terça-feira, maio 08, 2007

Ricky Bobby - A Toda Velocidade

(Adam McKay, 2006)

Os dois filmes de Adam McKay, O Âncora e Ricky Bobby, têm protagonistas improváveis: personagens grotescos (Will Ferrell, claro), mas admirados pela sociedade. Ricky Bobby, por exemplo, é o maior piloto da Nascar – até um acidente traumático que o faz ter medo de dirigir. Ricky se torna um perdedor, pois apenas naquele espaço de mau gosto assumido, a Nascar, alguém tão ridículo pode ser um vencedor. Ele só dá a volta por cima ao reencontrar a harmonia familiar. É a tradicional história de superação pessoal dos filmes de esporte – ironizada sem dó pelo filme (disponível nas locadoras). Nesse sentido, é especialmente feliz a longa seqüência de reencontro entre Ricky e seu pai (Gary Cole, roubando a cena) sumido há décadas. Ele volta pra reensinar Ricky a ser um vencedor. Suas lições rendem piadas antológicas: o puma escondido, a cocaína, etc.

Infelizmente, o filme Ricky Bobby não tem a anarquia de O Âncora. Ao contrário, é um filme previsível porque fiel demais ao conceito de "sátira aos filmes de esporte". Muitas possibilidades de humor são engessadas porque os momentos mais fáceis de ridicularizar nos filmes de esporte são justamente os mais ridicularizados. Em compensação, vale citar o faro de McKay pra criar um ecossistema de personagens, em que todos têm ao menos uma cena pra brilhar. Ou muitas cenas, se você levar em conta os extras do DVD de Ricky Bobby– um mais engraçado que o outro. São cenas cortadas divertidíssimas e múltiplos diálogos improvisados pras mesmas situações. O cinema de McKay é composto por fragmentos que, juntos ou separados, são o que há de mais promissor na comédia atual.


Ricky Bobby após o acidente:

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