segunda-feira, setembro 25, 2006

Filme do Mal.Com

Mate, mas não estupre

É difícil opinar sobre Menina Má.Com. Não nego a eficiência das cenas de suspense ou do elenco (embora as frases de efeito de Ellen Page incomodem). Há momentos de bom cinema: a cena de tortura brinca com a imaginação do público e de um personagem. Mas questiono onde o diretor Slade quer chegar com sua menina que tortura o pedófilo. Se queria mostrar que justiça com as próprias mãos é tão terrível quanto pedofilia, falhou feio.

Pois, embora retrate a garota como perturbada, Slade compra totalmente sua forma de justiça. Aos poucos o pedófilo confirma as suspeitas: é tarado e assassino. Assim assume sua vilania enquanto a menina se torna uma anti-heróina problemática. Ou entendi mal e o filme defende mesmo o olho por olho. Porém, já vi filmes reacionários mais honestos. Seja como for, Menina Má.Com é intrigante, ainda que desagradável. É um mérito.

Menina Má.Com (David Slade, 2006 ) = 4,5 (pede revisão)
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domingo, setembro 24, 2006

Dois trailers

O prêmio de trailer mais simpático da temporada vai pra Uma Noite no Museu. Não sei quem é o diretor, mas Ben Stiller, Carla Cugino, Robbin Willians e Owen Wilson prometem diversão de primeira. Resta saber se o filme segura uma premissa tão inusitada ou estica uma piada só por duas horas.

Enquanto isso, o prêmio de mais antipático com certeza vai pra Efeito Borboleta 2. Nas primeiras cinco vezes em que vi o trailer tive dor de cabeça e sangramento nasal. Nas outras 17 fui mais esperto: fiquei de olhos fechados, esperando o coisa ruim acabar. Será que alguém se arrisca a ver esse troço quando ele estrear?
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terça-feira, setembro 19, 2006

NIP/TUCK


Christian e Sean: preparados pra tudo?

Na última terça-feira estreou a terceira temporada de Nip/Tuck, seriado sobre dois cirurgiões plásticos. Atualmente parecem cada vez mais raros filmes tão ricos em detalhes quanto seriados assim. Quer uma prova? Tá meio atrasada esta análise (como minha vida), mas vamos aos destaques do episódio:

- Começa com Sean entrando no apartamento onde Christian foi atacado pelo Talhador. O policial pergunta "você está preparado para isso?". Christian foi morto pelo Talhador.
- Corta pro funeral de Christian, onde os personagens principais se despedem dele. Então descobrimos que é um pesadelo de Christian, que sobreviveu ao ataque, mas foi estuprado pelo Talhador.
- Na primeira aparição de Julia no episódio, ela está tendo um orgasmo com o namorado. Ela geme algo que soa como "Sean"...
- A montagem paralela, Julia pedindo divórcio a Sean, Christian pedindo Kimber em casamento.
- Christian, vestido de preto, conhece o Dr. Quentin Costa, vestido de branco. Durante a conversa Costa examina os ferimentos de Christian feitos pelo Talhador. A cena parece um flerte gay. O que tudo isso implicará a longo prazo só vendo a temporada.
- Sean tenta ajudar uma mulher obesa. A pele dela grudou no sofá onde permaneceu sentada nos últimos anos vendo TV. É uma corajosa crítica ao público passivo da televisão.
- A mulher morre durante a cirurgia e dessa vez temos uma cena de funeral real. Ocorre uma discussão sobre quem ficará com o sofá dela. A câmera corta pro sofá da casa de Christian...
- Ele está sendo interrogado pela detetive investigando o Talhador. Rapidamente os dois vão pra cama e são interrompidos por Kimber, que acaba se juntando a dupla...
- O episódio termina com Sean finalmente assinando o divórcio. Durante toda a conversa com Julia, a caneta está sempre está em primeiro plano na câmera.
- Após Sean ir embora, a filha do casal pergunta pra Julia: "você está preparada para isso?", fechando o ciclo do episódio. A pergunta também está sendo feita ao espectador.

Que excelente maneira de começar uma temporada! Deixa a gente acreditando que tudo é possível em Nip/Tuck. Sinceramente não dá pra entender por que a Fox parece querer sabotar essa série de qualidade e sucesso. As reprises só passam no mesmo dia (quarta-feira) durante a madrugada. Fim de semana nem pensar. Inexplicável.
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segunda-feira, setembro 11, 2006

Aconteceu assim. Jura?


Alguém precisa me explicar o que Vôo United 93 tem de especial. Ele é um longo episódio de Linha Direta filmado por um operador de câmera com Mal de Parkinson. Mas não achei um lixo completo. Há qualidades interessantes. A mais importante: o filme evita transformar esses personagens e essa história em símbolos de uma causa. Não há patriotada contra terroristas ou esquerdismos contra Bush.

Apenas há um registro semidocumental (seco e sóbrio) dos fatos, segundo Greengrass, daquele dia. E pelo que li na web há um alívio que o filme seja assim, sem excessos e maniqueísmos. Ou seja, o contrário do próximo Oliver Stone, cujo trailer anuncia uma catástrofe. Mas desde quando ser melhor que Stone é mérito tão grande assim? Isso qualquer um consegue.

