sexta-feira, novembro 30, 2007

O Reino

(Peter Berg, 2007)

É questionável o oportunismo de certos filmes de ação que divertem o espectador com sua violência mas também pregam que essa mesma violência é "errada". Esse ano tivemos Tropa de Elite, agora temos nos cinemas O Reino. Curiosamente, ambos são sobre "tropas de elite" em ação contra um inimigo numeroso e sanguinário.

O Reino atinge o ápice do oportunismo no terceiro ato, numa asquerosa seqüência em que meia dúzia de mocinhos (americanos e sauditas) correm contra o tempo para salvar um agente do FBI de ser decapitado por terroristas. O grupo enfrenta dúzias de inimigos num bairro pobre duma cidade saudita, destrói a vizinhança e triunfa no final, com direito a piadinha. Contudo, estou disposto a dar o benefício da dúvida para O Reino. O diretor Peter Berg encena muitas sutilezas dignas de nota. Por exemplo, é interessante o paralelo feito entre as equipes americana e saudita e suas dificuldades em lidar com as autoridades políticas de seus respectivos países.

Também é de fundamental importância a presença de crianças intercalando a narrativa – dois momentos se destacam: no primeiro, você dificilmente achará em outro filme americano recente um plano como o da menina abraçada ao avô durante um tiroteio; o segundo, a montagem paralela que encerra O Reino. Esse desfecho contundente não redime o filme de alguns problemas estéticos e dramáticos, mas te faz repensar tudo que foi visto até então e mostra que Peter Berg tem algo relevante a dizer com sua câmera. Pra mim já tá bom.

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quinta-feira, novembro 29, 2007

Mulheres em perigo?

Ok, estou um pouco atrasado pra comentar sobre isso, mas tá valendo: você sabe que tem algo de muito errado com nossas autoridades (políticas, policiais) quando uma moça, um ser humano, é mantida numa cela com dezenas de homens por quase um mês sendo violentada diversas vezes e a maior preocupação é determinar se ela tinha 15 ou 19 anos. ___________________________________________________________

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Cineclubes em perigo?

E-mail que recebi de um amigo e achei muito importante compartilhar com vocês.
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Consórcio Europa Filmes processa universidade devido a Cineclube
Por PROPRIEDADE INTELECTUAL 19/11/2007 às 21:22

No mês de setembro, ocorreu a Jornada Nacional de Cineclubes Brasileiros,incentivo a atividade cineclubista, na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Porém, passados 2 meses, na quarta-feira (14) a universidade foi condenada a pagar indenização pelas atividades do Cine Falcatrua, o qual funciona desde 2004 na universidade. A ação surgiu devido a exibição do filme "Fahrenheit 911", do cineasta Michel Moore. O consórcio Europa, responsável pela distribuição do filme, entrou com pedido de indenização por danos patrimoniais e morais que dentre outros solicita "destruição dos equipamentos usados para as exibições". A juíza da 6ª Vara Federal Cível,Renata Coelho Padilha Gera julgou parcialmente procedente os pedidos indenizatórios.

A UFES deverá pagar multa diária de R$ 10 mil por novas infrações semelhantes. Também foi condenada a pagar ao Consórcio Europa, a título de dano material, o valor correspondente aos custos de aquisição para distribuição da obra exibida. Em comunicado recente os cineclubes brasileiros apelam "a todas as forças da sociedade para se posicionarem contra esse grave precedente, ainda em primeira instância, que atenta contra o direito que tem todo ser humano 'de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do progresso científico e de fruir de seus benefícios' (Declaração Universal dos Direitos Humanos)".

Em entrevista recente, o cineasta Michel Moore afirmou: "Não concordo com as leis de direitos autorais e não quero criar um problema com pessoas que querem apenas assistir aos filmes. Enquanto não tentarem lucrar com o meu trabalho, para mim está tudo bem". As exibições no Cine Falcatrua costumam ser gratuitas, respeitando assim a legítima decisão do autor. ___________________________________________________________

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sexta-feira, novembro 23, 2007

Os Donos da Noite

(James Gray, 2007)

Os Donos da Noite inverte nossas expectativas, começando com uma seqüência de fotos verdadeiras retratando ações policiais (prisões e apreensões) para mostrar em seguida uma mulher, Eva Mendes, masturbando-se diante do namorado Bobby Green (Joaquin Phoenix, soberbo). Onde está a polícia? A cena flutua em câmera lenta ao som de "Heart of Glass" da Debbie Harry. Estamos em outro filme, infinito enquanto dura. Bobby acaricia a namorada e diz que se morresse agora seria o homem mais feliz do mundo – ao longo do filme ele vai preferir que seu desejo tivesse sido atendido.

