terça-feira, novembro 20, 2007

Planeta Terror

(Robert Rodriguez, 2007)

Se há uma figura recorrente em quase todos os filmes de Robert Rodriguez é a do contador de histórias, alguém que conta histórias sobre outros ou de si mesmo. Esse personagem fundamental explicita o que é o cinema de Rodriguez. Basicamente um cinema contador de histórias (cinema físico e direto, aliás) e sobre como contar histórias (ou fazer cinema). Assim, Planeta Terror é tanto uma excelente aventura/horror/sci-fi vagabunda, gosmenta e delirante, quanto sobre o que significa fazer um filme assim em 2007.

Por isso Rodriguez mostra em seu novo filme tanta reverência pelo passado, pela grindhouse, um cinema exploitation dos anos 70/80. Essa reverência se extende à maneira de ver esses filmes – os riscos propositais na tela, os jump-cuts e a gag do “rolo perdido” de Planeta Terror são uma homenagem carinhosa as cópias defeituosas e erros de projeção que marcaram essa extinta forma de cinefilia que foi a grindhouse. Felizmente Rodriguez não quer apenas reverenciar o passado como caminhar em direção ao futuro.

Portanto, Planeta Terror também é uma emocionante declaração de princípios de Rodriguez sobre o tipo de cinema que busca. Assim como na trama um grupo de marginalizados, após um vazamento químico que transforma as pessoas em zumbis, tenta encontrar um lugar seguro, Rodriguez tenta encontar o seu cinema. No fim, todos ganham. O bando de párias cria um novo mundo onde a luz do sol irradia pela primeira vez enquanto o cineasta elege uma mulher, Rose McGowan (noiva do diretor na vida real) pra comandar esse novo mundo. Na imagem dela Rodriguez resume e amplia todo seu cinema, unindo o antigo e o contemporâneo, o sublime e o grotesco. A nós só resta invejá-lo por seu bom mau gosto. ___________________________________________________________

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