O problema do filme é que ele se satisfaz em ser a reconstituição de um crime. Não é uma obra instigante, que nos força a tentar achar um sentido. Mesmo que essa tentativa esteja condenada ao fracasso (como em Elefante, um filme sobre outro tipo de terrorismo suicida). Na maior parte do tempo ele quer ser apenas um relato seguro e fechado, sem vôos maiores. Pra mim isso é pouco. Ademais, tenho problemas com filmes em que a câmera não filma o que está na frente dela. Os últimos 15 minutos são quase incompreensíveis.

Vôo United 93 (Paul Greengrass, 2006) = 3,5
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domingo, setembro 10, 2006

O Ministério da Saúde adverte

ver Maria Sharapova em ação faz mal a saúde.

Ontem passei mal o dia inteiro. Tive febre, dores no estômago, enjôo. Não fui ao cinema e mesmo em casa não tive disposição pra ver dvd. Passei o dia dormindo ou zapeando pela tv. À noite, apesar de não curtir tênis, assisti a final do US Open. Afinal, era um espetáculo de beleza cinematográfica sem igual. Contudo, durante a partida meu estado piorou. Minha febre aumentou e, quando Sharapova ganhou o jogo, passei a delirar. Comecei a acreditar que era aquele privilegiado caneco, abraçado e beijado pela russinha. Por isso no futuro tomarei cuidado para não assistir tênis doente. Está comprovado que Sharapova aumenta a temperatura corporal e provoca alucinações.


OBS: este é meu post número 100!
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quinta-feira, setembro 07, 2006

Balanço de Reinventando a Política

Só tive tempo para ver dois filmes na mostra Reinventando a Política. A Comédia do Poder é o melhor Chabrol em muito tempo. Ainda mais se você acha que o mestre não arriscou nada em seus últimos trabalhos (no que concordo parcialmente). Aqui, o escândalo político e financeiro investigado pela juíza Jeanne (Isabelle Huppert) é uma Macguffin. Chabrol prefere filmar como mudam as vidas de cada envolvido. Nesse sentido, é exemplar a cena de reencontro no hospital entre a juíza e o primeiro detido.

A própria juíza é fascinante porque ela talvez seja a personagem mais idealista da filmografia de Chabrol. Mas um idealismo sóbrio, pois o filme não chega a ser otimista. Há mais elementos interessantes. A câmera de Chabrol que se aproxima e se afasta, os planos-seqüência, etc. Não é um filme que desperta paixões, mas exige atenção. É até possível que numa revisão eu aumente a nota. Já A Esquiva foi um tédio. O filme se passa no subúrbio parisiense. Os personagens são adolescentes argelinos e franceses "autênticos" que ensaiam uma peça de Marivaux pra escola.

A Esquiva tenta fazer uma ponte entre o humor de Marivaux e as confusões amorosas desses jovens. Só que não tem graça nenhuma. Os personagens não são interessantes, nem a história que vivem. Cinematograficamente falando é um filme bem pobre, em todos os sentidos possíveis dessa palavra. No máximo A Esquiva representa com algum grau de honestidade a juventude francesa. E a atriz principal daqui uns cinco ou dez anos talvez seja a próxima Ludivine Sagnier. Talvez.

A Comédia do Poder (Claude Chabrol, 2005) = 7,5
A Esquiva (Abdellatif Kechiche, 2004) = 3,5
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sexta-feira, setembro 01, 2006

AGOSTO (filmes vistos no cinema)


O melhor e o pior filme do mês estão em negrito.

Café da Manhã em Plutão (Neil Jordan, 2005) = 5,5
A Casa do Lago (Alejandro Agresti, 2006) = 7
Click (Frank Coraci, 2006) = 5,5
Lemming – Instinto Animal (Dominik Moll, 2005) = 3
Miami Vice (Michael Mann, 2006) = 9
Obrigado por Fumar (Jason Reitman, 2006) = 6,5
Pai e Filho (Alexander Sokurov, 2003) = 1
A Prova (John Madden, 2006) = 4
Terror em Silent Hill (Christophe Gans, 2006) = 6

Agosto foi o mês das surpresas, de filmes em que ninguém apostava nada. A Casa do Lago foi um deles. O argentino Alejandro Agresti foi beneficiado por um roteiro tão esperto quanto difícil de filmar. Até que se saiu bem filmando essa história de amor. Contudo, achei que faltou uma entrega maior ao sentimentalismo pro filmar tornar-se realmente marcante. Click é um passo atrás na carreira de Adam Sandler, mas é um passatempo legal.

Obrigado por Fumar é superestimado, mas é centenas de vezes melhor que um lixo como Senhor das Armas. Por último, Terror em Silent Hill é notável na criação de atmosferas. Sem esquecer os momentos apavorantes. Justamente o que falta em Lemming – Instinto Animal. Após esse filme fiquei com raiva de hamsters, lemmings, franceses e outros roedores. Pai e Filho é outro "filme-arte" entediante. Já Miami Vice é o tipo de filme que me deixa sem palavras. Por enquanto um dos melhores do ano.
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