domingo, novembro 04, 2007

Paranoid Park

(Gus Van Sant, 2007)

“O que é a idade, a passagem do tempo, senão aquilo que fica inscrito nos rostos?” – Serge Daney, A Rampa

Paranoid Park é um filme de transição – de Gus Van Sant buscando novos caminhos pro seu cinema após a aclamação de sua “trilogia da morte”: Gerry, Elefante, Últimos Dias. Bem adequado então que o protagonista Alex seja um skatista na adolescência, fase em que a transição é regra. Van Sant repete aqui procedimentos já vistos nos filmes supracitados, como corpos em movimentos, ausência de relações de causa-efeito. Mas ele também se arrisca e cria coisas novas, como imagens super-8 que colocam a gente a bordo dos skates em suas manobras radicais, enquanto a mixagem de som atinge novos níveis de experimentação.

Entretanto, a inovação mais importante é que dessa vez Van Sant não quis apenas filmar um personagem sem fazer julgamentos óbvios; agora ele quer escutá-lo. Daí que Paranoid Park é um relato subjetivo dirigido ao público, ainda que a gente só se dá conta disso no fim. Alex, o skatista, escreve sua versão dos fatos, Van Sant filma eles. Quando Alex termina de escrever, fim do filme. Nem tudo que Van Sant faz dá certo, mas Paranoid Park nos deixa ansiosos pela pós- adolescência do cineasta. ___________________________________________________________

Marcadores: , , ,