sábado, janeiro 05, 2008

O Ano do Dragão

(Michael Cimino, 1985)

Olha, vou ser sincero – escrever sobre grandes filmes pode ser um saco. Por exemplo, no caso de algo com a grandeza de O Ano do Dragão, rabiscar alguma coisa após vê-lo pela primeira vez é como segurar água com as mãos: muita coisa escorre pelos dedos. Mesmo assim resolvi arriscar algumas linhas.

Pelo pouco que entendi, é um filme sobre a busca pela identidade na América. Isso fica claro quando o capitão Stanley White (Mickey Rourke) conversa com a jornalista no restaurante de Chinatown. Ele mostra uma foto de quando as ferrovias foram construídas. Na foto há os empresários, engenheiros e até operários – exceto operários chineses. Esses morreram anônimos.

Este curto diálogo mostra a contradição do policial, um veterano do Vietnã que odeia asiáticos, mas paradoxalmente deseja redimi-los, americanizando-os como a si próprio (ele é polonês, mas mudou de nome). Obcecado por sua busca, o detetive arruina diversas vidas, incluindo a própria – impressionante a imagem dele ao sair fumegando dum carro em chamas. Quando Stanley encurrala o chefão de Chinatown, Joey Tai (John Lone), o bandido pede ao policial uma arma pra suicidar-se, pois não quer apodrecer na prisão.

Corta pro funeral de Joey, o último num filme que tem três! Stanley está lá, ainda obcecado, querendo prender todo mundo. O filme termina com seu rosto, numa imagem congelada (como uma foto). Igual a Joey – e diferente dos anônimos que pereceram em sua guerra particular – Stanley só não quer morrer esquecido pela América. ___________________________________________________________

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