Guerra dos Mundos
Jamais achei que um dia Colin Farrell estrelaria os dois melhores filmes do ano, qualquer ano. Bem, estamos em 2006 e Farrell estrela O Novo Mundo e Miami Vice. Preciso dizer mais? O curioso é ver o quanto esses filmes são parecidos. Ambos contam uma história de amor impossível entre um desbravador (Farrell) e uma mulher de cultura diferente. Em O Novo Mundo temos o encontro entre colonizadores ingleses e índios americanos. É esse milagroso encontro de mundos que aproxima Smith (Farrell) de Pocahontas.
Mas o amor entre eles é breve porque seus mundos os levam a destinos diferentes. Também é assim neste Miami Vice de Michael Mann, onde há vários mundos em contato. O primeiro deles é entre a lei e o crime. Sonny (Farrell) é um policial infiltrado numa organização criminosa que se apaixona pela esposa do chefão e braço direito nos negócios. Mas não termina aí. Também há uma questão cultural, pois Sonny é americano. Já sua amada Isabella (Gong Li) é chinesa e cubana (dois países incômodos pros americanos), o que só a torna mais sexy.
Essa questão cultural gera uma inversão política incomum no cinemão. Em Miami Vice os latinos é que estão no primeiro mundo (do crime). São ricos, controlam e exploram os criminosos dos EUA com rigor. Eles também são organizados, globalizados e tem serviço de contra espionagem. Em compensação, as agências americanas legais vistas no filme são burocráticas e corruptas. Por isso elas precisam de homens corajosos e criativos como Sonny e seu colega Rico (Jamie Foxx).
Apenas eles são bons o bastante para encarar esses bandidos profissionais. Os personagens de Miami Vice são tão técnicos que surpreende o amor de Sonny e Isabella tornar-se o principal do filme. Levando isso em conta a cena mais importante é a dança entre Sonny e Isabella. Nela, aos poucos Mann revela os sentimentos de todos os envolvidos na trama. E Miami Vice daí em diante torna-se história amorosa com data de validade vencida e conclusão melancólica. Por esses e outros motivos Miami Vice é um filme especial em vários sentidos.
Há mais a ser dito, sobre a fotografia, a narrativa (prima comercial de Demonlover), etc. Por ora basta.
Miami Vice (Michael Mann, 2006) = 9
O Novo Mundo (Terrence Malick, 2005) = 9,5
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