. Assim como Mystic River (filme com o qual será comparado), este Lumet é um policial de premissa comum, que cresce até tornar-se uma poderosa tragédia americana. O que interessa a Lumet é o papel que o dinheiro exerce nas relações afetivas e familiares (como no seriado Família Soprano, embora isto não seja um filme sobre a máfia) – basicamente é a história duma família que se autodestrói por dinheiro. Até mesmo as cenas que poderiam ser um ponto fraco – as explicações psicológicas pro ressentimento entre os personagens – funcionam porque são incompletas, explicam pouca coisa e o filme se beneficia muito disso. Uma obra-prima diabólica. ___________________________________________________________

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As Testemunhas

(André Téchiné, França, 2007)

No fim das contas, talvez as verdadeiras testemunhas do último Téchiné sejam os espectadores. Somos nós que espiamos um grupo de amigos, cujas vidas são marcadas pelo surgimento da AIDS nos anos 80. Téchiné fez um filme sobre detalhes do dia a dia – sexo, amor, casamento – e como esses são afetados pelas transformações duma época. O cineasta francês não condena os estilos de vidas de seus personagens nem os apresenta como curiosidades. Pena que As Testemunhas nunca decole – é até difícil entender o motivo - embora, felizmente, nunca deixe de ser interessante. ___________________________________________________________

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Não Toque no Machado

(Jacques Rivette, França/Itália, 2007)

Não Toque no Machado é um filme orgulhoso de sua raiz literária. Adaptado duma obra de Balzac, Rivette inclui até intertítulos que interrompem a narrativa pra descrever a hora e local de cada cena – e até os sentimentos dos personagens. São dois, aliás: uma duquesa e um general que pouco entende das regras do clero ou da alta sociedade. O que começa como um flerte infantil da parte da duquesa se transforma numa paixão quase doentia da parte do general. Ao longo do filme a relação entre os dois se torna cada vez mais infernal e antagônica. Mesmo assim, na triste conclusão, o general define a história entre eles como “um poema”. Havia sim amor – escondido nas entrelinhas.
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segunda-feira, outubro 22, 2007

A Idade da Terra

(Glauber Rocha, Brasil, 1980)

Dizem que quando Glauber fez este último filme ele já pressentia sua morte. Supondo que seja verdade ele não fez um filme cheio de lamúrias, despedindo-se dos bons velhos tempos e lamentando o mundo atual que não o entendia. Na verdade ele vomitou um petardo alucinado e lúcido, belo e feio – e totalmente compreensível em sua estranheza. Glauber morreu gritando.
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A Coragem de Amar

(Claude Lelouch, França, 2005)

O título deste recente Lelouch não poderia ser mais irônico, já que falta ao cineasta a coragem de amar seus personagens pelo que são. Pelo contrário, o diretor só gosta dos personagens (masculinos) que dizem acreditar no amor romântico. Os personagens (femininos) que buscam outros caminhos – como uma cantora de rua que tenta ser bem sucedida profissionalmente - falham, são punidos, humilhados e morrem. Restam as gêmeas românticas, pacientes e certinhas (e muito chatas) ganharem um casamento de consolação. Se Lelouch não ama seus personagens, por que eu deveria? ___________________________________________________________

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domingo, outubro 21, 2007

Minha programação - 21 a 22/10

21/10 Domingo

Cine Bombril Sala 1
12:00 Império dos Sonhos, de David Lynch

Unibanco Arteplex 2
17:30 De Volta à Normandia, de Nicolas Philibert

HSBC Belas Artes 2
21:00 O Homem de Londres, de Béla Tarr


22/10 Segunda-feira

Espaço Unibanco de Cinema 3
15:30 Cristóvão Colombo: O Enigma, de Manoel de Oliveira (75').

