domingo, setembro 21, 2008

O Nevoeiro

(Frank Darabont, 2007)

Numa pequena cidade dos EUA, um misterioso nevoeiro ocultando criaturas mortais obriga um grupo de pessoas a se refugiar num supermercado. Com um argumento desses, O Nevoeiro poderia ter sido um filme de John Carpenter ou George Romero. Na verdade foi dirigido por Frank Darabont, que não tem um décimo do talento dos outros dois. Apesar disso, ele consegue fazer um belo trabalho como diretor, principalmente ao usar a névoa pra criar tensão e suspense. Presos no supermercado, os personagens – e os espectadores – não conseguem enxergar as ameaças que rondam lá fora. Também não conseguem enxergar (estou sendo metafórico) as ameaças do lado de dentro. Como sempre, o ser humano é mais assustador que qualquer bicho-papão. A desconfiança e a incapacidade dos sobreviventes de se organizarem fazem mais vítimas que monstros na neblina.

A partir deste começo tão promissor, duas coisas acontecem com o filme. Primeiro a positiva: O Nevoeiro vai ficando cada vez mais tenso e assustador. Como cinema de horror, uma jóia mesmo. Agora a negativa: os personagens vão ficando cada vez mais desinteressantes. No princípio do filme, ainda não sabemos direito quem é quem. Por isso ficamos na mesma dúvida dos personagens: qual é a melhor atitude a ser tomada contra o perigo do nevoeiro? Mas isso infelizmente vai se perdendo, conforme Darabont separa os sobreviventes em dois grupos, os histéricos e os sensatos. Essa é uma das razões pelas quais George Romero é um mestre. Nunca um personagem de seus filmes está certo o tempo todo, é só conferir o seu recente e extraordinário Diário dos Mortos. Comparado com ele, Darabont é só um aluno esforçado.

A falta de colaboração faz uma vítima:

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