terça-feira, dezembro 18, 2007

Wes Anderson

Finalmente terminei minha revisão da obra completa de Wes Anderson. Hora de fazer meu Top 5. Quem concorda comigo?

1º - Três é Demais (1998)
2º - Pura Adrenalina (1996)
3º - Os Excêntricos Tenenbaums (2001)
4º - Viagem a Darjeeling (2007)
5º - A Vida Marinha com Steve Zissou (2004)

Ver ou rever todos os filmes dele me permitiu entender um pouco melhor suas qualidades e também seus defeitos – especialmente dos últimos filmes. Basicamente, todos os filmes dele são sobre grupos de pessoas que têm uma forma de pensar e agir toda própria – e nada comum. A câmera de Anderson abraça completamente a filosofia de vida de seus personagens, com cortes e movimentos inesperados e incomuns. Assim, para realmente gostar do cinema dele é preciso ter vontade de fazer parte desses grupos.

Contudo, os problemas de Anderson começam a partir de Os Excêntricos Tenenbaums, quando ele passa a ficar mais interessado em intensificar a extravagância de seu estilo e menos na dramaturgia. Tanto nos Tenenbaums quanto – principalmente – em seus dois últimos filmes, cada cena parece ter sido hiperplanejada pra ser única, memorável e especial. Por causa disso, Viagem a Darjeeling e A Vida Marinha com Steve Zissou não respiram nem deixam o espectador respirar.

Também foi frustrante perceber o quanto Wes Anderson se tornou mais conciliador com o tempo. Parte da beleza de seus primeiros trabalhos estava na ausência de resoluções ou saídas. Em Pura Adrenalina, por exemplo, Owen Wilson (que sempre interpreta figuras catalisadoras no cinema de Anderson) caminha – ainda que confiante – prum destino incerto; já em Três é Demais o protagonista termina o filme ainda dividido entre seus dois “pais” e seus dois amores.

Seus filmes seguintes, em compensação, insistem numa idéia de reconciliação familiar e afetiva cada vez mais fácil (A Vida Marinha com Steve Zissou sendo o pior exemplo disso). Além disso, tanto em Pura Adrenalina quanto Três é Demais, a condição econômica dos personagens desempenha um papel decisivo em suas ações. Esse tipo de comentário social (incomum no cinema americano) foi se atenuando progressivamente.

Então Wes Anderson caminha pro abismo? De jeito nenhum. Pois se A Vida Marinha com Steve Zissou é o que mais acumula seus problemas como cineasta, Viagem a Darjeeling já dá sinais de vida. Quando o trio de heróis abandona suas malas (representando o peso de seu passado) pra pegar um trem, a gente pode sentir o próprio Anderson fazendo a mesma coisa. Vamos torcer pra termos razão.

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