segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Oscar 2008

Para saber quem foram os vencedores, clique aqui.

Ao contrário do ano passado, decidi assistir o Oscar em 2008. Afinal, não é todo ano que meu filme preferido entre os indicados é: a) favorito pra ganhar o prêmio principal; b) a obra-prima de cineastas que normalmente não curto. Posso estar enganado, mas acho que este Oscar foi relativamente mais curto e sóbrio em relação aos anteriores. Vamos aos destaques:

Rubens Ewald Filho – com a tecla SAP ele é o melhor comentarista de Oscar do mundo.

Jon Stewart – menos inspirado que dois anos atrás, provavelmente reflexo da greve dos roteiristas. Mesmo assim, ele ainda é o melhor apresentador desde... sempre? Deu um puxão de orelha na hipocrisia da Vanity Fair, brincou com a Hillary e ainda chamou a moça da canção de Once de volta ao palco pra fazer o seu discurso. Stewart pro ano que vem!

Daniel Day-Lewis – a cara de conformados dos concorrentes antes mesmo do vencedor ser anunciado.

Cate Blanchett – a cara dela ao ver o clipe que escolheram pra sua atuação em Elizabeth. Sim, atores têm consciência da porcaria que fazem.

irmãos Coen – descansando no sofá no clipe de Roteiro Adaptado.

Diablo Cody – uma stripper envergonhada. Quando você acha que já viu tudo...

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domingo, fevereiro 24, 2008

Persépolis

(Marjane Satrapi & Vincent Paronnaud, 2007)

Assim que cheguei em casa, fui no computador pesquisar sobre a Revolução Iraniana. Queria escrever um texto esfregando minha falsa superioridade intelectual nos leitores. Desisti quando vi o tamanho da página do Wikipedia (em inglês) sobre o assunto. Países do Oriente Médio são complicados e Persépolis, pro bem ou pro mal, torna um longo e conturbado período histórico do Irã em algo de fácil digestão.

Isso é mais evidente na primeira parte do filme, quando as transformações políticas do Irã são vistas pelo olhar infantil da protagonista. Não gosto de simplificações, mas foi difícil resistir ao charme da menina metaleira, marxista e fã do Bruce Lee. Contudo, Persépolis cresce como cinema conforme nossa heróina amadurece. A rebeldia dela se torna indisfarçável e para protegê-la, seus pais a enviam para a Áustria. Com o passar do tempo, ela descobre que a vida lá não é nenhuma maravilha, mas que o Irã também não é seu lugar. Onde quer que ela vá, sempre será uma estrangeira.

A melancolia dessa personagem sem lenço e documento rende momentos bonitos que tornam Persépolis obrigatório e insinuam uma mensagem política mais forte que a simples denúncia do autoritarismo: a de que o divórcio entre a cultura Ocidental e Islâmica não vai ter uma reconciliação tão cedo. Mundo complicado, o nosso.

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quinta-feira, fevereiro 21, 2008

U.FRAME - Festival Internacional de Vídeo Universitário

O U.Frame é o primeiro Festival Internacional de Vídeo organizado pela Universidade do Porto (Portugal), em parceria com a UDC (Universidade da Coruña - Espanha). Pré-inscrições até 1 de Abril e envio de trabalhos até 15 de Abril. O evento decorre de 1 a 5 de Outubro nas instalações do Curso de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto e na Biblioteca Almeida Garrett.

Para saber mais, clique aqui. ___________________________________________________________

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domingo, fevereiro 17, 2008

A Gravata

Parte 1:


Parte 2:


Parte 3:

(Alejandro Jodorowsky, 1957)

Que alívio finalmente acrescentar algo interessante à seção de Curtas deste blog! A Gravata é o primeiro trabalho atrás da câmera do bruxo Alejandro Jodorowsky. Uma estréia até mais interessante como cinema que seu primeiro longa-metragem, Fando e Lis (de 68!). Pena que não achei o curta na íntegra em um único vídeo, mas ele está completo nessas três partes. Basicamente, é um show de mímica divertido - e eu odeio mímicos.

O uso das cores e da música merece destaque, mas o mais notável é como o curta já trabalhava questões que interessavam ao cineasta: já estava presente a idéia da jornada em busca de valores falsos (aqui; Gula, Luxúria, Vaidade) que se transforma numa busca por valores mais importantes aos olhos de Jodorowsky (aqui; amor platônico e satisfação pessoal). Nada que ele não tenha desenvolvido melhor em alguns de seus filmes posteriores, mas digno de nota.

