quinta-feira, agosto 07, 2008

Arquivo X - Eu Quero Acreditar

(Chris Carter, 2008)

Eu compreendo a decepção, juro. Anos depois da polêmica conclusão de Arquivo X na TV e o melhor que o criador do programa, Chris Carter, conseguiu fazer no cinema foi isto? Uma trama tão banal que – se fosse episódio do programa –a gente esquecia na semana seguinte? Uma trinca de vilões tão enfadonhos que quase não receberam diálogos? Mulder e Scully discutindo a mesma coisa pela milésima vez (mas, por mim, eu ouviria esse papo mais mil vezes)?

Diante dessas perguntas, eu proponho outra. Se o alvo de Eu Quero Acreditar não são as reviravoltas da investigação policial, os bandidos ou o casal principal, então qual é o verdadeiro foco deste filme? É o misterioso – tudo que está invisível aos personagens, mas palpável a eles e a nós nos belos espaços abertos filmados por Carter. É neste lugar abstrato e impenetrável que os personagens acreditam que está suas respostas. Têm fé, enfim. E fé, neste filme, é sinônimo de duas coisas: 1) amor; 2) crença na preservação da vida. O mais incrível é que a fé não é vista como positiva por si só. Ao contrário.

O que leva Mulder a resolver o caso é sua fé nada razoável de que um dia ele salvará sua irmã. Já um padre vidente garante tolamente que as vítimas dos bandidos estão vivas, mesmo diante das inabaláveis evidências contrárias. Enquanto isso, Scully crê que vale a pena preservar a vida dum garotinho doente. O que faz paralelo com os crimes hediondos dos assassinos pois, dum jeito distorcido, também são prova de amor: os homicídios são cometidos por um deles pra prolongar a vida do amante.

Por fim, o próprio Eu Quero Acreditar é uma manifestação de fé de Carter. De que ainda vale a pena preservar Mulder e Scully e contar histórias deles. A julgar pela gag genial sobre George W. Bush, a dupla é mais necessária do que nunca.

A eterna discussão desta dupla imortal:

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