sexta-feira, junho 15, 2007

Zodíaco

(David Fincher, 2007)

É nobre o esforço de David Fincher, conhecido pelos malabarismos visuais desnecessários, em amadurecer neste Zodíaco. Por exemplo, Fincher tenta filmar as cenas de assassinato com rigor e secura. Mas na hora H ele usa câmera lenta e sangue digital. Ainda bem que o filme não é sobre como o Zodíaco matou pessoas. É sobre como esse criminoso tornou-se um evento midiático. Fincher filma o funcionamento da mídia, sua reação aos crimes do Zodíaco. Ele não quer culpar a mídia por "estimular a violência" ou algo assim. Ele apenas mostra como esse processo induziu a população a uma tensão permanente, num discreto paralelo com a mídia atual e o terrorismo.

Contudo, muitas coisas soam falsas em Zodíaco, incluindo a maneira como a passagem de tempo é trabalhada. Pouco importa pros personagens se eles estão nos anos 60, 70 ou 80: o contexto dessas épocas jamais ganha vida e peso dramático – só mudam os detalhes da direção de arte e figurino. Falando nos personagens, policiais e jornalistas que investigaram o Zodíaco, seus dramas também parecem inconclusivos. O filme nos diz que a longa investigação obsessiva deles prejudicou suas vidas, mas nós somos vemos relances disso. É muito pouco. Ainda assim, apesar de seus problemas, Zodíaco é um passo promissor de Fincher rumo à maturidade.

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