quarta-feira, janeiro 30, 2008

A Lenda do Tesouro Perdido 2

(Jon Turteltaub, 2007)

Eu estava muito disposto a defender este Livro dos Segredos de seus detratores, já que tinha gostado bastante do subestimado primeiro filme. Mas essa continuação não é boa, embora seja divertida em vários momentos. Tirando os problemas mais evidentes (menos enigmas; ação fraca; vilão bobo – Sean Bean não é Ed Harris, mas seu personagem tinha determinação) jogaram fora o que o longa original tinha de mais subversivo. Isto é, o fato de que apesar do herói (Nicolas Cage) ter a mais profunda reverência patriótica pelo passado dos EUA, ele não conseguia se ajustar com a América de hoje. O caçador de tesouros era desacreditado e perseguido pelas autoridades americanas, as quais fazia de trouxa várias vezes. Entretanto, em Livro dos Segredos, depois da seqüência que prometia ser a mais cara-de-pau – seqüestrar o Presidente americano pra obter informações vitais, trecho curiosamente aberto a interpretações gay – Cage é promovido a agente secreto com autorização presidencial. Infelizmente, a patriotada deve aumentar no obrigatório terceiro filme (“você leu a página 47?”). Espero estar enganado.

OBS: pena que o vídeo abaixo não tenha a cena na qual Cage e o Presidente, sozinhos no escurinho, procuram passagens secretas... não que haja algo de errado com isso.

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sábado, janeiro 26, 2008

Maria Sharapova

Parabéns pela conquista! Dois comerciais bacanas com ela:

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domingo, janeiro 20, 2008

Eu Sou a Lenda

(Francis Lawrence, 2007)

Um filme curioso, mas que só incomoda o espectador durante a projeção e não na saída do cinema. Como thriller é inegavelmente eficaz, ainda que funcione melhor quando os monstros digitais estão fora de cena. Como retrato de um homem à beira da loucura de tão carente e solitário, Eu Sou a Lenda tem momentos bem angustiantes com um excelente Will Smith. Já como ficção científica é pouco convincente porque nunca fornece detalhes satisfatórios sobre a praga que Smith combate (quão inteligentes são os infectados? Eles se reproduzem? Morrem de fome?).

O misticismo que o filme ensaia aos 30 do segundo tempo também é pouco desenvolvido, em parte porque a personagem da Alice Braga tem pouco tempo pra expor seu ponto de vista (e Francis Lawrence não é nenhum Shyamalan). Mas acho que o X da questão é que a premissa “mundo vazio” só se sustenta até certo ponto. O longa acaba de forma abrupta, antes de levantar questões mais fortes – como seria o admirável mundo novo dos sobreviventes, por exemplo? Ironicamente, faltam mais pessoas pra tornar Eu Sou a Lenda um grande filme.

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sexta-feira, janeiro 11, 2008

Longe do Paraíso

(Todd Haynes, 2002)

Por falar em política americana, não consegui parar de pensar no Barack Obama ao ver recentemente Longe do Paraíso. É porque faz parte do elenco Dennis Haysbert, que no seriado 24 interpretou David Palmer, o primeiro negro Presidente dos EUA. Achei irônico ele viver no filme do Haynes um jardineiro dos anos 50. Contudo, creio que trata-se duma feliz coincidência, pois a série estreou nos EUA no final de 2001 e demorou um pouco pra fazer sucesso.

Em Longe do Paraíso, Haysbert se apaixona por uma dona de casa (Julianne Moore). Infelizmente a proximidade dos dois só é possível a sós – em público seu comportamento é sempre observado e reprovado, tanto pelos brancos quanto negros. Repare como o filme é um constante jogo de olhares, seja retratando a intolerância ou o desejo, o público ou o privado. E voyerismo é inerente a idéia do cinema e TV.

