quinta-feira, setembro 25, 2008

Trovão Tropical

(Ben Stiller, 2008)

Revista Paisà atualisada. Vale muito a pena ler a revolta de meu editor Sérgio com Linha de Passe e Mamma Mia! (mesmo que eu não concorde com a opinião dele sobre o filme do Salles). Enquanto isso, tem texto meu sobre o filme do Ben Stiller. Gosto do que escrevi, mas lamento não ter me aprofundado no fato de ser um filme sobre atores, atuações, etc. Pra ler minha crítica, clique aqui.

Trailer:

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segunda-feira, setembro 22, 2008

Clientes inesquecíveis # 2

Era uma tarde movimentada na Livraria, talvez um sábado ou domingo. Eu estava no caixa quando recebi uma ligação do térreo para ficar de olho no cliente de mochila aberta que estava subindo.

Nessa época eu já sabia perceber quando um cliente é encrenca em potencial. Não recebi treinamento especial pra isso. É um instinto que você ganha após trabalhar alguns meses no comércio. Discretos ou excêntricos, simpáticos ou chatos, alguns clientes simplesmente disparam seu desconfiômetro. Eles devem emitir algum sinal que a gente capta de maneira inconsciente. Talvez através de linguagem corporal ou exalando um odor diferente. Seja o que for, surge uma voz na sua cabeça: “De olho nele!”

O cliente de mochila aberta que subiu as escadas naquele dia era do tipo excêntrico. Mas não era a mochila ou a roupa (sandálias, pijama e quepe) que gerava desconfiança. Clientes assim entram aos montes todos os dias lá. Era algo invisível, que despertava aquela voz na cabeça que mencionei antes. Dessa vez, muito mais alta do que de costume. Apesar da cara sonolenta, ele era assustador. O sujeito andou até o final do andar e sentou-se silenciosamente num sofá. De frente pro nosso caixa. Alertei com um bilhete a colega ao meu lado. Não foi necessário – ela também tinha uma voz na cabeça.

Nós dois continuamos com nosso dever. Dentro do caixa, atendíamos os diversos clientes daquela tarde – sem nunca perder de vista nosso homem. Não havia nada perto daquele sofá para ser roubado, mas essa logo deixou de ser nossa preocupação. O homem permanecia imóvel enquanto ficava nos encarando com um rosto inexpressivo. Os minutos se arrastavam enquanto o desgraçado permanecia na mesma posição, com o mesmo olhar. Talvez esperasse uma distração nossa. Talvez saboreasse nosso medo. Talvez estive se comunicando com homenzinhos verdes. Talvez.

Voltei a ouvir minha voz interna: “E se ele puxa uma metralhadora aqui mesmo?” Minha morte ficaria legal num filme do Gus Van Sant, mas o provável é que virasse assunto pro Bruno Barreto. Finalmente, 15 minutos depois, o idiota se levanta e se dirige a escada. Passa por mim e eu respiro aliviado. “Vocês têm Tristão & Isolda?”, era o psicopata, espreitando atrás de meu ombro! “O filme?” Ele foi incisivo: “a música” Pesquisei no computador. Felizmente não tínhamos nenhuma versão de Tristão & Isolda. Ele agradeceu e foi embora. Dentro de seu cérebro, lesado no útero ou pelo tempo, havia espaço para cultura. ___________________________________________________________

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domingo, setembro 21, 2008

O Nevoeiro

(Frank Darabont, 2007)

Numa pequena cidade dos EUA, um misterioso nevoeiro ocultando criaturas mortais obriga um grupo de pessoas a se refugiar num supermercado. Com um argumento desses, O Nevoeiro poderia ter sido um filme de John Carpenter ou George Romero. Na verdade foi dirigido por Frank Darabont, que não tem um décimo do talento dos outros dois. Apesar disso, ele consegue fazer um belo trabalho como diretor, principalmente ao usar a névoa pra criar tensão e suspense. Presos no supermercado, os personagens – e os espectadores – não conseguem enxergar as ameaças que rondam lá fora. Também não conseguem enxergar (estou sendo metafórico) as ameaças do lado de dentro. Como sempre, o ser humano é mais assustador que qualquer bicho-papão. A desconfiança e a incapacidade dos sobreviventes de se organizarem fazem mais vítimas que monstros na neblina.