Reserva Cultural Sala 1
19:00 I’m Not There, de Todd Haynes

Ainda não tenho certeza se vou ver alguma coisa a mais na segunda. Como sempre, se vc me reconhecer, pode puxar conversa comigo. ___________________________________________________________

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sábado, outubro 20, 2007

O Passado

(Hector Babenco, Argentina, 2007)

Pra ser sincero, eu mais respeito do que realmente gosto do último longa de Hector Babenco. Geralmente não sou de exigir lógica ou verossimilhança no cinema. Mas, no caso de O Passado, acho que o quanto uma pessoa gosta do filme é diretamente proporcional ao quanto ela acredita no personagem principal (Gael Garcia Bernal). Eu tive sérias dificuldades em acreditar nele, que toma atitudes estranhas demais ao longo de O Passado pra eu comprar seu personagem numa boa. Ou então Gael é limitado demais pra dar credibilidade a Rimini, um tradutor que após se divorciar de Sofia (Analia Couceyro) tenta romper completamente sua ligação com ela. Aos poucos Sofia volta a reaparecer na vida dele, sempre causando constrangimento e por fim uma série de desgraças.

É preciso elogiar muito a atuação de Analia e a capacidade de Babenco em torná-la uma aparição assustadora e imprevisível. Embora sua Sofia apareça relativamente pouco no filme, sua presença é constante na cabeça de Rimini e no espectador. A cada seqüência, a possibilidade de que talvez ela entre em cena cria uma sensação tão ou mais forte do que quando ela realmente aparece. Por fim, a narrativa é um primor, repleta de elipses que causam a mesma sensação de sofrimento e desorientação de Rimini – num filme forte e sem concessões, ainda que nem sempre crível.
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Karoy

(Zhanna Issabayeva, Cazaquistão, 2007)

A trama: homem muito mau rouba, mente e estupra. Um dia, ao voltar pra casa de sua mãe e irmã ele passa por uma série de transformações que o tornam um ser humano melhor. O filme é tão ruim quanto a sinopse acima sugere, além de ser muito chato. O mais incrível é que o filme acredita na porrada como redenção. Afinal, a regeneração do personagem principal começa depois que ele é brutalmente espancado por pessoas revoltadas com suas trapaças. Meu conselho: fique longe desse filme.
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sexta-feira, outubro 19, 2007

Mancadas da Mostra - parte 2

Geralmente eu pego leve na Mostra, tento manter uma média de dois ou três filmes por dia. Ao longo dos anos em que frequentei a Mostra percebi que o esforço de ver mais filmes que isso raramente valia a pena pra mim. Hoje eu queria ter visto apenas dois, A Idade da Terra e depois terminar o dia com A Questão Humana de Nicolas Klotz no HSBC às 19h20.

Mas foi somenta na entrada da sala de cinema que fui avisado que o filme não tinha chegado. Portanto, ele seria substituído por outro que não me interessava. Desci até a bilheteria pra reclamar e ganhei um "ticket de cortesia", que deveria ser usado em qualquer outro filme "até o final do dia". Corri pro Bombril pra tentar pegar uma sessão às 21hs de Déficit. Mas a sessão tinha sido esgotada. Foi aí que percebi duas coisas. Primeiro, como não estava com ânimo pra me arriscar num filme obscuro qualquer eu não conseguiria ver filme algum, pois todas as sessões de algum prestígio (sei lá, Ozon, Rivette, etc) estariam lotadas. Segundo, estava fazendo papel de trouxa. Por que eu deveria perder meu ticket "válido até o final do dia" se o erro tinha sido da Mostra, não meu?

Fui a Central da Mostra e calmamente expliquei minha situação pras funcionárias. Uma delas logo me disse que de fato eu não deveria ter recebido o tal "ticket de cortesia" e sim deveria receber de volta meu ingresso de credencial que usei pra reservar a sessão de A Questão Humana. E realmente eu recebi meu ingresso de volta. Pelo menos nisso a Mostra acertou!

Então fica o aviso de que A Questão Humana talvez continue indisponível durante a Mostra (pergunte e reclame) e cuidado com os tais "tickets de cortesia" que tentem empurrar pra vc.

OBS: Tem alguma reclamação sobre a Mostra deste ano? Compartilhe!
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Minha programação - 19 a 20/10

Esses são os filmes que pretendo ver na Mostra hoje e amanhã. Quem quiser conversar comigo fique a vontade.

19/10 (sexta-feira)

Ig Cine
14:00 A Idade da Terra, de Glauber Rocha.

