sábado, agosto 23, 2008

Fantasmas do Século XX

O que estou escrevendo agora não é uma crítica. Pra começo de conversa, sequer li o livro inteiro. Além disso, faz muito tempo que não escrevo uma crítica literária aqui no blogue e, pelo que me lembro, não sou nada bom nisso. Mesmo assim, fiquem com minha recomendação: Fantasmas do Século XX é bom. Muito bom.

O autor é Joe Hill, filho de Stephen King, e o livro é composto de 17 contos, a maioria dos quais são de terror. A maioria dessas histórias são compostas pelos mais diversos clichês e arquétipos da literatura de horror, mas Hill sempre acha um meio de subvertê-los e contar algo realmente original. A mais subversiva que li por enquanto é a dum rito de iniciação pra tornar-se caçador de vampiros, que joga no lixo as convenções do gênero “jovem entra num ramo violento”. Já outras narrativas são especialmente inusitadas, incluindo uma homenagem divertida A Metamorfose do Kafka; e a triste história dum menino inflável.

Entretanto, o conto que bateu mais forte em mim – pelo menos em termos emocionais – foi Fantasma do Século XX (repare no singular). Conta a história dum velho e a relação que teve a vida toda, desde a infância, com o antigo cinema de rua do qual atualmente é proprietário. Mais importante, narra seu relacionamento – ainda que indireto – com o fantasma que assombra o lugar.

É o espírito duma moça cinéfila que, de tempos em tempos, aparece sentada ao lado de algum espectador incauto e solitário pra conversar sobre o filme que está passando na tela. Existe prova maior de amor pelo cinema do que passar a eternidade assistindo filmes? O desfecho da história – repleta de pequenas surpresas e citações – é lindo e assustador ao mesmo. Leitura obrigatória pra cinéfilos. ___________________________________________________________

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