quarta-feira, abril 30, 2008

01.01 Smoke Gets in Your Eyes

(Alan Taylor, 2007)

Mad Men é uma história de sucesso. Seu criador, Matthew Weiner, escreveu em 1999 o roteiro do primeiro episódio, Smoke Gets in Your Eyes. David Chase (criador de Família Soprano) leu e ficou tão impressionado que o contratou. Como roteirista, Weiner trabalhou em episódios excelentes como Kennedy and Heidi, talvez o melhor da última temporada. Após o final de Família Soprano, Weiner tornou Mad Men realidade no canal AMC. Aqui no Brasil, o programa está sendo exibido semanalmente pela HBO.

SPOILERS: Quando o episódio começa, vemos a nuca de um homem. Quem é ele? Nós descobrimos que seu nome é Don Draper (Jon Hamm, magnífico), um bem-sucedido publicitário trabalhando em Nova York no ano de 1960 – quando todo mundo fumava e bebia muito. A pergunta, entretanto, persiste: quem é Don Draper?

Bom, Don é herói de guerra, parece um galãs dos anos 50, namora uma beatnik (apesar dele ter valores conservadores) e defende sua nova secretária dum colega grosseiro – a expressão “assédio sexual” ainda não existia. Ele até se esquiva dum flerte da novata agradecida. Contudo, nada disso responde a questão do parágrafo anterior. Afinal, deveria ser ótimo ser Don, mas seus olhos traem uma certa vulnerabilidade interior. A resposta talvez apareça no fim do dia, quando descobrimos que Don é casado e pai de duas crianças.

O episódio termina com ele observando os filhos na companhia da esposa, numa imagem que sugere o quanto seu lar é um refúgio contra as pressões do serviço e dum futuro incerto. Pois em alguns anos tudo que Don conhece vai mudar – o papel das mulheres no mercado de trabalho, a imagem dos cigarros e bebidas e mais uma porção de coisas que fazem parte do seu modo de vida. Talvez seja ótimo ser Don, mas não deve ser fácil.

Peggy, a secretária nova:

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segunda-feira, abril 28, 2008

04.09 The Shape of Things to Come

(Jack Bender, 2008)

SPOILERS: Foi muito bom ver em The Shape of Things to Come o quanto Sawyer mudou no decorrer da série. Ele já tinha brincado de herói no passado, mas nunca tinha mostrado em tempo integral tanta preocupação pelos amigos.

Dito isso, o momento mais forte do episódio envolveu outros personagens. Estou falando da execução de Alex na frente de seu pai, Benjamim Linus. Sem dúvida, foi a cena mais deprimente desta quarta temporada e, ainda assim, estranhamente gratificante, já que pela primeira vez as habilidades de persuasão do Ben falharam. No passado, o ex-antagonista (hoje cada vez mais perto de ser o personagem principal) escapou de todas as situações difíceis mentindo, manipulando e blefando. Ao falhar numa hora crucial, ele perde a invencibilidade que estava me cansando.

Por exemplo, neste mesmo episódio foi irritante assistir Ben levar Sayid e Locke na conversa outra vez com meia dúzia de afirmações sem provas. Ainda bem que Charles Widmore deverá ganhar mais importância na trama daqui pra frente. LOST precisava de outro personagem traiçoeiro, já que Ben estava sobrecarregado (não bastava ele ser expert em jogos mentais, dono da Ilha, agente secreto e viajar no tempo e espaço – ele precisava ter uma atração fatal pela Juliet). A presença de outro malfeitor só deve beneficiar a série e o próprio Ben. Pior pros outros personagens!

Ben e o Lostzilla:

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sexta-feira, abril 25, 2008

04.01 He That Believeth in Me

(Michael Rymer, 2008)

Estou começando uma experiência com este post: vou escrever críticas de (não todos, só os mais importantes) episódios dos seriados de TV que assisto, ao invés de criticar temporadas completas.

SPOILERS: Onde estávamos quando a terceira temporada de Battlestar Galactica terminou? Bem, assim que Gaius Baltar foi inocentado de trair a humanidade, a frota dos menos de 40 mil sobreviventes da espécie humana foi encurralada por uma frota Cylon muito mais numerosa. Ao mesmo tempo, quatro de nossos heróis (Coronel Tigh, Tyrol, Tory e Sam Anders) descobriram horrorizados que não são humanos, mas Cylons disfarçados. Com a humanidade à beira da extinção, uma ressuscitada Starbuck surgiu em sua nave anunciando que descobriu o caminho pra Terra.

No começo deste primeiro episódio da quarta temporada – He That Believeth in Me – tudo é resolvido de maneira relativamente rápida, mas eletrizante. Enquanto humanos e Cylons travam uma violenta batalha espacial, um hesitante Sam Anders se junta aos pilotos humanos e tem sua verdadeira natureza descoberta pelos inimigos num exame de retina – feito no meio do combate! A frota Cylon misteriosamente se retira, deixando pessoas como a Presidente Laura Roslin e o Almirante Adama desconfiados do milagroso retorno de Starbuck (ela tinha sido desintegrada no espaço meses atrás).

E quem pode culpá-los? Apesar de ser uma série de ficção científica – com alusões bem atuais à política americana – Battlestar Galactica sempre flertou com o misticismo. A própria Roslin é uma figura messiânica, guiando a humanidade em direção a Terra com suas visões. Mas Starbuck, apesar de acreditar que a frota está na direção errada, não tem como provar onde esteve ou como chegar lá, exceto através duma forte e estranha intuição. Pior, sua história sobre o que ocorreu após sua suposta morte é tão cheia de furos que deixa até o espectador mais crente pensando que é tudo um truque Cylon.

