quarta-feira, janeiro 25, 2006

CHLOË SEVIGNY


Loira, estatura mediana (1,70m), olhos de esfinge e sorriso perverso – quando sorri. Essa aparência misteriosa pertence a uma das atrizes de carreira mais consistente de sua geração (nasceu em 1974). Escolhendo papéis sem levar em conta a remuneração, Chloë Sevigny alterna personagens discretos e polêmicos. Destaque para filmes francos sobre sexualidade, uma constante em sua carreira.

Antes disso, entretanto, teve uma juventudade comum na pequena cidade de Darien,Connecticut. Segundo suas palavras, as viagens da família para Nova York a impediram de tornar-se uma patricinha. Quando tinha 18, mudou-se para Nova York. Mesmo com pouco dinheiro e nenhuma moradia estável Sevigny freqüentava baladas e festas rave diariamente. As vezes passava dias e noites inteiras sem dormir. Foi descoberta como modelo, virando porta-voz fashion de sua tribo, mas diminuindo o ritmo de sua vida agitada.

Foi nessa época que Chloë conheceu o roteirista Harmony Korine, conseguindo seu primeiro papel no cinema. Foi uma adolescente com HIV no controverso Kids, escrito por Korine e dirigido por Larry Clark. Atuou em produções pequenas como o bobinho Crime em Palmetto e o simpático Os Últimos Embalos da Disco. Sua indicação ao Oscar (como coadjuvante) veio em 99, pelo surpreendente Meninos Não Choram. No filme ela interpreta Lana, a paixão de Brandon (Hilary Swank), uma garota que se passa por homem. Sabe-se que Chloë queria o papel de Brandon, o que levou a desentendimentos com Swank durante as filmagens.

Infelizmente isso parece confirmar sua reputação de temperamento difícil e invejosa, compensada pelo talento e dedicação. Aliás, essa versatilidade como atriz chamou a atenção de cineastas europeus e cults. Ela foi uma vítima em potencial do Psicopata Americano. Interpretou uma executiva no estranho e paranóico Espionagem na Rede (Demonlover) de Olivier Assayas. Além disso atuou em 2003 como uma moça mesquinha em Dogville, de Lars Von Trier.

Nesse mesmo ano teve participação decisiva em seu filme mais polêmico. The Brown Bunny é dirigido e estrelado por Vincent Gallo. Na cena-chave Sevigny faz sexo oral explícito em Gallo. O filme foi exibido pela primeira vez em Cannes, que era o paraíso dos cinéfilos tolerantes. O festival vomitou ofensas e piadas maldosas. Não quiseram entender ou aceitar o filme, rotulado como lixo e pronto. Goste ou não, The Brown Bunny é obra séria e pessoal sobre perda, tristeza e solidão. Chloë entendeu e entregou-se de corpo e alma.

Apesar do escândalo bobo, sua carreira não parece ter sido afetada. Apareceu em Melinda e Melinda, Manderlay e Flores Partidas. Atualmente leva uma vida tranqüila, morando tanto em sua cidade natal como Nova York. E felizmente novos papéis continuam a surgir. Os filmes em que Chloë Sevigny trabalha tem ao menos uma característica em comum: é impossível ficar indiferente a eles. Assim como ninguém fica impassível diante dessa bela fera.

Filmografia vista

Flores Partidas (Broken Flowers, 2005, de Jim Jarmusch) - ***
Manderlay (idem, 2005, de Lars Von Trier) - *
Melinda e Melinda (idem, 2005, de Woody Allen) - **
The Brown Bunny (idem, 2003, de Vincent Gallo) - ***
Dogville (idem, 2003, de Lars Von Trier) - ****
Espionagem na Rede (Demonlover, 2002, de Olivier Assayas) - ****
Psicopata Americano (American Psycho, 2000, de Mary Harron) - 0
O Mapa do Mundo (A Map of The World, 1999, de Scott Elliott) - **
Meninos Não Choram (Boys Don't Cry, 1999, de Kimberly Peirce) - ***
Os Últimos Embalos da Disco (The Last Days of Disco, 1998, de Whit Stillman) - **
Crime em Palmetto (Palmetto, 1998, de Volker Schlöndorff) - *___________________________________________________________

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