OBS: o próprio Jodorowsky atua no papel principal. ___________________________________________________________

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quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Sweeney Todd

(Tim Burton, 2007)

Eu vi este filme já faz quase uma semana e não sei o que dizer sobre ele. Ainda devo estar em choque. Ou então é porque não entendo nada de Tim Burton. Deve ser isso, porque li comentários de que isto aqui era um “Burton previsível” e coisas assim. Pelo visto, entre os cinéfilos virtuais, há muita gente que compreende o cineasta bem mais do que eu. Palmas pra eles. Pois, quando fui no cinema, estava preparado para um musical violento e divertido, algo como Fábrica de Chocolate com Cavaleiro sem Cabeça. Mas não pra Sweeney Todd.

Pra começar, de divertido o longa não tem quase nada. É o mais fúnebre e apocalíptico de sua obra – mais até que Planeta dos Macacos. Num certo momento, o anti-herói diz que a humanidade inteira deve morrer (incluindo ele mesmo), enquanto o vilão afirma que todo homem merece a forca. Pela humanidade que vemos na tela, fica difícil discordar deles. Todos são sórdidos e, ao contrário de outros Burton, não há possibilidade dos freaks conquistarem seu espaço, já que todo mundo tenta passar a perna em todo mundo.

Talvez isso explique as atuações geladas (embora Johnny Depp esteja sensacional): na verdade estão todos mortos, condenados que ainda não compareceram à forca. O amor existe, mas é uma ilusão cruel da Lovett (Helena Bonham Carter) e fonte de mais ódio e ressentimento. De fato meus amigos, por um Tim Burton assim eu não esperava. Por isso não encarem as três estrelas como uma sentença. Está mais para um lembrete a mim mesmo de rever o filme despido da minha estranheza inicial. E aí, quem sabe?

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Cineclube Equipe

Meus amigos Nina e Kim mandaram este e-mail pra avisar que neste fim de semana o Cineclube Equipe volta a funcionar. E eles já tem boa parte da programação deste ano planejada, com filmes e debatedores muito interessantes.

O Cineclube Equipe, projeto sem fins lucrativos do Instituto Equipe Cultura e Cidadania, inicia suas atividades de 2008 neste sábado 16 de fevereiro com a primeira sessão do Panorama Experiências do Cinema. O ciclo, que durará um semestre de sessões mensais, se propõe a estudar os cinemas experimentais. O tema da sessão de 16 de fevereiro é o cinema de vanguarda dos anos 1920: serão exibidos, a partir das 16h, curtas de Marcel Duchamp, Man Ray, René Clair, Luis Buñuel, entre outros e, às 18h, haverá debate com o professor da FAAP João Guedes. Serão disponibilizados livros para consulta e murais informativos sobre o tema, além de venda de apostilas com textos de apoio ao panorama e sorteio de livro. A sessão custa R$4,00 e acontece no auditório do Colégio Equipe (R. Bento Frias, 223 - Pinheiros, São Paulo/ tel. 3814-2188).

O debatedor
João Guedes é professor da FACOM/FAAP, doutor em Teoria Literária pela USP e pós-doutor em Teoria da Literatura pela UNESP.

Panorama Experiências do Cinema
As outras sessões serão: em março, o cinema de Andy Warhol; em abril, cinema de invenção brasileiro dos anos 1970; em maio, o cinema de Jerry Lewis; e em junho, cinema experimental contemporâneo: Apichatpong Weerasethakul. Os debates contarão com nomes como Rubens Machado Jr., Felipe Bragança, Ruy Gardnier, Arthur Autran e Francis Vogner dos Reis.

Para mais informações e programação completa da sessão e do panorama, visite: http://www.cineclubeequipe.blogger.com.br/

Núcleo de Cultura do Instituto Equipe Cultura e Cidadania ___________________________________________________________

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quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Juno

(Jason Reitman, 2007)

Talvez porque eu tenha mais memórias ruins da minha adolescência que lembranças felizes, não consigo amar filmes que orgulhosamente dizem “viu como somos autênticos?” ao retratar adolescentes como criaturas sabichonas, cheias de referências culturais e respostas espertinhas pra todos os problemas. Ainda mais se o filme em questão assume sem restrições o ponto de vista cínico e distanciado desses monstrinhos.

Uma vez que a descrição acima bate com boa parte do começo de Juno, vocês podem imaginar o meu misto de irritação e indiferença durante minha sessão. Ok, dei algumas – só algumas – risadas também. Aí o roteiro da Diablo Cody vai introduzindo e aprofundando os personagens adultos – mais interessantes que os adolescentes – e o filme vai crescendo conforme a Juno do título vai descendo do Olimpo. Pena que o elenco maduro tenha pouco tempo neste longa, mas dá pro gasto.