Essa cena é interrompida pelo restante do filme – Jumbo, o melhor amigo de Bobby bate na porta do casal. O trio está na boate El Caribe, "Heart of Glass" está tocando no local e o ano é 1988. Aos poucos o cineasta James Gray põe em cena a delicada teia de relações afetivas e amorosas de Bobby. Ele vai se casar, tem um amigo que age como irmão e é gerente do El Caribe, cujo proprietário é como um pai pra ele. Bobby é o dono da noite – assim ele pensa.

Sua crença começa a ser abalada quando vai visitar sua verdadeira família, composta pelo irmão (Mark Wahlbergh) e pelo pai (Robert Duvall) – ambos policiais. Nessa seqüência, uma confraternização de policiais na igreja local, fica claro que por sua independência e estilo de vida Bobby é a ovelha negra de sua família de sangue. A igreja marca o começo de sua dolorosa conversão espiritual. Seu pai o alerta que a máfia russa ronda o El Caribe e há uma guerra acontecendo entre a polícia e os bandidos, com os quais a "família" adotiva de Bobby está mais envolvida do que ele imagina. Nessa guerra o filho pródigo terá que escolher um lado.

Encima do muro que separa suas duas famílias – a do crime e da lei & ordem – Bobby faz sua escolha. O que nas mãos de um diretor qualquer seria um conto moralista se torna uma tragédia metafísica pra James Gray. Só é possível entender esse aspecto de Os Donos da Noite prestando atenção no rosto dos atores, especialmente no de Joaquin Phoenix. Pois toda escolha implica em perdas – e Bobby sofrerá muitas das duas famílias. Sua onda de infortúnios atinge o ápice numa perseguição de carros sob chuva pesada filmada em tom de pesadelo e com agressividade inédita. A câmera praticamente não abandona o interior do carro de Bobby e o volume de água sugere seu afogamento espiritual.

Da água pro fogo: esse trauma evapora no desfecho – um tiroteio numa plantação em chamas que poderia ter sido filmado por Andrei Tarkovsky – quando Bobby enfim purifica seus medos e dúvidas. Contudo, no epílogo, se olharmos o rosto de Bobby perceberemos que consciência limpa e felicidade são duas coisas que nem sempre caminham juntas. Resta, no comovente plano final, o amor da família: será isso suficiente?

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Acréscimos & decréscimos

Fiz algumas modificações importantes na coluna lateral. Acrescentei o blog Girish e adicionei uma porção de sites novos, todos sobre cinema, claro. O único critério que adotei (ao menos por enquanto) foi de acrescentar apenas sites de atualização constante, que não apresentaram problemas navegação e escritos num idioma que consigo entender (por isso ainda não coloquei endereços importantes como da Cahiers du Cinema, por exemplo).

Enquanto isso decidi manter apenas as cotações de séries de TV que estou acompanhando regularmente. Infelizmente devido a Mostra SP eu parei de acompanhar vários programas, deixando várias temporadas incompletas. Um dia pretendo concluir todas, mas por enquanto fico apenas com uma das minhas favoritas, Dexter. Pra compensar a ausência de tantos outros seriados, eu inclui a cotação de todos os episódios da segunda temporada de Dexter que vi até agora - ao invés de apenas os dois últimos vistos. Gostei do resultado, acho que dá uma boa idéia de como o show está progredindo pra mim. Acho que daqui pra frente farei o mesmo com todas as séries que estiver assistindo. ___________________________________________________________

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terça-feira, novembro 20, 2007

Planeta Terror

(Robert Rodriguez, 2007)

Se há uma figura recorrente em quase todos os filmes de Robert Rodriguez é a do contador de histórias, alguém que conta histórias sobre outros ou de si mesmo. Esse personagem fundamental explicita o que é o cinema de Rodriguez. Basicamente um cinema contador de histórias (cinema físico e direto, aliás) e sobre como contar histórias (ou fazer cinema). Assim, Planeta Terror é tanto uma excelente aventura/horror/sci-fi vagabunda, gosmenta e delirante, quanto sobre o que significa fazer um filme assim em 2007.