A partir deste começo tão promissor, duas coisas acontecem com o filme. Primeiro a positiva: O Nevoeiro vai ficando cada vez mais tenso e assustador. Como cinema de horror, uma jóia mesmo. Agora a negativa: os personagens vão ficando cada vez mais desinteressantes. No princípio do filme, ainda não sabemos direito quem é quem. Por isso ficamos na mesma dúvida dos personagens: qual é a melhor atitude a ser tomada contra o perigo do nevoeiro? Mas isso infelizmente vai se perdendo, conforme Darabont separa os sobreviventes em dois grupos, os histéricos e os sensatos. Essa é uma das razões pelas quais George Romero é um mestre. Nunca um personagem de seus filmes está certo o tempo todo, é só conferir o seu recente e extraordinário Diário dos Mortos. Comparado com ele, Darabont é só um aluno esforçado.

A falta de colaboração faz uma vítima:

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sexta-feira, setembro 05, 2008

Clientes inesquecíveis # 1

Daqui a mais ou menos duas semanas vou sair do meu emprego de vendedor na Livraria da Vila pra trabalhar como funcionário público na Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado. É com certa dor no coração que faço isso porque conheci pessoas muito, mas muito legais mesmo na Livraria. Como parte do ritual de despedida eu farei uma série de posts sobre alguns dos clientes mais incríveis (no bom e no mau sentido) que já encontrei na Livraria. Depois disso, é bem provavél que eu escreva mais sobre as amizades que fiz lá, as coisas que aprendi e como tudo isso mexeu comigo. ___________________________________________________________

Uma senhora de aproximadamente 70 anos entra no meu setor (CDs e DVDs). "Vocês têm discos do Nirvana?", ela se dirige até mim. "A banda de rock?", eu hesito. A velhinha confirma. Eu a levo até a banca onde os CDs do Nirvana estão expostos. "Por enquanto só temos esses aqui. Você quer alguma ajuda pra escolher?". A senhora nega e, sem hesitar, escolhe um. "Quero este". Eu entro no caixa (nós temos um no andar) e inicio o processo de compra da registradora. Enquanto isso, ela segura o CD na mão e começa a falar sobre o grupo. "Esses rapazes... eles eram tão bons, tão talentosos. E ele então (Kurt Cobain)? Tinha tanto futuro, porque teve que jogar tudo fora?" Finalmente termino o processo de compra e faço a pergunta que estava morrendo de vontade de fazer. "Você quer que eu embrulhe pra presente?". A senhora nega. "É pra mim". E vai embora da Livraria e da minha vida tão surpreendente quanto entrou. Só depois disso percebo que ela comprou Nevermind, justamente o CD que estava querendo acrescentar a minha coleção. Filha da... ___________________________________________________________

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quinta-feira, setembro 04, 2008

O Procurado

(Timur Bekmambetov, 2008)

Revista Paisà atualizada. Poucos textos novos, verdade, mas tem um texto bacana sobre o DVD O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro. Além da minha crítica pra O Procurado, um filme tão chinfrim que eu só assisti porque era pauta pra revista (Filipe, você me deve R$16,00!). Pra ler minha crítica, clique aqui.

Conhecendo Angelina Jolie:

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AGOSTO

Salas de Cinema

Encarnação do Demônio (José Mojica Marins, 2008)
Nome Próprio (Murilo Salles, 2007)
O Procurado (Timur Bekmambetov, 2008)

Casa

Alemanha, Ano Zero (Roberto Rossellini, 1947)
Cidadão Kane (Orson Welles, 1941)
Monika e o Desejo (Ingmar Bergman, 1953)

Foi um mês em que estréias desinteressantes aconteceram quando o cinema deixou de ser prioridade (por enquanto...). A exceção foi o belo filme do Mojica e o subestimado Nome Próprio - dois nacionais, quem diria. Aguardem novidades. ___________________________________________________________

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