HSBC Belas Artes 2
19:20 A Questão Humana, de Nicolas Klotz.


20/10 (sábado)

Espaço Unibanco de Cinema 3
13:30 Não Toque no Machado, de Jacques Rivette.

Unibanco Arteplex 3
17:40 As Testemunhas, de André Téchiné.
19:50 Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto, de Sidney Lumet.
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Stardust - O Mistério da Estrela

(Matthew Vaughn, 2007)

“O que estrelas fazem?” pergunta Yvaine (Claire Danes), ela mesma uma estrela que caiu no reino de Stormhold e é perseguida por diversas pessoas – a maioria com interesses nefastos. Estrelas brilham, claro, mas o filme não. Stardust serve tanto pra apontar as limitações de Matthew Vaughn (estreou na direção com o péssimo Nem Tudo é o que Parece) como sua evolução como cineasta. Matthew continua fazendo filmes com problemas de ritmo, além de não construir atmosferas – ele filma a Terra e o mundo fantástico de Stormhold como se fossem a mesma coisa.

Ainda assim, Stardust tem vários acertos e se assiste com prazer. Entre os acertos estão o senso de humor, especialmente nas trapalhadas do herói Tristan e dos herdeiros do rei de Stormhold – que ao longo do filme vão se matando e tornando-se fantasmas que comentam o desenrolar da trama. Por fim, Matthew Vaughn acerta em cheio ao priorizar a fantasia romântica. Os melhores momentos de Stardust são com o casal Tristan e Yvaine, como na cena em que ela confessa seus verdadeiros sentimentos prum rato! Em cenas assim o filme realmente chega perto de brilhar.

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quinta-feira, outubro 18, 2007

Tropa de Elite

(José Padilha, 2007)

Em teoria todo filme é capaz de gerar infinitas leituras sobre seus significados. Isso também é verdade no caso de Tropa de Elite mas, com algumas simplificações grosseiras, dá pra classificar as inúmeras interpretações possíveis do longa de José Padilha em duas categorias opostas: o filme é a favor do Bope ou é contra ele. Não vou dizer qual interpretação é "a verdadeira" porque duvido que seja possível afirmar isso sobre qualquer filme. Contudo, após a polêmica que precedeu seu lançamento, fiquei surpreso em descobrir quão fácil é enxergar Tropa de Elite como um retrato negativo ou cético do Bope.

Como exemplo, veja as seqüências de rotina e treinamento do batalhão, sugerindo que a tropa é uma seita com rituais que moldam a personalidade dos integrantes. Pense na cena em que Capitão Nascimento se livra dos ataques de pânico ao "interpretar" o oficial durão diante da esposa. Lembre também da trajetória de Matias. De policial pacato passa a torturar mulheres e crianças no terço final de Tropa de Elite. Aliás, nesse trecho fica evidente uma certa distância entre o discurso do filme e o dos personagens. Quando Matias completa sua transformação (ao apontar uma arma pro espectador), a narração em off deixa claro que a raiva desse policial está sendo usada pra servir os interesses de Nascimento.

Contudo, essa distância entre a voz do filme e a dos personagens talvez seja pequena demais. Por exemplo, é problemática a onisciência de Nascimento – que narra e comenta fatos sobre os quais não poderia ter conhecimento – pois torna sua visão de mundo mais fácil de ser confundida com o ponto de vista do filme em si. Além disso, o Bope pode até ser representado como uma instituição precária, mas as outras alternativas (ONGs, faculdade, polícia civil) são filmadas como impotentes ou corruptas.

Por último, ao fazer um filme de gênero com cenas de ação muito bem executadas, Padilha torna Tropa de Elite uma experiência frenética e empolgante. Saí do cinema com um misto de repulsa e euforia. Senti a mesma sensação preocupante quando vi o Ônibus 174 do Padilha. Porém, ao contrário daquele documentário, eu acho que essa confusão entre entretenimento e questionamento crítico ajuda – até certo ponto – a tornar Tropa de Elite um filme melhor. Torna-o mais ambíguo, despertando sentimentos contraditórios e debates importantes. Não seria esse o objetivo de todo grande filme? ___________________________________________________________

