sexta-feira, novembro 30, 2007

O Reino

(Peter Berg, 2007)

É questionável o oportunismo de certos filmes de ação que divertem o espectador com sua violência mas também pregam que essa mesma violência é "errada". Esse ano tivemos Tropa de Elite, agora temos nos cinemas O Reino. Curiosamente, ambos são sobre "tropas de elite" em ação contra um inimigo numeroso e sanguinário.

O Reino atinge o ápice do oportunismo no terceiro ato, numa asquerosa seqüência em que meia dúzia de mocinhos (americanos e sauditas) correm contra o tempo para salvar um agente do FBI de ser decapitado por terroristas. O grupo enfrenta dúzias de inimigos num bairro pobre duma cidade saudita, destrói a vizinhança e triunfa no final, com direito a piadinha. Contudo, estou disposto a dar o benefício da dúvida para O Reino. O diretor Peter Berg encena muitas sutilezas dignas de nota. Por exemplo, é interessante o paralelo feito entre as equipes americana e saudita e suas dificuldades em lidar com as autoridades políticas de seus respectivos países.

Também é de fundamental importância a presença de crianças intercalando a narrativa – dois momentos se destacam: no primeiro, você dificilmente achará em outro filme americano recente um plano como o da menina abraçada ao avô durante um tiroteio; o segundo, a montagem paralela que encerra O Reino. Esse desfecho contundente não redime o filme de alguns problemas estéticos e dramáticos, mas te faz repensar tudo que foi visto até então e mostra que Peter Berg tem algo relevante a dizer com sua câmera. Pra mim já tá bom.

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