domingo, fevereiro 24, 2008

Persépolis

(Marjane Satrapi & Vincent Paronnaud, 2007)

Assim que cheguei em casa, fui no computador pesquisar sobre a Revolução Iraniana. Queria escrever um texto esfregando minha falsa superioridade intelectual nos leitores. Desisti quando vi o tamanho da página do Wikipedia (em inglês) sobre o assunto. Países do Oriente Médio são complicados e Persépolis, pro bem ou pro mal, torna um longo e conturbado período histórico do Irã em algo de fácil digestão.

Isso é mais evidente na primeira parte do filme, quando as transformações políticas do Irã são vistas pelo olhar infantil da protagonista. Não gosto de simplificações, mas foi difícil resistir ao charme da menina metaleira, marxista e fã do Bruce Lee. Contudo, Persépolis cresce como cinema conforme nossa heróina amadurece. A rebeldia dela se torna indisfarçável e para protegê-la, seus pais a enviam para a Áustria. Com o passar do tempo, ela descobre que a vida lá não é nenhuma maravilha, mas que o Irã também não é seu lugar. Onde quer que ela vá, sempre será uma estrangeira.

A melancolia dessa personagem sem lenço e documento rende momentos bonitos que tornam Persépolis obrigatório e insinuam uma mensagem política mais forte que a simples denúncia do autoritarismo: a de que o divórcio entre a cultura Ocidental e Islâmica não vai ter uma reconciliação tão cedo. Mundo complicado, o nosso.

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