terça-feira, julho 08, 2008

Coincidência Impossível

Dedico este texto a uma amiga que trabalha comigo. Alguns dias trás, ela debochou bastante do Missão Impossível. O primeiro mesmo, do Brian De Palma. Desconfiei que no julgamento dela pesavam as continuações, que tornaram-se cada vez mais veículos pro ego do Tom Cruise. Como vi o filme faz tempo, só murmurei um “ele é bom”. Não tinha argumentos pra defender algo legal, mas menor na carreira do De Palma. Dias depois, quando voltei do serviço, a TV exibia Missão Impossível!

Estava num trecho que recordei como sendo um dos melhores: a conversa entre Jim (após ser dado como morto) e Ethan (Cruise). Jim e Ethan discutem quem pode ser o traidor que matou a equipe original no começo do filme. Jim sugere um nome. Ethan imediatamente concorda. Mas as coisas não são o que parecem. Pois enquanto Ethan dá argumentos que solidificam a teoria de Jim, a cena é intercalada por flash-backs que identificam Jim como o assassino!

Vista pela primeira vez, a seqüência confunde. Os flash-backs são pensamentos do Ethan? Jim realmente é o traidor? Ou Ethan, que recusa-se a acreditar que a mulher de Jim também é traidora, só está imaginando tudo? Há uma ruptura entre som (a convicção na voz de Ethan) e imagem duma forma quase experimental que você raramente vê, ainda mais em superproduções. Já De Palma faria algo parecido, porém mais sutil, em Dália Negra.

Seja como for, agora tenho como defender o valor do filme de minha amiga, além duma vontade de revê-lo inteiramente pra saber se ele se mostra melhor do que eu lembrava. Uma coincidência tão boa que parece impossível, né?

OBS: sim, eu tenho consciência do quanto este post é picareta. ___________________________________________________________

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