Em compensação, surge outro candidato a messias: Baltar, que passa a morar com um grupo de mulheres que o cultuam como um profeta, algo que ele próprio renega. No começo, o culto parece ser apenas uma oportunidade pra Baltar se proteger e transar, mas ao conhecer o filho doente duma das devotas ele oferece com sinceridade sua vida pela do menino numa oração. Pouco tempo depois, Baltar sofre um atentado e escapa duma maneira que deixa até o espectador mais cético acreditando em milagres.

Portanto, ao trazer o misticismo pro primeiro plano da trama, He That Believeth in Me lembra os fãs que além de guerra, política e naves espaciais, Battlestar Galactica também é um seriado sobre fé e religião. Em quem você acredita que o levará ao “caminho certo” (literal e metaforicamente falando) deve ser o grande dilema daqui pra frente.

Vinheta introdutória - 11 dos 12 modelos Cylon:



O retorno de Starbuck:

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quinta-feira, abril 24, 2008

Meu primeiro dia no emprego novo

Cena 1:

Cliente novo entra na livraria, vê alguns livros e se aproxima do vendedor mais próximo. “Onde é o toalete?”

O vendedor (em pânico), olha ao redor procurando uma placa ou um vendedor mais experiente. “Eu... não sei!”

O cliente se afasta. “Eu procuro sozinho.”


Cena 2:

Casal jovem entra na loja, observa algumas prateleiras e se aproxima do vendedor mais próximo. “Onde estão os livros da Agatha Christie?”, pergunta o marido.

O vendedor (triunfante), aponta a prateleira exatamente em frente ao homem. “Aqui!”

“E onde estão os livros do Sidney Sheldon?”, pergunta a esposa.

O vendedor (preocupado), sinaliza para que a cliente o acompanhe. “Deve estar na letra S... a letra P é aqui, a R aqui, então a S... deveria estar aqui! Mas não está. Por favor, deixe eu consultar um vendedor mais experiente.”

A mulher (observadora) se agacha, olha a prateleira mais baixa – onde a letra S sempre esteve – e sorri. “Estão aqui. Muito obrigada!” ___________________________________________________________

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quarta-feira, abril 23, 2008

Rolling Stones - Shine a Light

(Martin Scorsese, 2008)

Às vezes, um argumento simplista é repetido exaustivamente até se tornar a única maneira de entender um filme. Por exemplo, eu tinha lido por aí que Shine a Light parece extra de DVD. Recentemente, uma colega do curso de cinema do Inácio Araújo disse que não ia ver o documentário pelo mesmo motivo. É uma coisa contagiosa.

E perigosa, porque esse argumento ataca o longa por suas características mais evidentes: de fato, Shine a Light é composto quase exclusivamente pelas filmagens de duas noites de show no Beacon Theatre (NY), intercaladas por pouquíssimas cenas de bastidores e entrevistas antigas da banda. Mas essa argumentação ignora as intenções por trás disso.

Martin Scorsese na verdade fez um belo trabalho sobre como é contrariar expectativas do showbiz ao continuar ativo após décadas (um sentimento que Scorsese certamente compreende). A simples presença da família Clinton no show marca o quanto os Stones são hoje, para o bem e para o mal, um monumento aceito por um público mais amplo e careta. Entretanto, o que realmente interessa ao cineasta é nos fazer sentir durante um show toda a energia que impulsionou e ainda impulsiona os Rolling Stones.

Pra conseguir isso, Scorsese espalhou muitas e muitas câmeras pelo Beacon Theatre com duas metas em mente: 1) ignorar quase totalmente as reações do público (o que talvez explique uma certa frieza do filme); 2) conseguir imagens inacreditáveis dos Rolling Stones. Inacreditáveis, seja pela extensão com que um plano permanece em um único integrante da banda pra melhor admirarmos sua performance, seja pelos close-ups de rostos cansados, sorrisos inesperados e, no fim, as caras de satisfação deles por terem se superado outra vez. Isso sim é contagiante.

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sexta-feira, abril 18, 2008

A Família Savage

(Tamara Jenkins, 2007)

Revista Paisà atualizada. Como sempre, muitas críticas bacanas. A minha é sobre A Família Savage. Tem um momento curioso nesse filme. É quando a personagem da Laura Linney, que é dramaturga, pergunta pra alguém que leu o novo texto da nova peça dela se não achou que apenas "gente de classe média reclamando da vida" (ou algo assim). Ou seja, Tamara Jenkins defende que um cinema de dramas comuns de gente comum ainda é relevante. Pena que isso não dá muito certo no filme dela. Pra ler minha crítica, clique aqui.

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quinta-feira, abril 10, 2008

MARÇO

Salas de Cinema

As Crônicas de Spiderwick (Marc Waters, 2008)
A Família Savage (Tamara Jenkins, 2007)
Jogos do Poder (Mike Nichols, 2007)
Na Natureza Selvagem (Sean Penn, 2007)
Não Estou Lá (Todd Haynes, 2007)
O Orfanato (Juan Antonio Bayona, 2007)
Ponto de Vista (Pete Travis, 2008)

Casa

Conduta de Risco (Tony Gilroy, 2007)
O Encouraçado Potemkin (Sergei Eisenstein, 1925)
A Espiã (Paul Verhoeven, 2006)
O Gabinete do Dr. Caligari (Robert Wiene, 1920)
A Idade do Ouro (Luis Buñuel, 1930)
A Marcha Nupcial (Erich Von Stroheim, 1928)
M – O Vampiro de Dusseldorf (Fritz Lang, 1931)

Mês de mais problemas pessoais que se refletiram nos poucos filmes vistos e no blogue meio abandonado. O importante é que acabou. Bola pra frente! ___________________________________________________________

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