FILME: Charlotte e Seu Namorado
Esta crítica foi a segunda lição de casa pedida pelo Francis no meu curso. Ele gostou mais dela do que meu texto anterior, O Posto de John Carpenter. Eu mesmo tenho minhas dúvidas, gosto bastante do texto anterior. Francis fez apenas a ressalva no meu exemplo sobre Howard Hawks. Afinal, nem tudo que Godard fala é ouro, ele sempre foi contraditório mesmo o tempo todo. De qualquer modo talvez eu devesse ter sido mais explícito nessa questão: só porque Godard disse, não significa que é lei.
Próxima lição de casa vai ser um texto mais longo, sobre Espionagem na Rede (Demonlover) de Olivier Assayas! Ainda não sei o que escrever. Fique mudo depois que o filme acabou. Na verdade a classe inteira ficou... A próxima Musa da Semana vai ser Chloë Sevigny, uma das estrelas de Demonlover. Aguardem.
Agora fiquem com a crítica. Ela está exatamente como a enviei por e-mail para o Francis, sem correções. Por isso também não tem cotação em estrelinhas (ou asteriscos no meu caso). Por favor, se tiverem elogios, dúvidas, sugestões ou reclamações (desde que construtivas) não deixam de dizer, beleza? Eu agradeço.
Charlotte e Seu Namorado (curta-metragem, Charlotte et son Jules, 1960, de Jean-Luc Godard)
por Bruno Amato Reame
No recente Nossa Música (2004) Jean-Luc Godard em pessoa critica cineastas (como Howard Hawks) que segundo ele filmam homens e mulheres de maneira igual. Ou seja, como se os dois sexos fossem uma coisa só. A julgar pelo curta-metragem Charlotte e Seu Namorado (1960), filmar a diferença entre macho e fêmea sempre foi uma das preocupações deste cineasta. O curta é estrelado por Jean-Paul Belmondo, astro de Acossado (1960), cujo personagem recebe a visita inesperada de Charlotte, ex-namorada que o abandonou há meses. Godard não tenta explicar estes dois e sua relação. Apenas registra o momento daquela situação absurda e engraçada.
O patético personagem de Belmondo só tagarela e gesticula sem parar, dizendo a Charlotte que dessa vez "não vai aceitá-la de volta". A montagem do curta é elétrica. Cortes rápidos acompanham o nervosismo de Belmondo e o novo namorado de Charlotte, esperando por ela do lado de fora do apartamento. E Charlotte? Permanece muda, surda e sorridente quase o tempo todo. A câmera respira aliviada sempre que a focaliza. Até a fotografia fica mais esbranquiçada. Seu rosto alegre lembra um palhaço de circo e a trilha sonora ajuda nessa impressão. Bem diferente do mau humor e insegurança de Belmondo. Para Godard, na eterna briga entre meninos e meninas, esta garota já venceu antes de começar.
18.01.2006 ___________________________________________________________
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