quinta-feira, abril 12, 2007

15 minutos de 24 Horas

Chloe

Adicionei na coluna lateral cotações dos episódios de estréia de Família Soprano (nos EUA) e 24 Horas (Brasil). Aliás, por falar em 24, belo episódio de estréia da sexta temporada nesta terça-feira. Várias pessoas acham a série superestimada (né Francis?). Eu mesmo não gosto da natureza reacionário do programa. Mas é preciso tirar o chapéu pra diversas qualidades do seriado. O formato “em tempo real” de 24 constantemente obriga seus criadores a criarem uma narrativa sem firulas. Como exemplo, os 15 minutos iniciais deste primeiro episódio foram uma aula de dramaturgia e narrativa enxuta.

O episódio começa com um noticiário na TV informando que uma série de atentados a bomba nos EUA matou centenas. Um homem árabe assistindo o noticiário num ponto de ônibus é visto pelos outros com desconfiança. Ele tenta embarcar num ônibus, mas o desconfiado motorista não permite. Enquanto esse homem vê seu ônibus ir embora, um dos passageiros (que não é árabe) liga um artefato explodindo o veículo e matando todos a bordo.

Corta pruma discussão entre Tom e Karen, assessores da Casa Branca, sobre como conter os atentados. Tom quer aprovar medidas para prender qualquer pessoa de origem islâmica. Karen é contra, lembrando que a comunidade islâmica tem ajudado com informações valiosas. O Presidente Wayne Palmer entra em cena. Hesitante, ele concorda com Karen, pois não quer cometer o mesmo erro de Roosevelt, que encarcerou milhares de civis japoneses durante a Segunda Guerra. Ele também cita que a prioridade é matar Assad, suposto mentor dos ataques. Segundo o Presidente, isto é algo que a agência CTU não pode falhar de jeito nenhum já que ele “pagou um alto preço” por essa informação.

Corta pra CTU, onde vemos um discussão entre dois agentes, Morris e Milo, que não conseguem trabalhar juntos porque Morris não segue os protocolos da agência. Milo sai de cena e entra a analista de informações Chloe (agora promovida a gostosa do pedaço). Ela pede para Morris, seu namorado, ser razoável e parar de brigar com Milo. Em seguida Chloe questiona Nadia sobre informações obscuras circulando na CTU. Nadia menciona que a CTU sabe onde Assad está localizado, graças a Jack Bauer. Chloe lembra que Bauer está preso na China. Aparentemente não é mais o caso.

Corta prum aeroporto. Bill e Curtis olham um avião que acabou de pousar. Um Jack Bauer quase irreconhecível (barbudo e cabeludo, vestindo trapos) é levado pra fora do avião, algemado por agentes chineses. Aqui vale destacar o ótimo uso de sombras e o jogo de olhares entre todos os personagens. Um dos chineses diz que Jack foi torturado por dois anos mas não disse uma palavra. O Presidente dos EUA entrou em algum acordo pra libertá-lo da China. Jack é levado pra um hangar onde Bill informa-o dos atentados e que Assad está por trás deles. Um dos homens de Assad pretender entregar a localização do chefe pra CTU em troca de dinheiro. Infelizmente ele também quer Jack Bauer, para matá-lo por vingança (Jack matou seu irmão). Fragilizado, nosso herói concorda em se sacrificar para pegarem Assad. Ele apenas pede pra limpar-se antes disso. Bill indica um lugar no hangar preparado pra isso. Jack se levanta e ao se tirar a camisa vemos várias cicatrizes pelo corpo, mostrando que foi MUITO torturado. Corta pros comerciais.

Então vejamos. Nessa seqüência inicial somos colocados diretamente na ação. Temos uma enorme quantidade de informações e personagens, seus conflitos e suas funções na trama. Por último, ficamos ansiosos pra saber como o protagonista, Jack Bauer, vai escapar dessa situação. Além disso entendemos a enorme dificuldade que nosso herói terá nesta temporada (sua fragilidade física e emocional são evidentes). Tudo isso em 15 minutos! Se isso não é uma narrativa enxuta das mais brilhantes eu sou mico de circo. ___________________________________________________________

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