quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Juno

(Jason Reitman, 2007)

Talvez porque eu tenha mais memórias ruins da minha adolescência que lembranças felizes, não consigo amar filmes que orgulhosamente dizem “viu como somos autênticos?” ao retratar adolescentes como criaturas sabichonas, cheias de referências culturais e respostas espertinhas pra todos os problemas. Ainda mais se o filme em questão assume sem restrições o ponto de vista cínico e distanciado desses monstrinhos.

Uma vez que a descrição acima bate com boa parte do começo de Juno, vocês podem imaginar o meu misto de irritação e indiferença durante minha sessão. Ok, dei algumas – só algumas – risadas também. Aí o roteiro da Diablo Cody vai introduzindo e aprofundando os personagens adultos – mais interessantes que os adolescentes – e o filme vai crescendo conforme a Juno do título vai descendo do Olimpo. Pena que o elenco maduro tenha pouco tempo neste longa, mas dá pro gasto.

No fim das contas, Juno é menos sobre gravidez na adolescência que sobre amadurecer. Diablo simplifica essa questão (crescer é arrumar um grande amor, parece dizer) e Reitman ainda não inspira confiança como diretor. Comparem a cena de parto deste filme, tratada por ele como se fosse um plot point pra chegar no epílogo, com a de Ligeiramente Grávidos pra sentir a diferença. Mas e daí? No fim, o sorriso é inevitável. Como a adolescência.

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