Balanço de Reinventando a Política
Só tive tempo para ver dois filmes na mostra Reinventando a Política. A Comédia do Poder é o melhor Chabrol em muito tempo. Ainda mais se você acha que o mestre não arriscou nada em seus últimos trabalhos (no que concordo parcialmente). Aqui, o escândalo político e financeiro investigado pela juíza Jeanne (Isabelle Huppert) é uma Macguffin. Chabrol prefere filmar como mudam as vidas de cada envolvido. Nesse sentido, é exemplar a cena de reencontro no hospital entre a juíza e o primeiro detido.
A própria juíza é fascinante porque ela talvez seja a personagem mais idealista da filmografia de Chabrol. Mas um idealismo sóbrio, pois o filme não chega a ser otimista. Há mais elementos interessantes. A câmera de Chabrol que se aproxima e se afasta, os planos-seqüência, etc. Não é um filme que desperta paixões, mas exige atenção. É até possível que numa revisão eu aumente a nota. Já A Esquiva foi um tédio. O filme se passa no subúrbio parisiense. Os personagens são adolescentes argelinos e franceses "autênticos" que ensaiam uma peça de Marivaux pra escola.
A Esquiva tenta fazer uma ponte entre o humor de Marivaux e as confusões amorosas desses jovens. Só que não tem graça nenhuma. Os personagens não são interessantes, nem a história que vivem. Cinematograficamente falando é um filme bem pobre, em todos os sentidos possíveis dessa palavra. No máximo A Esquiva representa com algum grau de honestidade a juventude francesa. E a atriz principal daqui uns cinco ou dez anos talvez seja a próxima Ludivine Sagnier. Talvez.
A Comédia do Poder (Claude Chabrol, 2005) = 7,5
A Esquiva (Abdellatif Kechiche, 2004) = 3,5
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