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terça-feira, outubro 16, 2007

Piaf - Um Hino ao Amor

(Olivier Dahan, 2007)

Há algo que me incomoda nessas cinebiografias de ícones culturais que se apoiam nas performances supostamente espíritas dos atores principais – como Ray e Capote, pra ficar em dois recentes ganhadores do Oscar. Pra falar a verdade, a própria atuação desses intérpretes me incomoda (e em obras assim, filme e ator são um só). Nem sempre pensei desse jeito, basta lembrar que Capote ganhou na época de seu lançamento um crítica positiva aqui no blog. Porém, finalmente entendi o que me incomoda em filmes assim depois de ver Piaf- Um Hino ao Amor, retrato da lendária cantora francesa Edith Piaf (no filme, Marion Cotillard). Afinal, o que há de errado num filme/atuação aparentemente tão irretocável quanto Piaf?

Justamente o fato de ser tão irretocável. Olivier Dahan e Marion Cotillard se esforçaram tanto pra trazer Piaf à vida que o resultado final é o equivalente cinematográfico duma estátua de museu de cera: linda, perfeita e morta por dentro. Após assistir o filme, sei um bocado sobre Edith Piaf, embora menos que o ideal, pois a narrativa fragmentada e não-linear tornam o longa confuso. Vendo Marion atuar, também sei como Piaf falava, cantava e se mexia no palco. O que não sei é o que Olivier e Marion pensam de Piaf ou, mais importante, querem que nós pensemos da cantora. Eu até vejo a vontade deles de emocionar (e vender CDs), mas não enxergo um ponto de vista – seja claro ou ambíguo, positivo ou negativo, tradicional ou polêmico. Ou seja, cinema. ___________________________________________________________

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Hoje é meu dia

26 anos e contando. Por enquanto nenhum presente ganho (ano passado recebi, entre outras coisas, o dvd de Era Uma Vez no Oeste!). E com a proximidade da Mostra vai ser difícil bolar alguma comemoração especial essa semana ou na próxima. Mas vamos ver.
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segunda-feira, outubro 15, 2007

Cineclube Equipe

Neste fim de semana o Cineclube Equipe, organizado pelos meus amigos Nina e Kim, vai realizar outra sessão. Pra brigar com a Mostra (que começa na sexta) pela atenção do público, essa sessão do Cineclube Equipe vai ter filmes e convidados muito especiais: Bang Bang e Serras da Desordem, Andrea Tonacci e Carlos Reichenbach!


O Cineclube Equipe do Instituto Equipe Cultura e Cidadania , com muito entusiasmo convida a todos para a sua próxima sessão, Cinema Marginal Brasileiro, no sábado dia 20 de outubro de 2007, no auditório do Colégio Equipe (R. Bento Frias, 223. Tel: 11 3814-2188). Na sessão, após a exibição exclusiva de Bang Bang e do ainda inédito Serras da Desordem, haverá debate com os cineastas Carlos Reichenbach e Andrea Tonacci, diretor dos dois filmes. Durante os intervalos, serão disponibilizados livros para consulta e murais informativos sobre o tema, ao som de banda. Ao final, sorteio de livros e revistas.

Os debatedores

Andrea Tonacci é um dos cineastas expoentes do Cinema Marginal Brasileiro, junto de Rogério Sganzerla, Júlio Bressane e outros. Seus filmes, sempre experimentais, vão da ficção ao documentário, aos vídeos institucionais, a videoinstalações. Seu filme mais recente, Serras da Desordem, levou 10 anos para ser finalizado.

Carlos Reichenbach flertou com o cinema marginal no início de sua carreira, no final dos anos 1960 e, até hoje, realiza filmes independentes. Entre estes, estão A Ilha dos Prazeres Proibidos (1979), Filme Demência (1986) e Garotas do ABC (2003). Atualmente, finaliza seu projeto mais recente, Falsa Loura. Mantém um blog sobre cinema, o Reduto do Comodoro e organiza sessões mensais de filmes raros no Cinesesc, as Sessões do Comodoro.

