sábado, dezembro 08, 2007

Dexter – 2ª Temporada

(James Manos Jr., 2007)

Se há um seriado na TV americana mais obcecado com a idéia de identidades secretas do que Dexter, por favor, me avisem. Na 1ª temporada conhecemos Dexter, o serial-killer que acredita ser herói e caça criminosos. Frio, assexuado e profundamente perturbado, ele dividia seu tempo entre esquartejar assassinos e fingir ser normal diante dos amigos. Mas o que é ser normal? Essa é a pergunta que o psicopata (e a série) fazia ao espectador toda semana.

Aos poucos tudo mudou. O confronto de Dexter contra o Assassino do Caminhão de Gelo (ou ITK) – que conhecia sua vida secreta – o forçou a perceber que realmente se importa com a irmã Debra e a namorada Rita (ao invés de continuarem sendo ferramentas para manter sua máscara de normalidade). Esse pequeno crescimento emocional teve seu preço. O desfecho do conflito com ITK foi tão traumático que Dexter começou esta 2ª temporada com sérias dúvidas em continuar matando – e sofrendo crises de abstinência por isso.

Assim, a pergunta que Dexter passou a fazer neste 2º ano é: quem é Dexter? Para responder ou não esta questão, a 2ª temporada adotou a mesma estratégia narrativa da anterior. Os primeiros seis episódios foram mais estudos de personagem (do protagonista e de seus coadjuvantes) enquanto a trama principal – neste ano, os crimes de Dexter sendo investigados pela polícia – era desenvolvida a conta-gotas. Em ambas as temporadas, a história só decolou nos seis episódios finais. Mas que decolagem!

Pena que, no fim das contas, este ano sofreu um pouquinho com a falta de um antagonista tão forte e surpreendente quanto o ITK. Ao invés disso o destaque foi pra rivalidade de Dexter com o sargento Doakes. A interação entre os dois rendeu alguns dos melhores momentos da série como um todo. Já Lila, que entrou prometendo algo sexy e sinistro, se revelou apenas mais uma fêmea obsessiva. Inclusive, essa deve ser a primeira vez numa história estilo “atração fatal” que o perseguido é infinitamente mais perigoso que a perseguidora. Mesmo assim, essa ironia foi pouco explorada.

Outro idéia desperdiçada foi Dexter sendo saudado pela população de Miami como herói (assim que foi revelado que sua vítimas eram criminosas). Se isso tivesse sido melhor explorado, teria levantado questões interessantes sobre o fascínio que o público sente por Dexter – personagem que tanto poder ser heróico, quanto egoísta, cômico, trágico e patético. Contudo esse fascínio não passa totalmente sem ser questionado. Na última seqüência do episódio final, Dexter clama pra si o direto de não ter certeza sobre quem é. Então ele olha pro espectador e parece perguntar: quem é você?

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