sábado, janeiro 06, 2007

Diamante de Sangue


(Edward Zwick, 2006)

Este filme tem tanta consciência humanitária que ele abre com um pai, Solomon (Djimon Hounson), incentivando seu filho a estudar na escola – onde aprende inglês pra no futuro viver na Inglaterra, claro. Na cena seguinte, um grupo de engravatados anônimos informa que os americanos (sempre eles, os sacanas) são responsáveis por uma tragédia internacional: as guerras por campos de diamante na África. Então Solomon, após mil peripécias ao lado dos amiguinhos Danny (Leonardo DiCaprio) e Maddy (Jennifer Connelly), é levado aos mesmos engravatados. Um deles explica que Solomon está lá pra falar em nome do 3º mundo (o que inclui África, parte da Ásia e quase todo o continente americano). O que nosso herói vai dizer sobre Serra Leoa, África, diamantes, 1º mundo? Nada – porque antes dele começar seu discurso ocorre um fade-out e sobem os créditos finais. É essa hipocrisia humanitária, que não deixa o injustiçado falar por si próprio, que prevalece em Diamante de Sangue.

Quando o filme acaba saímos sem saber nada do povo de Serra Leoa, suas idéias e modo de vida, só que se matam por diamantes. Nem isso é bem representado, pois os massacres (feitas com alguma competência técnica) são apenas uma desculpa pro corre-corre dos heróis. Zwick mostra atrocidades, grupos de figurantes sangrando e gritando, mas não deixa que elas sujem os três protagonistas nem o espectador. Por exemplo, o filho de Solomon seqüestrado por guerrilheiros aparece o suficiente pra sabermos que está numa situação ruim, mas não o bastante pra ganhar relevância narrativa ou nossa empatia. Engraçado é quando Danny acusa Maddy, uma jornalista, de explorar o sofrimento de Solomon. Cara de pau ou consciência pesada de Zwick?

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