Programação

13h30 - Murais e livros informativos sobre o tema da sessão a disposição para leitura, exibição de cenas de filmes, curtas e entrevistas em dvd, venda de bottoms e bombonière, ao som de banda de alunos, no hall de entrada;
14h - Exibição de Bang Bang (1971), de Andrea Tonacci;
15h50 - Intervalo;
16h - Exibição de Serras da Desordem (2006), de Andrea Tonacci;
18h15 - Intervalo;
18h20 - Debate com Andrea Tonacci e Carlos Reichenbach, seguido de sorteio de livros.
O valor do ingresso é de R$5,00 para todos os eventos ou qualquer um deles.

A programação do Panorama Estórias do Cinema se encerra em novembro com a sessão sobre o Cinema Contemporâneo. A partir de votação realizada durante o último mês, foi escolhido como tema o Cinema Independente Norte-americano.

Para mais informações, visite: http://www.cineclubeequipe.blogger.com.br/
Núcleo de Cultura do Instituto Equipe Cultura e Cidadania ___________________________________________________________

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sábado, outubro 13, 2007

Mancadas da Mostra - parte 1

Que tal acordar setes horas da manhã, entrar na fila do Conjunto Nacional pra comprar um pacote de 20 ingressos às oito horas pra conseguir um bom lugar quando o caixa finalmente abrir às dez? Foi o que eu e muitas outras pessoas fizeram hoje. Infelizmente o sistema deu pane (foi a explicação dos funcionários) e os ingressos só começaram a ser vendidos umas 11h20m.

Pra piorar, até onde pude perceber, só havia realmente um caixa atendendo todo mundo - quem queria o pacote de 20, 40 e talvez outros pacotes. Mas além da longa demora em pé na fila, o que me deu uma tremenda dor nas costas, a confusão foi mesmo na hora de tirar a fotografia. Havia uma fila desorganizada pra tirar a foto, outra pra você entregar sua foto (sendo que os funcionários ficaram indecisos entre pedir o RG ou seu contrato junto com a foto). Depois você tinha que esperar seu nome ser chamado quando sua credencial estivesse pronta - infelizmente elas não ficaram prontas na ordem em que foram pedidas.

No fim das contas, apesar de eu ser um dos primeiros na fila nesta manhã, só consegui a minha credencial e meus ingressos às 14h20m. A única coisa boa foi encontrar gente conhecida - Nina, Kim, Michel, o Carrard (com quem não tive oportunidade conversar) e conhecer gente nova. Infelizmente a Mostra começou com uma de suas características mais freqüentes - a desorganização.

UPDATE: Achei este depoimento do Cleber Eduardo da Cinética na respectiva comunidade do orkut. Vale a pena ler:

5 horas, 3 minutos, 2 segundos
Se alguém pensou em um novo filme romeno, errou.Se alguém pensou no tempo em que eu fiquei na fila da mostra, para pagar pela credencial, entrar na fila da foto e sair sem a credencial pronta, deve ter experiência parecida com a minha nesse sábado, dia 13 de outubro de 2007, dia em que cheguei as 8h30 para comprar credencial, experiência em que testemunhos berrros de consumidores, solicitando alguém que pudesse responder por aquele atraso, revoltados com o não funcionamento dos micros, pela lógica surrealista de organização da entrega das credenciais, o que resultou em gritos clamando pela presença de Leon K, pedidos de seu número de solar, criando todo um clima bem desfavorável antes de tudo começar, e isso com quem se submeteu a passar 5 horas em fila para comprar a credencial de 20 filmes, suprema maioria, e submeteu a tudo por que coloca o amor pelo cinema a frente e a cima de uma organização que não tem respeito mínima por quem faz tudo por seu amor pelo cinema. Como consumidor, como crítico e como amante do cinema, afirmo que testemunhei e vivenciei o caos. E ninguém tinha autoridade para responder pelos espinhos. Ainda bem que existem os filmes

De qualquer forma, do caos se extrai criatividade, se soubermos ter jogo de cintura. Portanto, durante as 5h 3 min e 2 seg, encontrei muitos cinequanons, uma cinética (Renata Gomes), o casal Cineclube Equipe (Kim e Nina), conhecidos variados (Fabio Camaneiro, Monica, alguns alunos e alunas, Gustavo Galvão, Anahy). Talvez a idéia seja essa mesma, provocar um estresse de 5h para nos dar a chance de ter mais tempo para amigos e conhecidos. Portanto, apesar da fila, soubemos, creio, dar lençolzinho. Saber dar lençolzinho, aliás, é fundamental.
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sexta-feira, outubro 12, 2007

