sexta-feira, março 31, 2006

DIÁRIO & CURIOSIDADE


Voltei da viagem na terça-feira da semana passada. Porém, não postei nada porque estava com preguiça (tive alguns problemas também, que conto outro dia). Quando volto de uma viagem demoro pra voltar ao ritmo do dia a dia, quero prolongar meu descanso. Embora minha viagem pra Santos não tenha sido a passeio. Participei do WCCSETE’2006, um congresso científico internacional. Apresentei um trabalho de faculdade – revisto e aperfeiçoado pro congresso – com meus colegas Renata e Freitas (especialista em apertar enter no Power Point). O trabalho era sobre as mensagens subliminares do filme Chamas da Vingança. Não se trata de coisa do diabo ou algo assim. Faça a experiência: alugue Chamas da Vingança e veja o primeiro minuto em velocidade normal e depois veja frame a frame. Perceba a confusão da cena e o excesso de fusões (denominadas "fusões entrópicas" no trabalho). Repare como tudo isso está aí pra ocultar... bem, não vou estragar a surpresa.

A definição de subliminar, segundo o professor Flávio Calazans, é "maior quantidade de informação sobre menor tempo de exposição". Calazans foi meu professor durante a pós-graduação e é uma autoridade em subliminar. Ele também orientou este projeto quando ainda era trabalho de faculdade e concorda que este trecho de Chamas da Vingança entra na definição. Quem descobriu esse subliminar foi eu (como descobri é uma história engraçada que fica pra depois). Contudo devo ressaltar que sozinho jamais teria concluído o trabalho ou apresentado no Congresso. Tive a ajuda indispensável do Elson Freitas, Natália Parizotto, Renata Chiaradia e Sílvia Martinelli. Eles são tão autores quanto eu e é uma pena que nem todos dessa galera viajaram pra Santos.

Agora resta a pergunta: mensagens subliminares são mesmo capazes de influenciar a mente? É uma discussão polêmica mas, pessoalmente, acredito no poder delas. Entretanto, independente disso, o fato é que elas existem e são empregadas por empresas e agências de publicidade. Veja o filme e visite a página do Calazans pra saber mais a respeito do assunto. Clique aqui. ___________________________________________________________

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sábado, março 18, 2006

FILME: Garota da Vitrine


Garota da Vitrine (Shopgirl, 2005, de Anand Tucker) - 0

Encontros e Desencontros da Sofia Coppola faz escola. A Garota da Vitrine (Claire Danes) é recepcionista numa loja e artista plástica nas poucas horas vagas. Solitária, ela primeiro se envolve com um nerd (Jason Schwartzman, desperdiçado). Porém, o filme focaliza a relação dela com um ricaço (Steve Martin, lembrando Bill Murray em Encontros e Desencontros). Assim como no filme da Sofia, o casal tem uma afinidade inexplicável. Ou nem tanto, pois são pessoas perdidas na vida. Infelizmente o diretor Anand Tucker acredita que pra ser tocante basta mostrar atores olhando o vazio acompanhados de uma trilha melancólica interminável...

Além disso ele se mantém distante dos personagens. Seqüências de humor são constrangedoras. Momentos de ternura são filmados com uma incômoda câmera lenta. Cena de sexo pedem desculpas por existir. Resumindo, não há identificação com ninguém. Já seu modelo, Encontros e Desencontros, cria cumplicidade no espectador com uma câmera sempre próxima dos personagens. Igualmente as elipses nos deixam tão desorientados quanto Murray e Johansson, preservando ambigüidades nos sentimentos. Contudo, Garota da Vitrine usa a câmera e a narração em off pra impor o que devemos pensar ou sentir. Enfim, é um filme sobre emoções dirigido por um computador. Tucker (versão 2.0) cometeu o mesmo erro do personagem de Steve Martin: esqueceu a intimidade. ___________________________________________________________

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quinta-feira, março 16, 2006

OS ATRASADOS

Nos últimos dias estive ocupado terminando minha monografia pra faculdade. Ontem, finalmente entreguei suas 58 páginas. Pros curiosos, o assunto era a HQ Maus – A História de Um Sobrevivente. Pra quem não leu basta dizer que é, sem exagero, uma das maiores histórias em quadrinhos de todos os tempos. Bom, voltando ao assunto, O Negativo Queimado deixou de ser atualizado quase diariamente como eu costumava fazer.

Com isso deixei de escrever sobre diversos filmes, livros e quadrinhos. Isso quando arranjei tempo para ver filmes, ler livros, etc. Bom, resumindo, é muita coisa atrasada para escrever críticas de 1500 caracteres como costumo fazer. Também não quero escrever comentários de duas linhas. Por isso, segue abaixo apenas a cotação dos atrasados. Espero daqui pra frente atualizar o blog com mais freqüência.

