quarta-feira, maio 16, 2007

Diário

Vocês devem achar contraditório alguém gostar de Família Soprano e freqüentar uma psicoterapeuta. Afinal, uma coisa ficou clara nesses nove anos em que a série esteve no ar (faltam três episódios pro seriado terminar). O mafioso Tony Soprano não melhorou em nada freqüentando a Dra. Melfi. Ok, seus ataques de pânico pararam e Tony passou a controlar a depressão. Mas ele ainda é um sociopata que destrói pessoas a sua volta por motivos mesquinhos. Com o tratamento, Tony entendeu por que se tornou assim. Porém, a tranqüilidade ganha com esse conhecimento foi substituída por desespero ao perceber que não consegue mudar sua vida. Ao final do recente episódio Kennedy and Heidi (um dos melhores do programa), Tony tem uma epifania. Ele parece perceber que só será feliz se aceitar-se como monstro.

Eu, por outro lado, não sou mafioso nem assassino (meu advogado me orientou a dizer isso). Contudo, quero aprender a lidar com alguns aspectos meus que me incomodam – timidez, indecisão, passividade. Por isso comecei a fazer psicoterapia há alguns meses. E por enquanto o resultado está acima das minhas expectativas iniciais (abissais). É maravilhoso toda semana falar em voz alta o que penso sobre mim e o mundo. Porém, mais importante do que reclamar de meus problemas, as sessões estão me ajudando a entender quem sou eu. Essa compreensão gradual está me trazendo serenidade. Entretanto, ao assistir Família Soprano percebi que não basta entender quem é você. Uma hora é preciso coragem pra transformar a própria vida. ___________________________________________________________

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