segunda-feira, novembro 05, 2007

Em Paris

(Christophe Honoré, 2006)

É um filme irregular: quando erra é muito ruim; quando acerta é muito bom. Quase tudo que não funciona envolve o personagem de Louis Garrel, que parece estar num outro filme. Na verdade, ele sabe que está num filme e quase todas as suas proezas só são possíveis na terra mágica dum cinema que quer ser tão fofinho quanto o pior Truffaut. Mas há outras coisas muito mais bonitas e interessantes neste Em Paris. É um filme que começa forte, com o fim dum relacionamento amoroso mostrado em elipses que registram a deterioração do casal sem jamais explicá-la.

Essa separação tem conseqüências fortes no personagem de Romain Duris (no filme, irmão do Garrel) e Em Paris passa a ser também sobre como sua família problemática reage a sua depressão. Embora o filme se torne aparentemente mais linear nesta segunda parte, com a ação transcorrendo no período de um dia, ele apenas repete de maneira mais ampla o procedimento da primeira parte. Ou seja, o drama emocional e familiar continua sendo filmado em momentos, vários muito expressivos. Seja a visita da mãe, a leitura do livro infantil, o flash-back da ponte, etc. Um desses momentos – a canção durante o telefonema – além de especial, antecipa o filme seguinte de Honoré, Canções de Amor, ainda mais belo que este Em Paris.
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