FILMES


Elas Me Odeiam Mas Me Querem (She Hate Me, 2004, de Spike Lee,) - ***
Ritmo de Um Sonho (Hustle & Flow, 2005, de Craig Brewer) - *
O Segredo de Brokeback Mountain (Brokeback Mountain, 2005, de Ang Lee,) - ***
Sra. Henderson Apresenta (Mrs. Henderson Presents, 2005, de Stephen Frears) - *
Tale of Two Sisters (idem, 2003, de Kim Jee-Woon) - ***

LIVROS


A Sangue Frio (In Cold Blood, 1965, de Truman Capote) - ****

QUADRINHOS


Crise de Identidade # 1-7 (Identity Crisis # 1-7, 2004/2005, de Brad Meltzer e Rags Morales) - *** ___________________________________________________________

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quarta-feira, março 08, 2006

CURIOSIDADE


Recomendo o artigo Cinema em Casa, de Ricardo Matsumoto e Rodrigo Salem, da Revista Set de março. Geralmente essa revista serve pra divulgar o rosto bonito do mês. Ou falar do blockbuster da vez em dezenas de páginas de muita divulgação e pouco conteúdo. Entretanto, Cinema em Casa está acima da média da publicação.

O texto aborda como a TV (americana) atual não deve nada ao cinema (americano) em qualidade cinematográfica. Ao contrário, vários seriados são melhores que muitos filmes do cinemão. São 15 páginas citando dezenas de séries feitas – pelo menos algumas delas – com talento e inteligência. Incluindo: 24 Horas, Lost, Medium, Weeds, Supernatural, Prison Break, Scrubs, Família Soprano, Arrested Development, Veronica Mars e muito mais.

Segundo a matéria, esses programas são especiais em quesitos como direção, roteiro, elenco, humor inovador, violência, sexo, etc. Tais elementos estão sendo melhor trabalhados na telinha que na telona. Por exemplo, na Internet li críticos americanos reclamando do sexo "pouco ousado" de O Segredo de Brokeback Mountain. Esses críticos comparam o filme com episódios da terceira temporada (inédita no Brasil) de Nip/Tuck, contendo cenas homoeróticas masculinas mais atrevidas. Reparem que Nip/Tuck não é voltada pro público gay. Ou seja, a TV é mais corajosa que Hollywood.

Assim fica fácil concordar com Cinema em Casa. Contudo, falta ceticismo ao artigo (essa "nova TV" não é tão revolucionária). Até a revista eletrônica Contracampo teve edição mais relevante – embora menos ampla – sobre o assunto. Ao menos o texto importa como ponto de partida pra conhecer esses fenômenos televisivos. Por isso a leitura vale a pena. Caso você não queira desperdiçar dinheiro comprando a Set, faça como eu: pegue exemplar numa biblioteca. É grátis. ___________________________________________________________

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segunda-feira, março 06, 2006

TELEVISÃO: Hoje estréia LOST


Olhando a escotilha, Locke (E) e Jack. Fé e ciência.

A segunda temporada de LOST começa hoje. O seriado merece respeito por 4 motivos:

1) Narrativa incomum na TV, costurando presente e passado, construindo várias linhas temporais.
2) Personagens que (nem sempre) escapam de rótulos fáceis.
3) Público imenso e fiel, apesar dos itens 1 e 2.
4) Atmosfera tensa e (às vezes) assustadora.

A primeira temporada terminou com Jack, Kate, Hurley e Locke (louco) abrindo a escotilha. Enquanto isso as coisas acabaram ruins para os fugitivos da jangada. "Os outros" encurralaram o grupo e destruíram sua embarcação. Walt foi seqüestrado; Sawyer (aparentemente) morto; Michael e Jin abandonados em alto-mar.

Várias perguntas também ficaram sem resposta na primeira temporada. Felizmente os produtores prometeram explicar alguns mistérios nesta temporada. Não confio em produtores. Mas tenho altas expectativas.

LOST: segunda-feira, às 21h00 no AXN. ___________________________________________________________

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OSCAR 2006


"Crash!" – Jack Nicholson parecia ter um ataque cardíaco ao dizer a palavra que encerrou a premiação. No começo achei que o ator estava brincando. Afinal, O Segredo de Brokeback Mountain (o western gay que não é western gay) era favorito para Oscar de Melhor Filme. Pior, Crash é o filme mais odiado do ano passado pelos críticos e cinéfilos da blogosfera. Agora serei obrigado a vê-lo e tirar minhas conclusões. No fim O Segredo de Brokeback Mountain levou Melhor Diretor, Roteiro Adaptado e Trilha Sonora. Crash ainda abocanhou Montagem e Roteiro Original. Essa estranha divisão de carecas dourados deixou clima de homofobia no ar.

A cerimônia foi curta (acabou à 01:30) e sóbria. Até o apresentador John Stewart evitou grandes palhaçadas. Os momentos mais tocantes foram os discursos de Philip Seymour Hoffman e Reese Witherspoon, ganhadores do Oscar de Melhor Ator e Atriz. Ambos estava emocionados ao agradecerem colegas, amigos e parentes. As participações de Robert Altman e Lauren Bacall também destacaram-se, mas por motivos opostos. O primeiro estava empolgado, a segunda parecia doente e frágil.

O resto da noite foi previsível e sem importância. Nem as mulheres brilharam muito. As mais lindas foram Charlize Theron, Naomi Watts, Nicole Kidman e Rachel Weisz (aprendeu com o Globo de Ouro, hein?). Pro ano que vem estou pensando em desistir do Oscar. Para que acompanhar uma premiação que sistematicamente recusa-se a honrar os melhores, os ousados e os originais?

A lista completa dos vencedores você confere clicando aqui.
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