31a. Mostra Internacional de Cinema de São Paulo - As Cabines

Pra alguns, a 31a. Mostra Internacional de Cinema de São Paulo já começou mais cedo. Finalmente estou acompanhando as cabines do festival. Fique de olho na coluna lateral pra mais cotações e em textos cobrindo os filmes vistos.
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terça-feira, outubro 02, 2007

Amor pelos motivos errados

Às vezes as pessoas gostam de um filme ou programa de TV realmente bacana, mas pelos motivos errados. Por exemplo, no caso do seriado Big Love - Amor Imenso exibido na HBO eu recentemente percebi algo curioso ao visitar blogs e comunidades virtuais - tanto aqui quanto nos EUA - que discutem a série. Há uma parcela considerável de fãs, não saberia dizer se são a maioria , que torce para que a família poligâmica de Bill e suas três esposas se desfaça.

Esses fãs acham Bill um bocó machista e manipulador (às vezes ele é mesmo), torcem pra que Barb, sua primeira e mais independente esposa se divorcie, odeiam e suspeitam das intenções da segunda esposa Nicki (curiosamente é a que mais prega a união familiar), querem que os filhos escapem dos destinos dos pais e temem a comunidade fundamentalista de Juniper Creek. Se bem que pra ser justo neste último caso, as pessoas de Juniper Creek são mesmo retratados como os antagonistas de Bill e sua família.

Meu ponto é o seguinte: de acordo com declarações dos criadores da série Mark V. Olsen e Will Scheffer, um casal abertamente gay na vida real, Big Love foi criada pra fazer o público refletir sobre a possibilidade de um relacionamento afetivo não tradicional ser perfeitamente válido. De fato, muitas cenas na série levantam paralelos, algumas vezes meio toscos, entre casais poligâmicos e homossexuais. Porém, muita gente que vê a série acha a família de Bill "errada" de um jeito ou de outro.

Ou seja, Big Love parece ser um paradoxo. É envolvente, bem escrita e dirigida - e ainda assim um tremendo fracasso.

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segunda-feira, outubro 01, 2007

SETEMBRO

Filmes no Cinema

Os Anjos Exterminadores (Jean-Claude Brisseau, 2006)
Bem-Vindo a São Paulo (diversos, 2007)
Eu os Declaro Marido e... Larry (Dennis Dugan, 2007)
Querô (Carlos Cortez, 2007)
Instinto Secreto (Bruce A. Evans, 2007)
Ligeiramente Grávidos (Judd Apatow, 2007)
Nunca É Tarde para Amar (Amy Heckerling, 2007)
Hairspray (Adam Shankman, 2007)
O Vidente (Lee Tamahori, 2007)
O Vigarista do Ano (Lasse Hallström, 2007)

Filmes em Casa

Um Astro em Minha Vida (Brad Silberling, 2006)
Escritores da Liberdade (Richard LaGravenese, 2007)
Uma Garota Irresistível (George Hickenlooper, 2006)
Passando dos Limites (Henry Bean & Martin Schmidt, 2007)

O filme do mês sem dúvida foi o excelente Ligeiramente Grávidos do Judd Apatow. Também merece muito destaque Os Anjos Exterminadores, meu primeiro Jean-Claude Brisseau (e, salvo engano, o primeiro desse cineasta a entrar no circuito comercial). Mas as verdadeiras surpresas vieram de gente até então medíocre: estou falando de Hairspray do Adam Shankman e Um Astro em Minha Vida de Brad Silberling. Este último foi direto pras locadoras, mas é um filmaço estrelado por Morgan Freeman e Paz Vega. Ao contrário de Um Astro em Minha Vida, dei apenas duas estrelas pro Hairspray. Porém, pretendo rever pra confirmar ou, quem sabe, até mesmo aumentar a cotação. ___________________________________________________________

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