sexta-feira, janeiro 11, 2008

Longe do Paraíso

(Todd Haynes, 2002)

Por falar em política americana, não consegui parar de pensar no Barack Obama ao ver recentemente Longe do Paraíso. É porque faz parte do elenco Dennis Haysbert, que no seriado 24 interpretou David Palmer, o primeiro negro Presidente dos EUA. Achei irônico ele viver no filme do Haynes um jardineiro dos anos 50. Contudo, creio que trata-se duma feliz coincidência, pois a série estreou nos EUA no final de 2001 e demorou um pouco pra fazer sucesso.

Em Longe do Paraíso, Haysbert se apaixona por uma dona de casa (Julianne Moore). Infelizmente a proximidade dos dois só é possível a sós – em público seu comportamento é sempre observado e reprovado, tanto pelos brancos quanto negros. Repare como o filme é um constante jogo de olhares, seja retratando a intolerância ou o desejo, o público ou o privado. E voyerismo é inerente a idéia do cinema e TV.

Acrescente o fato de que o filme de Haynes, jamais poderia ter sido feito naquela época. Pois apesar de emular perfeitamente os melodramas de Douglas Sirk daquela década, a abordagem de sua temática é aberta demais. Mas até aí, quantos filmes do cinemão atual são assim? Quantos dão um espaço justo às minorias étnicas? Ou seja, mais do que a repressão dos anos 50 (e dos anos 2000), o verdadeiro alvo de Longe do Paraíso é a indústria audiovisual americana, de ontem e hoje.

Preste atenção no jogo de olhares:

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