domingo, janeiro 22, 2006

FILME: A Dama de Honra


A Dama de Honra (La Demoiselle d'honneur, 2004, de Claude Chabrol) – ***

O último filme de Claude Chabrol a chegar nos cinemas brasileiros novamente é uma trama policial. Embora o crime seja obsessão para Chabrol, não espere grandes reviravoltas ou cenas taquicardiacas – isso não o interessa. A Dama de Honra, por exemplo, na verdade fala de paixão e loucura. Sentimentos que tragam todos como um buraco negro. Emoções fortes sem dúvida, mas mostradas de maneira um tanto fria e controlada, o que me parece o ponto fraco deste filme.

Chabrol, com sua câmera sutil e detalhista, começa examinando o cotidiano previsível de uma família de classe média baixa. O filho mais velho não aceita o afeto da mãe por um canalha aproveitador ou o casamento da irmã com um paspalho. Ele não entende pois não conhece nenhum amor além do busto de mulher feito de pedra no jardim de casa. Só entende a paixão quando conhece uma dama de honra (Laura Smet, fantasmagórica) no casamento. Seu amor de pedra vira carne e osso.

Chabrol a filma como mistério, medo e desejo encarnados. Tudo que nosso herói não encontra em sua vida familiar e seu emprego sem graça. A paixão entre ambos é fulminante e perigosa, especialmente depois dela pedir um assassinato como prova de amor. Por que ele nunca afasta-se dela, mesmo quanto tem chance? Porque Chabrol filma o amor (a paixão, o desejo) como um canto de sereia. E esta sereia em especial – a dama de honra – é ameaçadora, mas irresistível. Pois é muito melhor que a realidade. ___________________________________________________________

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