quarta-feira, junho 20, 2007

Diário

No sábado, eu fui numa sessão do Cineclube Equipe (clique aqui). Foi ótimo rever meus amigos Kim e Nina (responsáveis pelo Cineclube). Além disso, assisti pela primeira vez A Grande Jornada, de Raoul Walsh e Laura, de Otto Preminger e vi o debate com os críticos Cássio Starling Carlos e Filipe Furtado. Após o debate, quis conhecer pessoalmente o Filipe, que agora é praticamente meu patrão na Paisà. Conversei bastante com ele e com o Cássio, principalmente sobre séries de TV. Na saída do Cineclube, o Cássio foi muito gentil em oferecer pra mim e pro Filipe uma carona até a Avenida Paulista.

No carro a conversa continuou animada, mas o assunto mudou pro papel da crítica hoje. Apesar de ter sido um bate-papo descontraído, algumas questões pertinentes foram levantadas. Entre elas, como conseguir espaço pra escrever pro grande público sobre obras extravagantes como O Hospedeiro e a mini-série global A Pedra do Reino? Como fazer esse público ver e apreciar essas obras (ao invés de mandar cartas e e-mails furiosos)?

Infelizmente os três mosqueteiros não iriam achar as respostas num passeio de carro. Em compensação, eu percebi naquela conversa algo que sempre noto em discussões sobre a função da crítica. O Cássio e o Filipe podem discordar de minhas impressões, mas sempre fico com a impressão que críticos e cinéfilos (incluindo eu) concordam que a crítica parece ter perdido um reconhecimento maior em outros círculos além da própria crítica.

Tenho a sensação que há um muro no Brasil dividindo críticos, cinéfilos, espectadores e realizadores de cinema. Às vezes parece que tudo que a crítica diz e faz permanece (não necessariamente por culpa dela) do seu lado do muro, tendo importância apenas pros próprios críticos. Seria ótimo se pudéssemos levar a discussão sobre cinema a um público maior. Mas, pode ser só impressão minha, raramente vejo isso acontecendo atualmente.

Com isso não quero dizer que "a crítica de cinema está morrendo". Mas, se estivermos vivendo uma "era das trevas crítica", não há razão pra desespero. Por dois motivos. Primeiro, o mundo dá voltas e pode ser que daqui a 50 anos as coisas se invertam. Segundo, a crítica atual tem uma importância ainda maior que nos supostos "bons velhos tempos". Pois ela tem a obrigação de iluminar, pra hoje e pra amanhã, uma época escura e difícil. ___________________________________________________________

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