No fim das contas, Juno é menos sobre gravidez na adolescência que sobre amadurecer. Diablo simplifica essa questão (crescer é arrumar um grande amor, parece dizer) e Reitman ainda não inspira confiança como diretor. Comparem a cena de parto deste filme, tratada por ele como se fosse um plot point pra chegar no epílogo, com a de Ligeiramente Grávidos pra sentir a diferença. Mas e daí? No fim, o sorriso é inevitável. Como a adolescência.

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domingo, fevereiro 03, 2008

JANEIRO

Salas de Cinema

4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias (Cristian Mungiu, 2007)
Desejo e Reparação (Joe Wright, 2007)
A Espiã (Paul Verhoeven, 2006)
Eu Sou a Lenda (Francis Lawrence, 2007)
O Gângster (Ridley Scott, 2007)
Garoto Cósmico (Alê Abreu, 2008)
A Lenda do Tesouro Perdido - O Livro dos Segredos (Jon Turteltaub, 2007)
Meu Nome Não é Johnny (Mauro Lima, 2008)
Paranoid Park (Gus Van Saint, 2007)

Casa

Os Amores de uma Loira (Milos Forman, 1965)
O Ano do Dragão (Michael Cimino, 1985)
Doze Homens e uma Sentença (Sidney Lumet, 1957)
Eraserhead (David Lynch, 1977)
Fando y Lis (Alejandro Jodorowsky, 1967)
Longe do Paraíso (Todd Haynes, 2002)
Louca Paixão (Paul Verhoeven, 1973)
Nosferatu - O Vampiro da Noite (Werner Herzog, 1979)
O Olhar da Inocência (Jean Becker, 1999)
On the Occasion of Remembering the Turning Gate (Hong Sang-soo, 2002)
Pacto de Sangue (Billy Wilder, 1944)
Stroszeck (Werner Herzog, 1977)
Tout contre Léo (Christophe Honoré, 2002)
O Vigia (Scott Frank, 2007)

Em janeiro eu vi menos filmes do que no mês anterior. Tive uns problemas no meu PC que atrapalharam meus downloads. Com isso, algumas retrospectivas de cineastas que estou fazendo ficaram prejudicadas. Mesmo assim, foi um mês em que assisti mais filmes do que de costume. Espero que esse ritmo seja a norma em 2008. ___________________________________________________________

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sábado, fevereiro 02, 2008

O Vigia

(Scott Frank, 2007)

Eu aluguei esse filme porque tinha lido coisas bem positivas sobre ele quando foi lançado nos EUA. É a estréia na direção do roteirista Scott Frank (Minority Report) e foi uma pequena decepção. Curiosamente, achei o longa parecido com a estréia de outro roteirista na direção, Conduta de Risco de Tony Gilroy. Ambos são de gêneros usados e abusados, os quais nem tentam inovar: “advogado enfrenta conspiração” (Gilroy) e “otário aceita participar dum assalto” (Frank). Mas o que os dois têm de mais interessante é o retrato amargurado de seus protagonistas, um advogado cansado da profissão e, neste O Vigia, um jovem sem perspectivas após sofrer lesões cerebrais.

Entretanto, por mais lugar-comum que Conduta de Risco aparente ser, você vê que Gilroy acredita em tudo que filmou. Até a mais manjada cena de conversa gravada foi encenada com seriedade e empenho. O que choca em O Vigia é justamente o descaso com que filma todas as cenas e reviravoltas (previsíveis de dar dó, o que torna tudo pior) obrigatórias num filme assim. No fim das contas, fiquei com mais pena ainda do anti-herói deste filme: ninguém acreditava no potencial dele, nem mesmo seu diretor.

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sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Desejo e Reparação

(Joe Wright, 2007)

Revista Paisà atualisada. Dessa vez só tem crítica de filme polêmico: A Desconhecida, Eu Sou a Lenda e o romeno 4 Meses. Eu fiquei com Desejo e Reparação. Para ler minha crítica, clique aqui.

Uma coisa que faltou abordar no meu texto (por falta de espaço) foi a seqüência final. O Filipe Furtado já tinha esboçado algo no blogue dele sobre os problemas do desfecho do filme, então vou contribuir com algums idéias minhas. Basicamente, Joe Wright quer que a gente perdoe a Briony pelo que fez e ainda quer nos emocionar com a redenção literária dela. Ele realmente acredita que uma reparação, ainda que mínima, é possível através da arte. Daí a aparição da Briony num desses programas de TV em que os entrevistados confessam suas mazelas publicamente; daí a imagem do casal andando feliz na praia. Achei isso bem ingênuo. Pessoalmente, prefiro o desfecho do livro - lá a conclusão é seca e o que fica na mente do leitor é a incrível arrogância da Briony em querer consertar o mundo através da arte.

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