Acrescente o fato de que o filme de Haynes, jamais poderia ter sido feito naquela época. Pois apesar de emular perfeitamente os melodramas de Douglas Sirk daquela década, a abordagem de sua temática é aberta demais. Mas até aí, quantos filmes do cinemão atual são assim? Quantos dão um espaço justo às minorias étnicas? Ou seja, mais do que a repressão dos anos 50 (e dos anos 2000), o verdadeiro alvo de Longe do Paraíso é a indústria audiovisual americana, de ontem e hoje.

Preste atenção no jogo de olhares:

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quinta-feira, janeiro 10, 2008

A primeira mulher, o último homem

Na história em quadrinhos Y – O Último Homem, Yorick – o único sobrevivente duma praga que varreu o sexo masculino da face da Terra – finalmente reencontra sua mãe, a deputada Brown, na Casa Branca. Porém, viúvas de políticos republicanos cercaram o lugar, fortemente armadas, pra tentar dar um golpe de Estado.

Yorick: Depois da morte de todos os homens, pensei que vocês, mulheres, estariam de mãos dadas nas Nações Unidas ou algo do tipo. Desde quando as mulheres se tornaram tão mesquinhas e... e loucas pelo poder?

Deputada Brown: Você não votou em Hillary?


Alguns vídeos importantes:




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segunda-feira, janeiro 07, 2008

Meu Nome Não é Johnny

(Mauro Lima, 2008)

Um amigo visitou recentemente meu blog, viu a cotação que dei pra este filme e mandou um e-mail. Ele disse que o trailer parecia um compacto do longa em dois minutos: Selton Mello curte a vida, vai pra Europa, é preso e se redime no tribunal. Ele queria saber se o filme era só isso, pra esperar por ele nas locadoras e poupar R$ 18,00.

Respondendo meu amigo: de fato, o filme é isso aí. Um conto moralista sobre como não compensa alcançar as fantasias da classe média (dinheiro sem trabalhar, turismo internacional) através do tráfico. A lição fica clara quando a câmera adota pela primeira vez o ponto de vista subjetivo do personagem de Mello – João Estrella – ao entrar na prisão, filmada como um zoológico de pretos ferozes e estúpidos. Acrescente também que Meu Nome Não é Johnny gira o tempo todo em torno das piadinhas do Mello, às custas de narrativa e personagens. Ficamos sem saber, por exemplo, os detalhes dos négocios de João com seus “sócios”, já que estes entram e saem da trama sem ganhar importância.

Contudo, apesar de tudo isso, em nenhum momento detestei o filme (embora a cotação lá em cima sugira o contrário). Achei simpático o esforço de Mauro Lima em retratar João Estrella como um anti-herói trágico de tão inconseqüente: apesar de ganhar rios de dinheiro, ele gastava tanto que não conseguia pagar a conta de luz. Nesses momentos eu percebia que havia potencial prum filme bem melhor que aquele que estava vendo.

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sábado, janeiro 05, 2008

O Ano do Dragão

(Michael Cimino, 1985)

Olha, vou ser sincero – escrever sobre grandes filmes pode ser um saco. Por exemplo, no caso de algo com a grandeza de O Ano do Dragão, rabiscar alguma coisa após vê-lo pela primeira vez é como segurar água com as mãos: muita coisa escorre pelos dedos. Mesmo assim resolvi arriscar algumas linhas.

Pelo pouco que entendi, é um filme sobre a busca pela identidade na América. Isso fica claro quando o capitão Stanley White (Mickey Rourke) conversa com a jornalista no restaurante de Chinatown. Ele mostra uma foto de quando as ferrovias foram construídas. Na foto há os empresários, engenheiros e até operários – exceto operários chineses. Esses morreram anônimos.

Este curto diálogo mostra a contradição do policial, um veterano do Vietnã que odeia asiáticos, mas paradoxalmente deseja redimi-los, americanizando-os como a si próprio (ele é polonês, mas mudou de nome). Obcecado por sua busca, o detetive arruina diversas vidas, incluindo a própria – impressionante a imagem dele ao sair fumegando dum carro em chamas. Quando Stanley encurrala o chefão de Chinatown, Joey Tai (John Lone), o bandido pede ao policial uma arma pra suicidar-se, pois não quer apodrecer na prisão.