Por isso Rodriguez mostra em seu novo filme tanta reverência pelo passado, pela grindhouse, um cinema exploitation dos anos 70/80. Essa reverência se extende à maneira de ver esses filmes – os riscos propositais na tela, os jump-cuts e a gag do “rolo perdido” de Planeta Terror são uma homenagem carinhosa as cópias defeituosas e erros de projeção que marcaram essa extinta forma de cinefilia que foi a grindhouse. Felizmente Rodriguez não quer apenas reverenciar o passado como caminhar em direção ao futuro.

Portanto, Planeta Terror também é uma emocionante declaração de princípios de Rodriguez sobre o tipo de cinema que busca. Assim como na trama um grupo de marginalizados, após um vazamento químico que transforma as pessoas em zumbis, tenta encontrar um lugar seguro, Rodriguez tenta encontar o seu cinema. No fim, todos ganham. O bando de párias cria um novo mundo onde a luz do sol irradia pela primeira vez enquanto o cineasta elege uma mulher, Rose McGowan (noiva do diretor na vida real) pra comandar esse novo mundo. Na imagem dela Rodriguez resume e amplia todo seu cinema, unindo o antigo e o contemporâneo, o sublime e o grotesco. A nós só resta invejá-lo por seu bom mau gosto. ___________________________________________________________

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sexta-feira, novembro 16, 2007

Os Donos da Fila

Ontem, quinta-feira, fui no Shopping Metrô Santa Cruz. Não gosto de shoppings, mas queria ver Os Donos da Noite e naquele dia o cinema Santa Cruz era o mais próximo de minha casa com esse filme na programação. As filas – uma pra cada bilheteria – estavam enormes. Escolhi uma e esperei. O cara atrás de mim, bem mais jovem do que eu, conversava algo curioso com a namorada. Pena que não captei detalhes. Ele falou que um conhecido (parente? amigo?) estava sendo enganado pelos sócios num negócio: “Eles estão ganhando muito mais, mas ele gosta deles, prefere fingir que tá tudo bem”. Depois acrescentou, “Por isso não gosto de gente bonzinha, boa demais, que não reage”.

Quando finalmente chega minha vez na fila um senhor de idade passa na minha frente sem olhar ou pedir passagem. Engulo minha raiva, sei que ele está certo, apenas sinto que ele está errado. O senhor demora pra comprar o bilhete. De repente ele vira pra trás e grita, “Sua carteirinha de estudante não serve!”. Surge o neto, que devia ter minha idade. Ele entrega outra carteirinha pro avô. Quero gritar, quero protestar, mas escolho não reagir. O velho novamente vira pra trás e grita, “Essa aqui também não serve!”. O neto intervém, diz pro avô que ele precisa mostrar as duas carteirinhas ao mesmo tempo pra comprar o bilhete de Os Donos da Noite. O ardil dá certo e o neto consegue seu bilhete.

Eu também compro o meu e vou pra sala, que já está escurecendo. O lugar está quase lotado e são quase todos mais jovens do que eu. Felizmente não enxergo o neto pilantra. Escolho uma poltrona. Entre o público, há uma turma daquelas que gosta de rir de tudo e falar alto. “Vai ser uma daquelas sessões barulhentas”, pensei. Mas o filme começa e, contrariando minhas expectativas, James Gray, Joaquin Phoenix e Robert Duvall impõe respeito. Os espectadores ficam calados, eles querem saber o que vai acontecer naquela história, com aqueles personagens.

Então, diante da mais comovente declaração de amor fraternal do cinema americano recente que fecha Os Donos da Noite, um moleque sentado atrás de mim grita: “Tosco! Que tosco! Eu sempre me decepciono! Não acontece nada nesse filme! Muito tosco!”. Sou um dos últimos a sair da sala. No corredor eu vejo um cartaz de Lady Chatterley. Fico pensando que gênio do marketing achou que seria uma boa idéia anunciar esse filme no Shopping Metrô Santa Cruz. Vou embora pra casa. Estou ficando velho e não entendo mais a garotada de hoje. Isso não é ruim – na próxima fila eu também vou passar na frente de todo mundo.
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domingo, novembro 11, 2007

