sexta-feira, janeiro 19, 2007

Babel


(Alejandro González Iñárritu, 2006)

Da série "o mundo é um lugar triste". Deu pra ver que Iñárritu é mesmo um autor. Em todos os seus filmes seus personagens sempre tomam as piores decisões possíveis diante de circunstâncias infelizes. Mesmo quando seria mais crível o contrário, eles sempre pioram tudo. Nesse sentido, é exemplar em Babel a cena de comédia pastelão em que Gael Garcia Bernal estraga tudo espetacularmente quando tenta voltar pros EUA. Fácil, fácil, a pior cena do filme inteiro e a competição é dura. Outra característica em comum é que todos os seus filmes têm narrativas com múltiplos personagens e idas e vindas no tempo. O que, aliás, já virou fórmula.

Tudo isso pra mostrar o cordão invisível que liga todos nós. E que aqui nesse filme se torna global, com cenas nos EUA, México, Japão e Marrocos. Curiosamente a visão global de Iñárritu é a mais estereotipada possível. Em Babel, americanos são ricos e infelizes, mexicanos são festeiros, marroquinos violentos e imundos, enquanto japoneses estão entupidos de sons e imagens. Sem esquecer que turistas europeus são obesos e egoístas e garotas surdo-mudas são coitadinhas porque não arranjam namorado. Apesar de sua pretensão, Babel é uma visão banal do mundo.

Originalmente publicado no site Plano a Plano em 13.10.2006.

OBS: Leiam aqui a excelente crítica de Cléber Eduardo para Cinética, que detalha e expande alguns pontos que escrevi neste post. Gosto especialmente da frase "E aqui entra a política porque, diante dessa visão metafísica, Iñarritu cultiva o medo e a reclusão (o contrário de M. Night Shyamalan, por exemplo, que trata da superação do trauma)". É isso aí.
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