terça-feira, janeiro 31, 2006

FILME: Free Zone


Free Zone (idem, 2005, de Amos Gitai) – **

Amos Gitai abre seu filme com impacto: o rosto de Natalie Portman chorando por 10 minutos. Ouvimos uma canção sobre animais se matando, num ciclo sem fim. Remete a Israel e Palestina, claro. Excelente cena, mas depois dela o filme só esfria. A mulher é Rebeca (Portman), turista americana que rompeu o noivado. Desnorteada, aceitou acompanhar a motorista Hanna (Hana Laszlo), que vai cobrar dívidas na zona livre do título. É um lugar fora de Israel – entre fronteiras – onde judeus e palestinos fazem negócios entre si.

Gitai filma este road-movie sem sair do carro. A câmera na mão busca o documental, mas esbarra em excessos da ficção. Ele mostra interesse na mudança de paisagens e a tensão entre fronteiras. Porém, estraga isso ao usar fusão – duas imagens simultâneas na tela – embaralhando flash-backs de Rebeca e Hanna com cenas da viagem. É um artificio confuso que nos distrai do mais importante num road-movie: as paisagens visitadas. Pior, os flash-backs nem conseguem tornar as personagens mais interessantes.

Na verdade o filme só fica atraente quando Rebeca e Hanna chegam na Free Zone. Ali conhecem a palestina Leila (Hiam Abbass), sem dinheiro para pagar Hanna. Tensão entre árabes e judeus é nítida, mas trio se entende aos poucos. Gitai aproveita e pincela problemas palestinos, não só políticos (Israel), mas culturais também. Finalmente o cineasta extrai, de maneira notável, algo humano e político de Free Zone. O desfecho meio surpreendente é uma alegoria cética para situação Israel/Palestina. Faz pensar que – sem confiança – não há entendimento entre povos. Free Zone não é grande filme, mas tem relevância. ___________________________________________________________

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