Uma certa hesitação

Quero muito escrever sobre três dos melhores filmes que vi recentemente: Planeta Terror, En La Ciudad de Sylvia e I’m Not There. Entretanto, tenho hesitado em fazer isso porque os três são filmaços e quero fazer jus a eles, ao invés de escrever algo meia-boca. Curiosamente, apesar de terem diferenças fundamentais, essas três obras-primas têm algo em comum. Em todas, seus respectivos diretores tentam encontrar a melhor imagem a ser filmada. Não uma imagem perfeita, mas uma imagem possível. ___________________________________________________________

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sexta-feira, novembro 09, 2007

Eles merecem

A persistência é uma qualidade que eu admiro. Acho que quem batalha muito por seus objetivos merece alcançar todos eles. Por isso, faço questão de admitir minha derrota pra New Line Cinema. Eu não tinha a menor vontade de ver a tal Bússola de Ouro, mas após ter visto hoje pela céntesima vez o trailer do filme eu faço uma promessa pra New Line: eu verei o filme, juro, desde que vocês parem de exibir o trailer. Não aguento mais a canastrice da menina Dakota Blue e a cara de andróide da Nicole Kidman. Por Favor! ___________________________________________________________

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terça-feira, novembro 06, 2007

Canções de Amor

(Christophe Honoré, 2007)

Canções de Amor é ainda mais lindo e melhor resolvido que o filme anterior do Honoré, Em Paris. Contudo, se você relevar o fato de que fazer um musical hoje em dia – cujo enredo é sobre um menino, envolvido com duas meninas, que depois acha a felicidade com outro menino – é por si só um ato de ousadia, talvez fique a sensação de um filme aquém de suas próprias possibilidades. Isso porque embora Honoré filme o ménage à trois com carinho e sem julgamento, ele o faz com certa distância, evitando os aspectos emocionais e sexuais mais intensos duma relação assim. Felizmente, há uma proximidade maior na câmera do diretor quando Louis Garrel se envolve com o outro rapaz. Ainda assim, o cineasta corta o filme no final feliz, antes de explorar mais desdobramentos dessa relação.

Dito isso, é importante reconhecer que Honoré evoluiu em relação ao Em Paris. Aqui ele equilibra melhor a melancolia de seus personagens com a vontade de fazer um filme nem um pouco naturalista. Dessa mistura ele cria belos momentos (talvez Honoré seja um cineasta de grandes cenas, não grandes filmes): os números musicais nada espetaculares, todas as cenas de Garrel com a família da Ludivine Sagnier, sua generosidade (calculada) ao filmar seres humanos tentando trepar e amar sem medo de errar. Ainda não sei se Honoré é gênio ou picareta, mas aguardo seus próximos filmes entusiasmado. ___________________________________________________________

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segunda-feira, novembro 05, 2007

Em Paris

(Christophe Honoré, 2006)

É um filme irregular: quando erra é muito ruim; quando acerta é muito bom. Quase tudo que não funciona envolve o personagem de Louis Garrel, que parece estar num outro filme. Na verdade, ele sabe que está num filme e quase todas as suas proezas só são possíveis na terra mágica dum cinema que quer ser tão fofinho quanto o pior Truffaut. Mas há outras coisas muito mais bonitas e interessantes neste Em Paris. É um filme que começa forte, com o fim dum relacionamento amoroso mostrado em elipses que registram a deterioração do casal sem jamais explicá-la.

Essa separação tem conseqüências fortes no personagem de Romain Duris (no filme, irmão do Garrel) e Em Paris passa a ser também sobre como sua família problemática reage a sua depressão. Embora o filme se torne aparentemente mais linear nesta segunda parte, com a ação transcorrendo no período de um dia, ele apenas repete de maneira mais ampla o procedimento da primeira parte. Ou seja, o drama emocional e familiar continua sendo filmado em momentos, vários muito expressivos. Seja a visita da mãe, a leitura do livro infantil, o flash-back da ponte, etc. Um desses momentos – a canção durante o telefonema – além de especial, antecipa o filme seguinte de Honoré, Canções de Amor, ainda mais belo que este Em Paris.
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domingo, novembro 04, 2007

Paranoid Park

(Gus Van Sant, 2007)

“O que é a idade, a passagem do tempo, senão aquilo que fica inscrito nos rostos?” – Serge Daney, A Rampa

Paranoid Park é um filme de transição – de Gus Van Sant buscando novos caminhos pro seu cinema após a aclamação de sua “trilogia da morte”: Gerry, Elefante, Últimos Dias. Bem adequado então que o protagonista Alex seja um skatista na adolescência, fase em que a transição é regra. Van Sant repete aqui procedimentos já vistos nos filmes supracitados, como corpos em movimentos, ausência de relações de causa-efeito. Mas ele também se arrisca e cria coisas novas, como imagens super-8 que colocam a gente a bordo dos skates em suas manobras radicais, enquanto a mixagem de som atinge novos níveis de experimentação.

