terça-feira, outubro 16, 2007

Piaf - Um Hino ao Amor

(Olivier Dahan, 2007)

Há algo que me incomoda nessas cinebiografias de ícones culturais que se apoiam nas performances supostamente espíritas dos atores principais – como Ray e Capote, pra ficar em dois recentes ganhadores do Oscar. Pra falar a verdade, a própria atuação desses intérpretes me incomoda (e em obras assim, filme e ator são um só). Nem sempre pensei desse jeito, basta lembrar que Capote ganhou na época de seu lançamento um crítica positiva aqui no blog. Porém, finalmente entendi o que me incomoda em filmes assim depois de ver Piaf- Um Hino ao Amor, retrato da lendária cantora francesa Edith Piaf (no filme, Marion Cotillard). Afinal, o que há de errado num filme/atuação aparentemente tão irretocável quanto Piaf?

Justamente o fato de ser tão irretocável. Olivier Dahan e Marion Cotillard se esforçaram tanto pra trazer Piaf à vida que o resultado final é o equivalente cinematográfico duma estátua de museu de cera: linda, perfeita e morta por dentro. Após assistir o filme, sei um bocado sobre Edith Piaf, embora menos que o ideal, pois a narrativa fragmentada e não-linear tornam o longa confuso. Vendo Marion atuar, também sei como Piaf falava, cantava e se mexia no palco. O que não sei é o que Olivier e Marion pensam de Piaf ou, mais importante, querem que nós pensemos da cantora. Eu até vejo a vontade deles de emocionar (e vender CDs), mas não enxergo um ponto de vista – seja claro ou ambíguo, positivo ou negativo, tradicional ou polêmico. Ou seja, cinema. ___________________________________________________________

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