terça-feira, outubro 02, 2007

Amor pelos motivos errados

Às vezes as pessoas gostam de um filme ou programa de TV realmente bacana, mas pelos motivos errados. Por exemplo, no caso do seriado Big Love - Amor Imenso exibido na HBO eu recentemente percebi algo curioso ao visitar blogs e comunidades virtuais - tanto aqui quanto nos EUA - que discutem a série. Há uma parcela considerável de fãs, não saberia dizer se são a maioria , que torce para que a família poligâmica de Bill e suas três esposas se desfaça.

Esses fãs acham Bill um bocó machista e manipulador (às vezes ele é mesmo), torcem pra que Barb, sua primeira e mais independente esposa se divorcie, odeiam e suspeitam das intenções da segunda esposa Nicki (curiosamente é a que mais prega a união familiar), querem que os filhos escapem dos destinos dos pais e temem a comunidade fundamentalista de Juniper Creek. Se bem que pra ser justo neste último caso, as pessoas de Juniper Creek são mesmo retratados como os antagonistas de Bill e sua família.

Meu ponto é o seguinte: de acordo com declarações dos criadores da série Mark V. Olsen e Will Scheffer, um casal abertamente gay na vida real, Big Love foi criada pra fazer o público refletir sobre a possibilidade de um relacionamento afetivo não tradicional ser perfeitamente válido. De fato, muitas cenas na série levantam paralelos, algumas vezes meio toscos, entre casais poligâmicos e homossexuais. Porém, muita gente que vê a série acha a família de Bill "errada" de um jeito ou de outro.

Ou seja, Big Love parece ser um paradoxo. É envolvente, bem escrita e dirigida - e ainda assim um tremendo fracasso.

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