Entretanto, a inovação mais importante é que dessa vez Van Sant não quis apenas filmar um personagem sem fazer julgamentos óbvios; agora ele quer escutá-lo. Daí que Paranoid Park é um relato subjetivo dirigido ao público, ainda que a gente só se dá conta disso no fim. Alex, o skatista, escreve sua versão dos fatos, Van Sant filma eles. Quando Alex termina de escrever, fim do filme. Nem tudo que Van Sant faz dá certo, mas Paranoid Park nos deixa ansiosos pela pós- adolescência do cineasta. ___________________________________________________________

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sábado, novembro 03, 2007

Cada Um Com Seu Cinema

(diversos, 2007)

Trata-se dum filme de episódios feito pra comemorar os 60 anos de Cannes. A única restrição que os diretores de cada episódio receberam foi de que seus curtas deveriam ter como tema o cinema. Pois bem, analisando o filme como um todo, chega-se a conclusão que o cinema vai mal: o destes senhores (a maioria dos diretores tem idade considerável) e do resto do mundo. Belo presente de aniversário pra Cannes!

É decepcionante ver tanta gente (alguns até bem talentosos) ceder a tantos lugares-comuns: sexo no escurinho, cegos no cinema, pessoas entrando dentro do filme (estilo Rosa Púrpura do Cairo), etc. Desses clichês, o que mais chamou a atenção de mim - e de outras pessoas - foram as salas desertas, quase uma regra em todos os curtas. É muito significativo que o última curta, de Ken Loach, sobre pai e filho na fila do cinema termine com a dulpa desistindo de ver um filme pra assistir um jogo de futebol. Já o curta de Croneberg (um dos melhor encenados) prevê um futuro sombrio em que o último judeu vivo vai se matar no último cinema - o curta termina de maneira ambigua, sem revelar se o judeu se matou.

Por isso, os poucos curtas que realmente gostei são aqueles que (com exceção do Cronenberg) preferiram apostar na sobrevivência do Cinema (ou de seu cinema) e na presença do espectador, seja lá de que forma. Por exemplo, os episódios de Manoel de Oliveira e Elia Suleimann são excelentes. Além disso, fiquei muito surpreso com a fé dos irmãos Coen de que o cinema pode se comunicar com qualquer pessoa. Assim como já era de se esperar a generosidade do ótimo curta de Nanni Moretti, pregando a possibilidade de qualquer tipo de cinema. Ou seja, enquanto uns temem o futuro, outros estão prontos pra abraçá-lo. Realmente, cada um com seu cinema. ___________________________________________________________

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sexta-feira, novembro 02, 2007

Prêmio Jairo Ferreira da Mostra SP

Nota publicada no Cinequablog. Pra conhecer o blog, clique aqui. Pra visitar o Cinequanon, clique aqui.

Le voyage du ballon rouge e I´m not there vencem prêmio Jairo Ferreira da crítica independente e Questão Humana ganha prêmio da crítica da Mostra

Os críticos dos site Cinequanon, Cinética, Contracampo e da Revista Paisá deram o Prêmio Jairo Ferreira da 31ª Mostra para os filmes Le voyage du ballon rouge de Hou Hsiao-Hsien e I´m not there de Todd Haynes. Em terceiro lugar na votação que reuniu cerca de 20 críticos ficou A Questão Humana de Nicolas Klotz, em quarto En la Ciudad de Sylvia de José Luis Guerín e em quinto Paranoid Park de Gus Van Sant. Questão Humana de Nicolas Klotz ganhou também o prêmio da crítica oficial como melhor filme da Mostra.
Cesar Zamberlan ___________________________________________________________

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Sukiyaki Western Django

"(...) Miike flerta e depois casa com Kill Bill, mas sem jamais atingir a mesma graça, interesse dramático ou estético (...)"

