terça-feira, novembro 06, 2007

Canções de Amor

(Christophe Honoré, 2007)

Canções de Amor é ainda mais lindo e melhor resolvido que o filme anterior do Honoré, Em Paris. Contudo, se você relevar o fato de que fazer um musical hoje em dia – cujo enredo é sobre um menino, envolvido com duas meninas, que depois acha a felicidade com outro menino – é por si só um ato de ousadia, talvez fique a sensação de um filme aquém de suas próprias possibilidades. Isso porque embora Honoré filme o ménage à trois com carinho e sem julgamento, ele o faz com certa distância, evitando os aspectos emocionais e sexuais mais intensos duma relação assim. Felizmente, há uma proximidade maior na câmera do diretor quando Louis Garrel se envolve com o outro rapaz. Ainda assim, o cineasta corta o filme no final feliz, antes de explorar mais desdobramentos dessa relação.

Dito isso, é importante reconhecer que Honoré evoluiu em relação ao Em Paris. Aqui ele equilibra melhor a melancolia de seus personagens com a vontade de fazer um filme nem um pouco naturalista. Dessa mistura ele cria belos momentos (talvez Honoré seja um cineasta de grandes cenas, não grandes filmes): os números musicais nada espetaculares, todas as cenas de Garrel com a família da Ludivine Sagnier, sua generosidade (calculada) ao filmar seres humanos tentando trepar e amar sem medo de errar. Ainda não sei se Honoré é gênio ou picareta, mas aguardo seus próximos filmes entusiasmado. ___________________________________________________________

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