quinta-feira, dezembro 27, 2007

A Felicidade não se Compra

(Frank Capra, 1946)

O período das festas de Natal e Ano Novo provavelmente deve ser o meu preferido do ano. Porém, a pegadinha dessa época é a regra não escrita de que você tem que estar feliz. Se estiver triste ou sério, "há algo errado em você". Acho que Frank Capra foi quem melhor entendeu isso, já que cheguei a reflexão acima após ver pela primeira vez A Felicidade não se Compra, talvez seu filme mais famoso.

Vendo o filme, fiquei surpreso ao perceber semelhanças temáticas com o recente Os Donos da Noite de James Gray. Ambos são sobre filhos que não escapam da influência paterna. No caso de Capra, o protagonista George Bailey (James Stewart) sonha em abandonar sua cidadezinha e viajar pelo mundo. Mas com o passar dos anos esse sonho vai ficando mais distante já que ele herda as responsabilidades, não só empresariais mas – principalmente – cristãs, do pai. Pois, quase como um herói fordiano, George vive para os outros e não para si, usando o pouco dinheiro que ganha pra ajudar os moradores de sua vila.

Contudo, o que separa Capra de John Ford e até de James Gray é que o cinema destes dois últimos sempre ressalta de forma inconformada a dureza de viver de maneira tão sacrificada. Estes cineastas entendem a dor de seus personagens. Já Capra acha que "há algo errado" em George e faz de tudo para convertê-lo ao espírito natalino. Pessoalmente, qualquer filme que termina com seu protagonista num ataque psicótico de felicidade (por ter aprendido a esquecer seus sonhos) me assusta muito mais do que vários filmes de terror. Mas não vou negar a beleza de alguns momentos deste A Felicidade não se Compra, nem alguma eficiência em sua catequese. Afinal, a regra é clara: Feliz Natal!

AVISO: o vídeo é o final do filme.

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