Crítica publicada no blog da Revista Paisà, só que esqueci de linkar daqui pra lá (foi mal Sérgio!). Antes tarde do que nunca. Sukiyaki não é nem de longe uma catástrofe, mas foi minha maior decepção durante esta Mostra. Pra conhecer o blog da Paisà, clique aqui.
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quinta-feira, novembro 01, 2007

31ª Mostra Internacional de Cinema (Balanço Final)

Ok, não vou postar a lista completa dos filmes vistos nesta Mostra porque é uma tarefa ingrata. Pensa que é fácil alinhar essas estrelinhas vermelhas no post? A coluna lateral do blog está aí pra isso mesmo. Portanto, fiquem só com meu Top 10 (o que é muito mais interessante), além de outras categorias especiais...

Os cinco primeiros são obras-primas:

1º En La Ciudad de Sylvia (José Luis Guerín, 2007)
2º I’m Not There (Todd Haynes, 2007)
3º Le Voyage du Ballon Rouge (Hou Hsiao-Hsien, 2007)
4º Go Go Tales (Abel Ferrara, 2007)
5º Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto (Sidney Lumet, 2007)

Já estes são “apenas” excelentes (três estrelas):

6º Redacted (Brian De Palma, 2007)
7º Império dos Sonhos (David Lynch, 2006)
8º Paranoid Park (Gus Van Sant, 2007)
9º Senhores do Crime (David Cronenberg, 2007)
10º Inútil (Jia Zhang-Ke, 2007)
11º Não Toque no Machado (Jacques Rivette, 2007)
12º Glória ao Cineasta! (Takeshi Kitano, 2007)

Importante observar que Cristóvão Colombo do Manoel de Oliveira não está na lista porque ele perdeu sua força comigo com o passar do tempo, caindo de três pra duas estrelas. Enquanto isso Não Toque no Machado do Rivette só cresceu na minha mente e ganhou uma estrela a mais.

Quanto aos atores, procurei lembrar apenas dos protagonistas, caso contrário eu não conseguiria terminar este post.

Melhor Ator

1º Mathieu Amalric, por A Questão Humana
2º Willem Dafoe, por Go Go Tales
3º Viggo Mortensen, por Senhores do Crime
4º Guillaume Depardieu, por Não Toque no Machado
5º Philip Seymour Hoffman, por Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto
6º Takeshi Kitano, por Glória ao Cineasta!

Melhor Atriz

1º Todo o elenco feminino de En La Ciudad de Sylvia
2º Juliette Binoche, por Le Voyage du Ballon Rouge
3º Laura Dern, por Império dos Sonhos
4º Cate Blanchett por I’m Not There
5º Analia Couceyro, por O Passado
6º Jeanne Balibar, por Não Toque no Machado

Decidir quais foram os melhores momentos dos filmes vistos na Mostra é um tarefa complicada porque há filmes com dezenas de cenas que merecem ser lembradas, enquanto outros têm seqüências tão interligadas que fica difícil separar um momento isolado (como Império dos Sonhos ou I’m Not There). Por isso a lista abaixo é assumidamente imperfeita.

Melhor Cena ou Seqüência

1º O escritor observa as mulheres no café (En La Ciudad de Sylvia)
2º O monólogo final de Willem Dafoe (Go Go Tales)
3º O afinador de piano (Le Voyage du Ballon Rouge)
4º Viggo Mortensen enfrenta dois assassinos numa sauna (Senhores do Crime)
5º A duquesa é seqüestrada (Não Toque no Machado)
6º “Vocês querem ouvir uma história de guerra?” (Redacted)

Pra concluir, continuem de olho na coluna lateral do blog porque vou continuar vendo filmes da Mostra durante a repescagem. Também vou rever os filmes mais importantes e aproveitar a calmaria pra escrever críticas mais extensas sobre eles. Aguardem! ___________________________________________________________

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OUTUBRO

Filmes no Cinema

Piaf - Um Hino ao Amor (Olivier Dahan, 2007)
Stardust - O Mistério da Estrela (Matthew Vaughn, 2007)
Tropa de Elite (José Padilha, 2007)

Amanhã ou ainda hoje faço um ranking especial só com os filmes da Mostra. Inclusive estou pensando em acrescentar categorias como Melhor Ator da Mostra, Melhor Atriz, Melhor Cena, etc. ___________________________________________________________

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