terça-feira, março 06, 2007

Seriados inéditos na TV – o veredito

O e-mule é mesmo uma ferramenta maravilhosa. Vejam meu caso, além de estar vendo obras pioneiras dos irmãos Lumière e George Méliès, estou acompanhando seriados americanos badalados mas ainda inéditos aqui no Brasil.

Ontem, por exemplo vi o piloto de Dexter, série sobre um serial-killer que caça serial-killers. É um seriado instigante, mas acho que não vai me surpreender muito porque já li muita coisa sobre ele (eu sei, por exemplo, a identidade do principal antagonista). Digno de nota, além da atuação de Michael C. Hall como Dexter, é o uso da narração over, recurso brilhantemente empregado, como raramente se vê hoje em dia na TV e no cinema – pois cria um choque interessantíssimo entre o mundo externo e o subjetivo de Dexter. Aguardem, pois certamente escreverei mais sobre este perturbado anti-herói.

Outra série é a polêmica Masters of Horror. Ao contrário de outras séries, não estou vendo os episódios na ordem, apenas os mais comentados da primeira temporada – Dante, Argento, Landis, Cohen e Gordon. O único que vi por enquanto foi Cigarette Burns do mestre Carpenter, um de seus melhores trabalhos em muito tempo. Fiquei empolgado com o que vi e aceito dicas de outros episódios que valham a pena.

Também vi dois episódios de Jericho – sobre a vida duma cidade pequena do Kansas após os EUA sofrerem um ataque (aparentemente interno) nuclear maciço – e não me entusiasmei. A série recicla o ponto de partida de LOST, tragédia unindo diversos personagens, mas o foco está na soap-opera – quase todos os desinteressantes personagens estão envolvidos num triângulo amoroso.

Tirando esses conflitos amorosos, há poucas ambigüidades e uma aparente reacionarismo que incomoda. Por exemplo, a fotografia da série deixa o jogo claro. Enquanto os protagonistas estão em suas casas, são banhados por uma luz externa divina, branca, agradável e acolhedora. Nas ruas de Jericho e, principalmente, fora da cidade, a luz é fria, azulada e inóspita. Tirem suas próprias conclusões.

Por fim, Studio 60. Existe uma fórmula Aaron Sorkin de se fazer séries de TV (Sports Night, The West Wing) que, além de repetitiva, me incomoda muito. Consiste de uma mistura insípida de drama, comédia e romance, sem nunca aderir a nenhuma dessas propostas; excesso de personagens e verborragia compensando narrativas ruins; e uma visão um pouco idealizada das instituições que aborda. Sorkin lida com idéias importantes, mas num formato pouco atraente – acho suas séries mais interessantes de serem discutidas que vistas.

Studio 60, sobre os bastidores de um show estilo Saturday Night Live, tem um pouco disso tudo, mas foi um alívio descobrir o quanto a série é descontraída em comparação com The West Wing. Há pouco espaço para sermões sobre o papel da TV, narrativas pomposas e personagens idealistas (talvez porque o assunto tratado dê pouca margem pra idealismos). O elenco é nota 10: Bradley Whitford e a charmosa Amand Peet são sempre confiáveis, mas o destaque fica pra Sarah Paulson e um surpreendente Matthew Perry. Fãs irão discordar veementemente, mas é a melhor coisa que Sorkin criou. ___________________________________________________________

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