sábado, novembro 03, 2007

Cada Um Com Seu Cinema

(diversos, 2007)

Trata-se dum filme de episódios feito pra comemorar os 60 anos de Cannes. A única restrição que os diretores de cada episódio receberam foi de que seus curtas deveriam ter como tema o cinema. Pois bem, analisando o filme como um todo, chega-se a conclusão que o cinema vai mal: o destes senhores (a maioria dos diretores tem idade considerável) e do resto do mundo. Belo presente de aniversário pra Cannes!

É decepcionante ver tanta gente (alguns até bem talentosos) ceder a tantos lugares-comuns: sexo no escurinho, cegos no cinema, pessoas entrando dentro do filme (estilo Rosa Púrpura do Cairo), etc. Desses clichês, o que mais chamou a atenção de mim - e de outras pessoas - foram as salas desertas, quase uma regra em todos os curtas. É muito significativo que o última curta, de Ken Loach, sobre pai e filho na fila do cinema termine com a dulpa desistindo de ver um filme pra assistir um jogo de futebol. Já o curta de Croneberg (um dos melhor encenados) prevê um futuro sombrio em que o último judeu vivo vai se matar no último cinema - o curta termina de maneira ambigua, sem revelar se o judeu se matou.

Por isso, os poucos curtas que realmente gostei são aqueles que (com exceção do Cronenberg) preferiram apostar na sobrevivência do Cinema (ou de seu cinema) e na presença do espectador, seja lá de que forma. Por exemplo, os episódios de Manoel de Oliveira e Elia Suleimann são excelentes. Além disso, fiquei muito surpreso com a fé dos irmãos Coen de que o cinema pode se comunicar com qualquer pessoa. Assim como já era de se esperar a generosidade do ótimo curta de Nanni Moretti, pregando a possibilidade de qualquer tipo de cinema. Ou seja, enquanto uns temem o futuro, outros estão prontos pra abraçá-lo. Realmente, cada um com seu cinema. ___________________________________________________________

Marcadores: , ,