Corta pro funeral de Joey, o último num filme que tem três! Stanley está lá, ainda obcecado, querendo prender todo mundo. O filme termina com seu rosto, numa imagem congelada (como uma foto). Igual a Joey – e diferente dos anônimos que pereceram em sua guerra particular – Stanley só não quer morrer esquecido pela América. ___________________________________________________________

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quinta-feira, janeiro 03, 2008

Marcadores Importantes

Acrescentei uma subseção na coluna lateral que vai funcionar como uma espécie de índice pra este blog: Marcadores Importantes, que vai ser exatamente isso, uma reunião dos marcadores mais importantes deste blog. A idéia é ajudar quem está visitando este blog e talvez deseje dar uma garimpada nos posts mais antigos - agora você tem uma ferramente a mais pra fazer isso.

Por enquanto coloquei diversos tipos de marcadores, desde os vitais pra este blog (Filmes, claro), passando pelos desativados mas muito populares (Musas da Semana) até chegar naqueles que tem poucos posts mas que devem crescer com o tempo (Curtas, Cineastas). Depois devo acrescentar outros marcadores e retirar os que se mostrarem pouco importantes. ___________________________________________________________

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terça-feira, janeiro 01, 2008

DEZEMBRO

Filmes no Cinema

Um Amor Jovem (Ethan Hawke, 2006)
Conduta de Risco (Tony Gilroy, 2007)
Conversas com meu Jardineiro (Jean Becker, 2007)
Em Paris (Christophe Honoré, 2006)
Encantada (Kevin Lima, 2007)
Império dos Sonhos (David Lynch, 2006)
Lady Chatterley (Pascale Ferran, 2006)
Novo Mundo (Emanuele Crialese, 2006)
O Sobrevivente (Werner Herzog, 2006)
Sombras de Goya (Milos Forman, 2006)

Filmes em Casa

Aguirre, a Cólera dos Deuses (Werner Herzog, 1972)
Caminho Sem Volta - versão do diretor (James Gray, 2000)
Coração de Cristal (Werner Herzog, 1976)
Coração Selvagem (David Lynch, 1990)
Depois do Vendaval (John Ford, 1952)
El Topo (Alejandro Jodorowsky, 1970)
En Construcción (José Luis Guerín, 2001)
A Estrada Perdida (David Lynch, 1997)
Os Excêntricos Tenenbaums (Wes Anderson, 2001)
A Felicidade não se Compra (Frank Capra, 1946)
Innisfree (José Luis Guerín, 1990)
Ma Mère (Christophe Honoré, 2004)
Milagre na Rua 34 (George Seaton, 1947)
A Montanha Sagrada (Alejandro Jodorowsky, 1973)
A Mulher é o Futuro do Homem (Hong Sang-Soo, 2004)
Oasis (Lee Chang-dong, 2002)
Peppermint Candy (Lee Chang-dong, 2000)
Romanzo Criminale (Michele Placido, 2005)
Tren de Sombras (José Luis Guerín, 1997)
Três é Demais (Wes Anderson, 1998)
Veludo Azul (David Lynch, 1986)
Velvet Goldmine (Todd Haynes, 1998)
Veneno (Todd Haynes, 1991)
When the Levees Broke (Spike Lee, 2006)

A foto é do filme do mês visto no cinema – Lady Chatterley. Engraçado perceber que, se eu tivesse assistido o filme da Pascale Ferran assim que estreou em novembro, o filme de dezembro teria sido Império dos Sonhos (apesar de Encantada e O Sobrevivente serem filmões também).

Além disso foi bacana perceber que, em termos de cinefilia, dezembro foi um mês especial pra mim. Faz muito, mas muito tempo mesmo que não assisto tantos filmes quanto nesse mês que passou. Vamos ver se consigo repetir a dose em janeiro. E agora ânimo pessoal, pois temos um ano totalmente novo pela frente! ___________________________________________________________

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